O todo poderoso capital
A predação do capital produtivo pelo capital bancário, resultado directo do desenvolvimento do capitalismo, tornou cativas das instituições de crédito praticamente todas as actividades económicas, independentemente da sua dimensão. As operações que geram esse fenómeno são várias e prendem-se com aspectos e dimensões diversos do capitalismo, estando, no entanto, a quase totalidade descrita e até mesmo prevista por Marx. Lenine, no seu estudo sobre a fase superior do capitalismo, aponta como natural a fusão entre o capital bancário e o capital produtivo (industrial), fusão que cria o designado capital financeiro, e que subordina o segundo ao primeiro com custos para a economia e com graves consequências na divisão internacional do trabalho e no equilíbrio económico e social.
A criação e crescimento de grupos de génese monopolista é uma das fases do desenvolvimento da organização capitalista. Pela sua própria natureza de acumulação, o capitalismo tende para o monopólio. Os grandes grupos económicos e financeiros constituem-se a escalas diversas como grupos monopolistas na medida em que a sua matriz é a da acumulação e o seu funcionamento o da canalização do crédito e do dinheiro em função estrita do seu interesse de maximização dos lucros. Dispõem assim da capacidade de condicionar os fluxos, as direcções e os sentidos do crédito, influenciando no concreto o desenvolvimento das forças produtivas, as opções económicas e políticas e o sucesso ou falhanço de uma determinada actividade. Pelo que a propriedade privada da banca significa colocar um tremendo poder político, económico e financeiro nas mãos dos accionistas da instituição bancária, poder esse que bule e se sobrepõe – em muitos casos já domina – ao exercício do poder político, em sentido contrário ao disposto na lei, principalmente na Constituição da República, onde se consagra que é o poder económico que se subordina ao poder político e não o inverso.