Ouvir, esclarecer e lutar
A sessão pública «Não ao declínio nacional – soluções para o País», realizada pela Organização Regional do Porto no sábado, 14, em Vila Nova de Gaia, demonstrou a importância de saber ouvir e esclarecer.
Este é o povo que temos e é com ele que lutamos
Perante um Auditório Municipal repleto de homens e mulheres que pretendem a ruptura com a política de direita, foi discutida a necessidade de uma política alternativa para o País, a possibilidade de construir uma alternativa política e o caminho para chegar a ela.
Após uma intervenção inicial de Jerónimo de Sousa, realizada num tom predominantemente informal, foi passada a palavra a uma plateia que, durante cerca de 45 minutos, colocou questões e opiniões diversas e, em mais de uma ocasião, partilhou sentimentos de indignação e revolta em relação ao avolumar de injustiças a que assiste e à degradação das condições em que vive e que, não raras vezes, reafirmou a confiança que deposita no PCP. Como afirmou o Secretário-geral do Partido na sua intervenção final, onde lhe coube a difícil tarefa de responder a todas as questões levantadas, tomou-se «boa nota» da contribuição, da intervenção e da opinião de cada um dos intervenientes na sessão pública, que considerou «muito útil» e valorizou a «forma tão participada como decorreu».
Das inúmeras questões que foram suscitadas, uma das que assumiu um papel de destaque acabou por ser a que se prende com uma eventual ida do PCP para o governo «para fazer o quê e a que custo». Tal como afirmou Jerónimo de Sousa, o PCP é um partido que «não abdica da defesa do povo português» e que não considera que a escolha «do mal menor» seja solução para os problemas nacionais: «Mesmo em relação ao governo, nós consideramos fundamental [afirmar] que este Partido está em condições de assumir todas as responsabilidades que o povo português lhe entenda atribuir – não o PS, mas o povo português. Estamos em condições de participar no governo. Mas para fazer o quê? Para governar para quem? Para governar em nome dos interesses nacionais, para os trabalhadores e para o povo e não para a política de direita.»
Construir uma sociedade mais justa
Outro problema «de fundo» abordado foi o desemprego – flagelo que grassa no concelho de Vila Nova de Gaia. «Quais as soluções para ele? Nós consideramos que sem desenvolvimento económico, sem crescimento, sem investimento público – e, naturalmente, investimento privado – não há soluções para este problema. Só é possível criar mais postos de trabalho com outra política no campo económico, da indústria, da agricultura, das pescas.»
Para os que duvidam que Portugal tenha recursos para isso, Jerónimo de Sousa recordou que «temos um povo empobrecido, mas não somos um País pobre». Os recursos existem, garantiu, estão é a ser mal utilizados ou a ser entregues ao desbarato aos grupos económicos privados. Já no que respeita à dívida e à necessidade da sua renegociação, o dirigente comunista afirmou que há que assumir uma postura que não seja nem a posição «claudicante» do Governo nem a postura de menorização da sua relevância levada a cabo pelo PS. A solução, garantiu, passa por «juntar os países que têm este problema [da dívida] numa conferência inter-governamental» e apontar caminhos para a sua superação, para a renegociação.
O Secretário-geral do PCP guardou para o fim a resposta à intervenção de um dos participantes na sessão, que afirmou que o problema não residia naqueles que ali estavam reunidos, mas nos que estavam lá fora e que votavam nos partidos da política de direita. A esse propósito, Jerónimo de Sousa lembrou que o PCP teve sempre a opinião de que «este é o povo que temos e este é o povo a que pertencemos. É com ele, e não com outro, que levaremos a cabo a nossa luta, os nossos objectivos e o nosso ideal, na procura da construção de uma sociedade mais justa».