PCP homenageia Pedro Soares

Exemplo para a luta que continua

O PCP as­si­nalou o cen­te­nário do nas­ci­mento do seu des­ta­cado mi­li­tante e di­ri­gente Pedro So­ares com uma sessão pú­blica re­a­li­zada no dia 15, que en­cheu por com­pleto o salão da Casa do Alen­tejo, em Lisboa.

Pedro So­ares es­creveu a pri­meira bro­chura sobre o Tar­rafal

A vida de Pedro So­ares e da sua com­pa­nheira Maria Luísa Costa Dias são «exem­plos de de­di­cação, de co­ragem, de en­trega à causa dos tra­ba­lha­dores e do povo que nos honram e que que­remos guardar para sempre como pa­tri­mónio da nossa luta co­lec­tiva», afirmou Je­ró­nimo de Sousa no final do dis­curso que pro­feriu no en­cer­ra­mento da sessão evo­ca­tiva do cen­te­nário do nas­ci­mento deste des­ta­cado di­ri­gente co­mu­nista e re­sis­tente an­ti­fas­cista. Ao longo da sua in­ter­venção, o Se­cre­tário-geral do Par­tido des­tacou as cinco pri­sões so­fridas por Pedro So­ares, os 12 anos pas­sados en­car­ce­rado (sete dos quais no Tar­rafal), as duas fugas bem su­ce­didas, as tor­turas que so­freu e que nunca o ver­garam, as múl­ti­plas e va­ri­adas ta­refas que de­sem­pe­nhou, em Por­tugal e no es­tran­geiro, e – o que ex­plica o que atrás se des­creveu – «a sua gran­deza de ca­rácter, o es­pí­rito de luta e de sa­cri­fício e a con­fi­ança nos seus ca­ma­radas e no pro­jecto li­ber­tador do seu Par­tido e no ideal co­mu­nista» que sempre re­velou.

Je­ró­nimo de Sousa lem­brou ainda Pedro So­ares como um homem «culto e es­tu­dioso, apai­xo­nado pela His­tória e pela Fi­lo­sofia, par­ti­cu­lar­mente a His­tória de Por­tugal, a his­tória do mo­vi­mento ope­rário por­tu­guês e do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês». Para além dos textos agora pu­bli­cados pela Edi­to­rial Avante!, «Es­critos Po­lí­ticos», Pedro So­ares es­creveu muitos ar­tigos e en­saios nunca edi­tados, su­bli­nhou o di­ri­gente do PCP.

Je­ró­nimo de Sousa lem­brou ainda, pela im­por­tância que teve na vida do ho­me­na­geado, a sua com­pa­nheira, Maria Luísa Costa Dias, ela pró­pria «uma das mais dignas re­pre­sen­tantes das mu­lheres an­ti­fas­cistas por­tu­guesas». Fa­leceu jun­ta­mente com o com­pa­nheiro, em Maio de 1975.

Viver de pé

Antes da in­ter­venção do Se­cre­tário-geral do Par­tido, foi inau­gu­rada uma ex­po­sição evo­ca­tiva do cen­te­nário do nas­ci­mento de Pedro So­ares, pa­tente no átrio da Casa do Alen­tejo. Vi­si­tando-a fica-se a co­nhecer a di­mensão hu­mana, po­lí­tica e mi­li­tante de Pedro So­ares e a de­di­cação ao Par­tido que man­teve até ao fim – pre­ci­pi­tado – da sua vida. A vi­o­lência do fas­cismo, através dos seus ins­tru­mentos re­pres­sivos, fica também evi­dente nos pai­néis da ex­po­sição.

Da evo­cação constou ainda o lan­ça­mento de «Es­critos Po­lí­ticos», que reúne três obras de Pedro So­ares: «Tar­rafal, Campo da Morte Lenta», «Bento Gon­çalves, Or­ga­ni­zador do Par­tido» e «Her­deiros e Con­ti­nu­a­dores do Anar­quismo». Apre­sen­tando o livro e cada um dos textos que o com­põem, Rui Mota, das Edi­ções Avante!, su­bli­nhou a sua «ac­tu­a­li­dade e im­por­tância» que, as­so­ci­adas à efe­mé­ride, jus­ti­ficam por com­pleto a edição.

Se o pri­meiro dos textos re­lata a ex­pe­ri­ência de Pedro So­ares – e muitos ou­tros presos po­lí­ticos – no Campo de Con­cen­tração do Tar­rafal e cons­ti­tuiu um apelo à mo­bi­li­zação para a luta contra a sua exis­tência, o se­gundo (edi­tado clan­des­ti­na­mente em 1971) parte da fi­gura do ope­rário ar­se­na­lista Bento Gon­çalves para abordar a pró­pria his­tória do Par­tido. O de­sen­vol­vi­meto da luta sin­dical e de im­por­tantes lutas eco­nó­micas, a cri­ação da Co­missão Inter-Sin­dical e o 18 de Ja­neiro de 1934 são ques­tões apro­fun­dadas neste texto. Quanto ao ter­ceiro e úl­timo dos ar­tigos pu­bli­cados, é tra­çada uma linha de con­ti­nui­dade entre os anar­quistas da dé­cada de 30 e os ra­di­cais pe­queno-bur­gueses dos anos 70.

O pro­grama da sessão ficou pre­en­chido com a mú­sica vinda do Alen­tejo, terra natal de Pedro So­ares, com as ac­tu­a­ções do Coro Alen­te­jano da Ama­dora e de Luísa Basto – ela pró­pria uma filha do Alen­tejo que, em muitas das suas can­ções, canta a be­leza da re­gião que a viu nascer e a te­na­ci­dade das suas gentes. O «Hino dos Mi­neiros» e «De pé, ó Com­pa­nheiro» foram al­guns dos temas que mais emo­ci­o­naram a pla­teia. 




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