Pela Paz!

Pedro Guerreiro

De­sen­volve-se a nova es­ca­lada be­li­cista

A luta pela paz, contra as guerras im­pe­ri­a­listas, em de­fesa dos di­reitos dos povos e pela so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais, (re)as­sume, na ac­tu­a­li­dade, uma im­por­tância cru­cial.

A evo­lução da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal tem co­lo­cado em evi­dência que, com o apro­fun­da­mento da crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo e o de­clínio re­la­tivo (com par­ti­cular re­le­vância no campo eco­nó­mico) das grandes po­tên­cias im­pe­ri­a­listas, os EUA, a UE e o Japão res­pondem (numa re­lação onde estão pre­sentes a con­cer­tação e a ri­va­li­dade) com o in­cre­mento da in­ge­rência e da guerra (nas suas múl­ti­plas di­men­sões: ide­o­ló­gica, po­lí­tica, di­plo­má­tica, eco­nó­mica, mi­litar), numa es­ca­lada que, a não ser tra­vada, co­lo­cará os povos do mundo pe­rante a ameaça de uma guerra de grandes pro­por­ções.

 

Num quadro em que con­ti­nuam a re­pressão contra os co­mu­nistas, os de­mo­cratas e os an­ti­fas­cistas e a guerra contra as po­pu­la­ções das Re­pú­blicas Po­pu­lares de Do­nestk e de Lu­gansk que re­sistem, a de­cisão do poder gol­pista ins­ta­lado em Kiev de pôr fim ao es­ta­tuto de país não-ali­nhado, com o in­tuito de in­te­grar a Ucrânia na NATO – trans­for­mando este país num ins­tru­mento de per­ma­nente tensão contra a Fe­de­ração Russa –, é o mais re­cente e pro­vo­ca­tório epi­sódio do avanço dos EUA/​NATO/​UE no Leste da Eu­ropa.

Na Síria e no Iraque de­sen­volve-se a nova es­ca­lada be­li­cista li­de­rada pelos EUA – com o apoio dos seus ali­ados da NATO e na re­gião – que, ins­tru­men­ta­li­zando a acção ter­ro­rista do grupo de­no­mi­nado «Es­tado Is­lâ­mico», pro­cura pros­se­guir no seu plano de do­mínio do Médio Ori­ente. Plano no qual Is­rael si­o­nista re­pre­senta um papel cen­tral com a sua per­ma­nente agressão e ocu­pação de ter­ri­tó­rios da Pa­les­tina, mas também da Síria e do Lí­bano.

Se o be­li­cismo im­pe­ri­a­lista se faz sentir ac­tu­al­mente e de forma mais vi­sível e dra­má­tica nestas duas re­giões, isso não sig­ni­fica que a sua acção de in­ge­rência e agres­siva – que re­corre cada vez a grupos de cariz fas­cista – não es­tejam pre­sentes e, caso te­nham con­di­ções, não ve­nham a eclodir de um modo mais grave nou­tros pontos do mundo, seja na Amé­rica La­tina e Ca­raíbas, seja na Ásia ou em África.

 

Como a his­tória do Sé­culo XX e a ac­tual re­a­li­dade de­mons­tram, a opo­sição à in­ge­rência e às agres­sões im­pe­ri­a­listas e a so­li­da­ri­e­dade com os povos em luta em de­fesa da sua so­be­rania e dos es­tados em de­fesa da sua in­de­pen­dência são parte in­te­grante e es­sen­cial da luta mais geral dos tra­ba­lha­dores e dos povos pela sua eman­ci­pação so­cial e na­ci­onal, cons­ti­tuindo um ele­mento es­sen­cial para a con­ver­gência, uni­dade e re­forço das forças anti-im­pe­ri­a­listas e para a am­pli­ação da to­mada de cons­ci­ência da ne­ces­si­dade e, con­se­quen­te­mente, da cri­ação das con­di­ções para o avanço de pro­cessos pro­gres­sistas e re­vo­lu­ci­o­ná­rios.

Será com os im­por­tantes en­si­na­mentos da ex­pe­ri­ência his­tó­rica de luta, in­ter­vindo na re­a­li­dade ac­tual e apon­tando o fu­turo que em 2015 se as­si­na­lará, entre ou­tros im­por­tantes mo­mentos, os 70 anos do lan­ça­mento pelos EUA das bombas ató­micas sobre Hi­roshima e Na­ga­saki, os 65 anos do início da agressão dos EUA à Co­reia ou os 40 anos da in­vasão de Timor Leste pela in­do­nésia com o apoio dos EUA. Mas também em que se co­me­mo­rará os 70 anos da Vi­tória sobre o nazi-fas­cismo, os 40 anos da Vi­tória do povo vi­et­na­mita sobre a agressão norte-ame­ri­cana ou os 40 anos da pro­cla­mação da in­de­pen­dência da Re­pú­blica Po­pular de An­gola e da Re­pú­blica Po­pular de Mo­çam­bique.

 

Momentos e vi­tó­rias que evi­den­ciam que um povo cons­ci­ente e de­ter­mi­nado na jus­teza da causa da sua luta não se deixa vencer, assim como a im­por­tância e ac­tu­a­li­dade da so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista com os povos em luta contra o im­pe­ri­a­lismo e em de­fesa dos seus di­reitos, in­te­resses e as­pi­ra­ções, pela so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais, contra a ex­plo­ração e a opressão, por trans­for­ma­ções anti-mo­no­po­listas e anti-im­pe­ri­a­listas, pelo so­ci­a­lismo.



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