Há 80 anos começava a Guerra Civil de Espanha

Batalha crucial pelo futuro

Assinalando os 80 anos sobre o início da Guerra Civil de Espanha, o Avante! evoca a firme e constante solidariedade do PCP aos trabalhadores e ao povo do país vizinho, que se prolongou muito para lá da vitória fascista.

O PCP foi, em Portugal, um sólido aliado da República espanhola

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A república espanhola, a experiência da Frente Popular e a luta contra o levantamento fascista de Julho de 1936 suscitaram a solidariedade e o apoio dos comunistas e outros antifascistas um pouco por todo o mundo, que viram desenrolar-se em terras de Espanha uma batalha decisiva entre a democracia e o fascismo, a civilização e a barbárie. As brigadas internacionais foram porventura a mais famosa e elevada expressão desta solidariedade.

Em Portugal, ao mesmo tempo que a ditadura de Salazar se reforçava e se assumia como um centro difusor de todo o tipo de apoios – políticos, diplomáticos, económicos e militares – às forças fascistas insurrectas, o PCP não poupou esforços em auxílio dos comunistas, republicanos e progressistas espanhóis, compreendendo que os destinos dos dois países estavam, naquele momento histórico, intimamente ligados. Muitos militantes comunistas combateram ao lado dos antifascistas espanhóis e mesmo após o fim do conflito, com a instauração do fascismo em Espanha, o PCP continuou a apoiar política e logisticamente o PCE. A disponibilização de casas clandestinas para acolher dirigentes e militantes desse partido e o apoio dado em várias passagens de fronteira foram formas concretas que esta solidariedade assumiu.

O Avante! foi, antes, durante e depois da Guerra Civil, um veículo privilegiado de mobilização e esclarecimento acerca do que verdadeiramente estava em causa no processo político espanhol. Num país sujeito a uma férrea censura à imprensa, era também uma das únicas fontes então existentes que permitiam seguir o desenrolar dos acontecimentos.

Ainda antes do início da Guerra Civil, o Avante! há muito que seguia de perto os avanços registados pela Frente Popular e retirava ensinamentos da frutuosa política de unidade prosseguida no país vizinho envolvendo comunistas, socialistas e outras tendências progressistas e democráticas. Ao mesmo tempo que vinha alertando para a possibilidade real de poder ser desencadeado um golpe por parte das forças fascistas e conservadoras.

Solidariedade e ensinamentos

Com o deflagrar da guerra, o Avante! passa a dedicar ao assunto grande parte das suas páginas, chegando a sair – no auge do conflito – com uma impressionante regularidade. Os reais objectivos dos golpistas, o papel de Salazar, a intervenção das potências nazi-fascistas, a tão falsa quanto vergonhosa neutralidade das «democracias ocidentais» e a solidariedade sincera da União Soviética para com a República foram questões presentes nos diversos artigos publicados no órgão central do PCP.

Logo em Agosto, menos de um mês após o levantamento fascista, o Avante! titulava, a toda a largura da página: «O Partido Comunista Português saúda todos os combatentes da Frente Popular Espanhola e espera confiante os resultados da sua abnegada coragem e heroísmo.» Em Novembro do mesmo ano, o Avante! replica o mote da notável comunista espanhola Dolores Ibarruri, A Pasionaria, na dura batalha em defesa de Madrid: «Não passarão!» Em Fevereiro de 1937, o órgão central do PCP insurge-se «Contra a opressão à Espanha republicana» e no mês de Junho assume que «O povo espanhol deve triunfar», apelando à luta contra a intervenção em Espanha e contra o fascismo em Portugal.

Nos meses seguintes o tom não se altera e em 1938 é publicado um número especial do Avante! sobre a luta que então se travava em Espanha entre a democracia e o fascismo: «Salud, heróico povo espanhol!» foi a manchete dessa edição, na qual se recordavam as origens do conflito e os apoios que se escondiam por detrás dos insurrectos fascistas, se destacavam os heróis do povo espanhol caídos em combate, se valorizava a política progressista da Frente Popular e se apresentava as propostas dos comunistas espanhóis para a Espanha democrática e republicana.

A guerra terminou em 1939, com a derrota da República e a instauração do fascismo em Espanha; a Segunda Guerra Mundial, da qual foi trágico prelúdio, começaria poucos meses depois. O heroísmo revelado pelos antifascistas nos campos de batalha, a solidariedade internacionalista aí forjada e os êxitos alcançados pela Frente Popular deixaram ensinamentos de grande utilidade para a luta dos comunistas nos anos que se seguiram (e ainda hoje!) e ajudam a explicar muitas das vitórias alcançadas.



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