Greve geral do campo na Colômbia

Mobilização pela terra e a paz

Mi­lhares de tra­ba­lha­dores agrí­colas co­lom­bi­anos par­ti­cipam, desde se­gunda-feira, 30, na jor­nada na­ci­onal de mo­bi­li­zação e luta em de­fesa da re­forma agrária.

Cam­pe­si­nato e pro­le­ta­riado rural re­jeitam as po­lí­ticas para o sector

Cam­pe­si­nato e pro­le­ta­riado rural re­jeitam as po­lí­ticas go­ver­na­men­tais para o sector, as quais, acusam, servem os pro­pó­sitos do grande ca­pital na­ci­onal e es­tran­geiro. Cerca de 100 ma­ni­fes­ta­ções, con­cen­tra­ções e ou­tras ini­ci­a­tivas de pro­testo estão agen­dadas para 27 das 32 re­giões do país, in­formou o porta-voz da Ini­ci­a­tiva Agrária, cam­po­nesa, Étnica e Po­pular (Minga), Jimmy Mo­reno.

Em causa está o fa­vo­re­ci­mento da agro-in­dús­tria e das com­pa­nhias de ex­tracção mi­neira em de­tri­mento dos in­te­resses e di­reitos das co­mu­ni­dades au­tóc­tones e da pre­ser­vação dos ecos­sis­temas; a exi­gência da de­mo­cra­ti­zação do acesso, uso e posse da terra, a pro­tecção das zonas de re­serva, o apoio à agri­cul­tura fa­mi­liar e de sub­sis­tência e o in­ves­ti­mento es­tatal no de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e o pro­gresso so­cial nas áreas ru­rais.

No centro da con­tes­tação está, também, a pri­va­ti­zação de em­presas e ser­viços pú­blicos, o su­foco das li­ber­dades de­mo­crá­ticas e a re­pressão e li­qui­dação de ac­ti­vistas sin­di­cais, so­ciais e am­bi­en­tais, e a ati­tude com­pla­cente do go­verno li­de­rado por Juan Ma­nuel Santos para com o pa­ra­mi­li­ta­rismo, prin­cipal ameaça à paz na Colômbia.

No pri­meiro dia da pa­ra­li­sação, ocor­reram 23 ma­ni­fes­ta­ções em 16 re­giões en­vol­vendo cerca de 70 mil pes­soas, de­ta­lhou, an­te­ontem, Jimmy Mo­rales, ci­tado pela Te­lesur. Na jor­nada ini­cial, há a la­mentar a morte de um in­dí­gena du­rante uma acção de massas ocor­rida no de­par­ta­mento de Valle de Cauca, em re­sul­tado da vi­o­lência de­sen­ca­deada pela po­lícia anti-motim contra os ma­ni­fes­tantes.

Fim do con­flito

Boa parte das exi­gên­cias de cam­po­neses e as­sa­la­ri­ados ru­rais estão con­tem­pladas no acordo par­cial al­can­çado pelo go­verno e pelas FARC-EP nas ne­go­ci­a­ções de paz que de­correm em Ha­vana, Cuba. A re­forma agrária foi mesmo o pri­meiro ponto sobre o qual as partes se en­ten­deram.

Con­tudo, cerca de dois anos e meio de­pois, nas co­mu­ni­dades ru­rais e in­dí­genas per­siste a mesma re­a­li­dade de há dé­cadas e, nal­guns casos, de forma agra­vada. A Minga [adap­tação de uma pa­lavra em língua que­chua que sig­ni­fica tra­balho em favor da co­mu­ni­dade com uti­li­dade so­cial] pro­mo­vida nos moldes que agora se re­petem, foi, em 2013, fun­da­mental para que o go­verno co­lom­biano e as FARC-EP che­gassem a um pacto par­cial sobre as ne­ces­sá­rias trans­for­ma­ções no mo­delo eco­nó­mico e so­cial em vigor no campo.

A ac­tual pa­ra­li­sação, con­vo­cada sob o lema «Nunca mais uma Colômbia sem nós», visa forçar a im­ple­men­tação de me­didas sem as quais, su­bli­nham os or­ga­ni­za­dores, será im­pos­sível al­cançar o fim do con­flito na Colômbia.

 



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