A Bienal dá oportunidade a muitos artistas de exporem as suas obras

Bienal de Artes Plásticas vai na 20.ª edição e tem mais futuro do que memória

FESTA DO AVANTE! No ano em que se realiza a 20.ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante!, os seus promotores fazem um balanço positivo dos últimos 40 anos e confiam num futuro radioso para a iniciativa.

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António Rodrigues e Pedro Soares são dois dos membros da Comissão de Artes Plásticas da Festa do Avante!, responsável pelas exposições anuais e pelas bienais. No ano em que se realiza a 20.ª edição da Bienal – a primeira foi em 1977 – fomos fazer um balanço das 19 edições anteriores, medir o pulso à edição deste ano e projectar o futuro desta iniciativa que, como garantem os seus promotores, tem já um público fixo e um espaço próprio no panorama das exposições de artes plásticas em Portugal.

Quando, em 1977, o Partido decidiu avançar para uma grande exposição de artes plásticas na Festa do Avante! (que, lembre-se, ia então na sua segunda edição), essa foi uma decisão audaciosa, pois não havia nada do género em Portugal, recorda António Rodrigues, membro do Comité Central do Partido e responsável pela Comissão de Artes Plásticas. Foi uma decisão «revolucionária», acrescentou Pedro Soares, fotógrafo. O enorme êxito desta primeira mostra de artes plásticas, patente no número e na qualidade dos artistas e obras presentes e na enorme afluência de público, levou a que se transformasse em bienal.

Mas vejamos o que então se escreveu sobre esta experiência tão arrojada quanto bem sucedida. No Avante! de 15 Setembro de 1977, numa peça intitulada «A arte esteve com o povo, o povo esteve com a arte», garantia-se que dizer que a presença das artes plásticas na Festa «constituiu uma das maiores manifestações do género desde sempre realizadas no nosso País» seria dizer bem pouco, tal foi o impacto e a dimensão da exposição, na qual esteve patente «mais de meio milhar de obras dos mais representativos artistas plásticos portugueses», como João Hogan, Bartolomeu Cid e Jorge Vieira, que conviveram com trabalhos de «alunos e amadores».

Também as condições de exposição eram novas: a pintura, a escultura, o desenho e a gravura, salientava-se nas páginas do Avante!, «deixaram as salas onde habitualmente são vistas por uma elite» e ganharam o «espaço da natureza, no cenário azul e verde do Jamor». Assim, para além da qualidade das obras expostas, o que o órgão central do Partido mais valorizou foi o inédito «contacto criador entre o artista e o povo. Milhares de pessoas, trabalhadores do Alentejo, das Beiras, homens e mulheres que ganham o pão no trabalho da terra, nas fábricas, nas lojas, viram pela primeira vez uma exposição – e que exposição, ouvia-se de todas as bocas».

Novos desafios

Nos últimos 40 anos, muito mudou no panorama artístico nacional, com reflexos na própria Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante!. Desde logo, como sublinha António Rodrigues, ela já não é a única exposição do género em Portugal: «hoje há grandes bienais de artes plásticas, com mais dinheiro e mais tempo de exposição do que a da Festa do Avante! e realizadas em espaços nobres», lembrou o membro do Comité Central, dando os exemplos evidentes de Vila Nova de Cerveira ou de Vila Nova de Gaia.

Mas esta concorrência, que já tem alguns anos, não retira importância e razão de ser à bienal da Festa, garantem os promotores, que vêem nela características únicas e insubstituíveis. Numa visita recente da Comissão de Artes Plásticas da Festa do Avante! a uma das bienais atrás referida verificou-se que vários dos artistas aí representados passaram pela Festa em anos anteriores. Constituindo um evidente motivo de satisfação, contou António Rodrigues, tal constatação não foi uma surpresa, pois pelas 19 bienais já realizadas passaram «os melhores artistas plásticos portugueses».

Para os dois responsáveis, a relevância e actualidade da Bienal da Festa do Avante! fica desde logo patente no elevado número de artistas concorrentes em todas as edições – na última rondaram os 200 –, grande parte dos quais jovens, sendo que muitos têm ali a primeira grande oportunidade de mostrar o seu trabalho a um público vasto. É precisamente pelo seu carácter não elitista – que de forma nenhuma implica uma menor qualidade, ressalvam António Rodrigues e Pedro Soares – que os promotores da Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante! lhe adivinham um futuro longo e risonho, apesar de todas as concorrências.

Esta característica é válida tanto para os artistas como para o público, sendo que muitos dos milhares de visitantes da Festa têm aí o seu primeiro contacto com uma exposição de artes plásticas. A Bienal contribui, assim, como muitos outros espaços da Festa, para a democratização da cultura e para a elevação do nível cultural de milhares de pessoas, na sua imensa maioria trabalhadores e jovens. Contudo, sublinhou Pedro Soares, a Bienal da Festa conta também com um público «qualificado». A diversidade de públicos, como de estilos e escolas artísticas, é, aliás, outra das riquezas da Bienal.

Este ano, confiam os dois membros da Comissão de Artes Plásticas, a 20.ª Bienal estará à altura da sua história, com um elevado número de artistas e obras concorrentes. O concurso está aberto.




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