Os valores de Abril

No Pro­grama do PCP su­blinha-se que «a luta com ob­jec­tivos ime­di­atos e a luta por uma De­mo­cracia Avan­çada são parte cons­ti­tu­tiva da luta pelo so­ci­a­lismo». Sub­ja­cente ao ob­jec­tivo su­premo da cons­trução de uma so­ci­e­dade sem ex­plo­ra­dores nem ex­plo­rados, o So­ci­a­lismo e o Co­mu­nismo, à causa da eman­ci­pação so­cial e na­ci­onal do povo por­tu­guês e dos povos de todo o mundo, a po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda cons­titui, por­tanto, a pro­posta para res­ponder aos de­sa­fios do ac­tual con­texto e é parte da con­quista de uma De­mo­cracia Avan­çada ins­pi­rada nos va­lores de Abril que o Par­tido apre­senta para a ac­tual etapa.

As­so­ciar o fu­turo de Por­tugal aos va­lores de Abril e estes como ins­pi­ra­dores de uma ori­en­tação go­ver­na­tiva trans­for­ma­dora da re­a­li­dade é tanto mais acu­ti­lante quanto é um facto, também ex­presso no Pro­grama do PCP, que Abril foi uma Re­vo­lução ina­ca­bada.

O pro­cesso de rup­tura e mu­dança ne­ces­sário tem, por isso, de travar a erosão contra-re­vo­lu­ci­o­nária das con­quistas de Abril, re­e­fec­tivar as suas aqui­si­ções his­tó­ricas e in­verter o que também no Pro­grama do PCP desde há muito se as­si­nala como «a adopção, como opção es­tra­té­gica, de li­mi­ta­ções à so­be­rania e à in­de­pen­dência na­ci­o­nais». Bem como aban­donar ori­en­ta­ções que nos acor­rentam «ao sis­tema ca­pi­ta­lista in­ter­na­ci­onal», e a de­ci­sões que nos do­mí­nios da in­te­gração de Por­tugal na CEE/​UE, da par­ti­ci­pação do País em ou­tras or­ga­ni­za­ções in­ter­na­ci­o­nais, as­so­ciam o País à in­ge­rência e guerra im­pe­ri­a­listas.

A po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda não es­go­tando muitos dos ob­jec­tivos da De­mo­cracia Avan­çada que pre­ten­demos, abre ca­minho e as con­di­ções à sua con­cre­ti­zação.

 

 



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As­sumir uma po­lí­tica so­be­rana e afirmar o pri­mado dos in­te­resses na­ci­o­nais é um dos eixos cen­trais da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que o PCP propõe para o País. A ele foi de­di­cada a úl­tima das seis se­manas da acção na­ci­onal que o Par­tido lançou sob o lema «A força do povo, por um Por­tugal com fu­turo», cujo en­cer­ra­mento de­corre no pró­ximo sá­bado, 13, às 15h00, no Hotel Altis, em Lisboa.
So­be­rania e in­de­pen­dência que es­ti­veram em des­taque na sessão ocor­rida sexta-feira, 5, na qual par­ti­ci­param di­ri­gentes do PCP, entre os quais o seu Se­cre­tário-geral, Je­ró­nimo de Sousa, e
di­fe­rentes per­so­na­li­dades, e de cujo con­teúdo damos nota nestas pá­ginas como parte da ex­pla­nação das raízes, con­texto, ob­jec­tivos e forças para a al­ter­na­tiva que é, si­mul­ta­ne­a­mente, um im­pe­ra­tivo na­ci­onal, uma exi­gência que cor­res­ponde às as­pi­ra­ções dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês e uma pri­o­ri­dade que o PCP toma em mãos.

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