Orçamento do Estado para 2016

Sentido positivo não colmata insuficiências

O PCP con­si­dera que o Or­ça­mento do Es­tado para 2016 acolhe um «con­junto de me­didas» que con­cre­tizam a «po­sição con­junta» por si subs­crita com o PS, ad­ver­tindo porém que há nele «li­mi­ta­ções e in­su­fi­ci­ên­cias», de que é exemplo o agravar de im­postos in­di­rectos.

Há ele­mentos que, ainda que li­mi­tados, dão res­posta a pro­blemas ime­di­atos dos tra­ba­lha­dores e do povo

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A par de me­didas que re­sultam dessa «po­sição con­junta» as­su­mida pelos dois par­tidos o OE in­cor­pora também «pro­postas en­tre­tanto apre­sen­tadas pelo PCP», sa­li­entou o seu líder par­la­mentar, João Oli­veira, numa de­cla­ração pro­fe­rida sexta-feira pas­sada, 5, na AR, no pró­prio dia em que o do­cu­mento ali foi en­tregue, sem pos­si­bi­li­dade por con­se­guinte de uma apre­ci­ação global e in­te­gral ao seu con­teúdo.

Entre esse con­junto de me­didas que o in­te­gram e que não podem deixar de ser vistas como po­si­tivas está a re­dução das res­tri­ções à con­tra­tação na ad­mi­nis­tração pú­blica (em par­ti­cular na ad­mi­nis­tração local), en­ca­rada pelo de­pu­tado do PCP como um «pri­meiro passo para o com­bate à pre­ca­ri­e­dade na ad­mi­nis­tração pú­blica, que terá um prazo de seis meses para pro­ceder ao le­van­ta­mento das si­tu­a­ções pre­cá­rias.

O fim da isenção dos fundos imo­bi­liá­rios em sede de im­posto mu­ni­cipal de imó­veis, o au­mento da con­tri­buição do sector ban­cário, me­didas para uma mais justa tri­bu­tação dos lu­cros (no­me­a­da­mente com al­guma li­mi­tação de isen­ções fis­cais e re­dução do prazo para re­porte de pre­juízos), são duas ou­tras me­didas que constam do OE, tal como a in­tro­dução de de­du­ções fis­cais por filho ou as­cen­dentes em sede de IRS, o alar­ga­mento das de­du­ções para des­pesas (em saúde, edu­cação e por de­fi­ci­ência), a in­tro­dução da cláu­sula de sal­va­guarda do IMI, a con­tra­tação de mé­dicos de fa­mília em falta (com re­curso a mé­dicos apo­sen­tados), e a ga­rantia de con­tra­tação dos mé­dicos que não ti­veram vaga para aceder ao in­ter­nato mé­dico.

Avanços

Al­te­ra­ções de sen­tido po­si­tivo ve­ri­ficam-se ainda no plano da taxas mo­de­ra­doras, e na pos­si­bi­li­dade de con­tra­tação de dou­to­rados do sis­tema ci­en­tí­fico e tec­no­ló­gico na­ci­onal sem su­jeição a fa­se­a­mento, avançou João Oli­veira, que disse haver ainda um «con­junto de ou­tras ma­té­rias» re­la­ti­va­mente às quais – apesar de não ter sido pos­sível con­cre­tizar já na pro­posta de OE –, o Grupo Par­la­mentar do PCP pro­mete tra­ba­lhar para a sua con­cre­ti­zação na es­pe­ci­a­li­dade.

É o caso, no­me­a­da­mente, de ma­té­rias re­la­ci­o­nadas com o valor das pro­pinas, com a in­tro­dução da pro­gres­siva gra­tui­ti­dade dos ma­nuais es­co­lares, com as me­lho­rias do sub­sídio so­cial de de­sem­prego ou com a re­dução da taxa má­xima do IMI.

João Oli­veira não deixou igual­mente de fazer notar que o OE re­flecte uma série de ou­tras me­didas já pre­vistas na «po­sição con­junta do PS e do PCP sobre so­lução po­lí­tica», de­sig­na­da­mente a re­po­sição de sa­lá­rios na ad­mi­nis­tração pú­blica, a eli­mi­nação da so­bre­taxa de IRS, a re­po­sição dos com­ple­mentos de re­forma para os tra­ba­lha­dores do sector em­pre­sa­rial do Es­tado, o des­con­ge­la­mento das pen­sões ou o au­mento de pres­ta­ções so­ciais como o abono de fa­mília, o RSI, o com­ple­mento so­cial para idosos ou o sub­sídio por as­sis­tência a ter­ceira pessoa.

Re­gis­tando po­si­ti­va­mente a pre­sença destes ele­mentos no OE – «que podem ainda que li­mi­tados dar res­posta a pro­blemas ime­di­atos dos tra­ba­lha­dores e do povo», anotou –, João Oli­veira afirmou a dis­po­ni­bi­li­dade da sua ban­cada para con­ti­nuar a tra­ba­lhar «se­ri­a­mente e de forma em­pe­nhada para que o OE possa cor­res­ponder o me­lhor pos­sível a essas as­pi­ra­ções e ex­pec­ta­tivas que estão cri­adas».

In­ge­rência

Isto sem ig­norar, acen­tuou, que «este não é o OE do PCP». E a este res­peito disse não iludir «as li­mi­ta­ções e in­su­fi­ci­ên­cias da pro­posta apre­sen­tada pelo Go­verno, no­me­a­da­mente as op­ções de agra­va­mento de im­postos in­di­rectos que re­caem de forma mais ge­ne­ra­li­zada sobre os por­tu­gueses e em par­ti­cular o au­mento sobre os com­bus­tí­veis».

La­mentou também a «in­su­fi­ci­ente tri­bu­tação sobre o pa­tri­mónio mo­bi­liário», bem como a ine­xis­tência de «uma res­posta es­tru­tural ao pro­blema da dí­vida». A não con­si­de­ração do au­mento do valor real das pen­sões e a ma­nu­tenção de res­tri­ções aos tra­ba­lha­dores e aos ser­viços da ad­mi­nis­tração pú­blica, foram ou­tros pontos iden­ti­fi­cados que estão entre as pre­o­cu­pa­ções do PCP e que o «dis­tan­ciam dessas op­ções».

Cri­ti­cado por João Oli­veira foi, por fim, o que de­finiu como quadro ina­cei­tável de chan­tagem e pressão di­rec­ci­o­nado contra o OE por parte da Co­missão Eu­ro­peia, agên­cias de ra­ting, cen­tros do ca­pital in­ter­na­ci­onal, in­ge­rência que do seu ponto de vista é re­ve­la­dora do «in­con­for­mismo destes sec­tores por um ca­minho que, ainda que li­mi­tado, possa apontar uma pers­pec­tiva de in­versão do rumo de em­po­bre­ci­mento e ex­plo­ração le­vado a cabo pelo an­te­rior go­verno do PSD e CDS».

O que só veio tornar mais claro, sus­tentou, que não há rumo de de­sen­vol­vi­mento so­be­rano e pro­gresso so­cial, nem cri­ação de em­prego e re­cu­pe­ração da eco­nomia, sem que haja uma «rup­tura não só com estas im­po­si­ções da União Eu­ro­peia como também com ou­tros cons­tran­gi­mentos ex­ternos com os quais o País con­tinua a con­frontar-se».

 

 



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