Forte greve da Função Pública reclama negociação e mudança

BASTA A greve de 26 de Maio deixou claro que os tra­ba­lha­dores «não podem con­ti­nuar a ser sa­cri­fi­cados com a ma­nu­tenção de po­lí­ticas que foram der­ro­tadas em Ou­tubro de 2015», sa­li­entou a FNSTFPS.

Os tra­ba­lha­dores querem sentir a mu­dança em que vo­taram

A meio da tarde da pas­sada sexta-feira, a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais fixou uma adesão média de 75 por cento, que chegou aos 90 por cento na Edu­cação e na Saúde, con­fir­mando as in­for­ma­ções avan­çadas pela co­or­de­na­dora, Ana Avoila, e ou­tros di­ri­gentes desde o início da pa­ra­li­sação: à meia-noite, junto ao Hos­pital de São José (onde Paula Santos, de­pu­tada do PCP, prestou so­li­da­ri­e­dade ao pi­quete de greve); cerca das dez horas, no ex­te­rior da es­cola Passos Ma­nuel, onde também es­teve Ar­ménio Carlos; e pouco de­pois do meio-dia, na sede da fe­de­ração.
Numa sau­dação aos tra­ba­lha­dores – a úl­tima po­sição di­vul­gada nessa sexta-feira – a es­tru­tura sec­to­rial da CGTP-IN sa­li­entou que, ao ade­rirem de forma tão ex­pres­siva à greve na­ci­onal, eles de­mons­traram «a sua von­tade de verem au­men­tados os seus sa­lá­rios e des­con­ge­ladas as pro­mo­ções e pro­gres­sões nas car­reiras; de verem o fim da pre­ca­ri­e­dade e o re­forço de pes­soal; e de ser apli­cada a todos a du­ração se­manal de tra­balho de 35 horas».
Com a greve, foi dei­xado ao Go­verno «um claro sinal de que tem de mudar de po­lí­tica, de forma evi­dente, re­la­ti­va­mente aos tra­ba­lha­dores da Função Pú­blica, os quais não podem con­ti­nuar a ser sa­cri­fi­cados com a ma­nu­tenção de po­lí­ticas que foram der­ro­tadas em Ou­tubro de 2015 – con­ge­la­mento de sa­lá­rios e car­reiras, pre­ca­ri­e­dade, re­dução per­ma­nente de tra­ba­lha­dores no sector, falta de con­di­ções de tra­balho e re­dução do in­ves­ti­mento na Ad­mi­nis­tração Pú­blica».
«Pe­rante este claro sinal de exi­gência de con­sa­gração das rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores», o Go­verno «está obri­gado a ne­go­ciar e a levar à prá­tica, no ime­diato, o con­junto de me­didas mais ur­gentes para que os tra­ba­lha­dores da Função Pú­blica te­nham tra­balho com di­reitos e me­lhores con­di­ções de vida», sa­li­enta a fe­de­ração.

Efeitos hoje
e para o fu­turo

Na Saúde, «a ele­vada adesão à greve, ve­ri­fi­cada nas pri­meiras horas, com a grande mai­oria das prin­ci­pais uni­dades hos­pi­ta­lares do País a fun­ci­onar so­mente com ser­viços mí­nimos, con­firmou-se pela manhã», atin­gindo 90 por cento.
Na Edu­cação, «cen­tenas e cen­tenas de es­colas estão en­cer­radas, de­vido à adesão de 90 por cento dos tra­ba­lha­dores abran­gidos pelo aviso prévio de greve».
Na sau­dação, são ainda re­fe­ridos os «ser­viços des­con­cen­trados» da Se­gu­rança So­cial, da Jus­tiça, da Cul­tura e de ou­tras áreas da Ad­mi­nis­tração Cen­tral do Es­tado, onde foram re­gis­tados «en­cer­ra­mentos ou fun­ci­o­na­mentos de­fi­ci­entes, de­vido à adesão à greve da to­ta­li­dade ou quase to­ta­li­dade dos tra­ba­lha­dores».
Este pa­no­rama foi re­tra­tado também em in­for­ma­ções dos sin­di­catos dos tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas do Centro, do Norte e do Sul e Re­giões Au­tó­nomas, fi­li­ados na fe­de­ração. Notas de im­prensa sobre o im­pacto da greve nos dis­tritos foram emi­tidas pelas uniões de sin­di­catos de Se­túbal e de San­tarém. O STCDE (Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores Con­su­lares e das Mis­sões Di­plo­má­ticas no Es­tran­geiro, fi­liado na fe­de­ração) foi dando nota do en­cer­ra­mento de al­guns con­su­lados, cha­mando es­pe­ci­al­mente a atenção para os fun­ci­o­ná­rios das re­si­dên­cias dos em­bai­xa­dores, su­jeitos a uma carga ho­rária de 44 horas se­ma­nais.
Nos hos­pi­tais em greve, des­tacou-se o Be­a­triz Ângelo (Loures). A adesão de cem por cento foi con­fir­mada por Ana Avoila, que des­tacou aos jor­na­listas o tra­balho sin­dical ali re­a­li­zado du­rante meses, com re­sul­tados no de­sen­vol­vi­mento da or­ga­ni­zação, e a re­sis­tência dos tra­ba­lha­dores a «co­acção e as­sédio moral» da ad­mi­nis­tração.
Ques­ti­o­nada sobre o even­tual pros­se­gui­mento da luta, a di­ri­gente da fe­de­ração e da CGTP-IN adi­antou que a re­acção do Go­verno será ana­li­sada com os tra­ba­lha­dores, que es­peram que este «con­cre­tize a mu­dança em que vo­taram» em Ou­tubro de 2015. O des­con­ten­ta­mento «vai-se tra­duzir em pre­senças nas ma­ni­fes­ta­ções de 3 de Junho» e ou­tras res­postas serão dis­cu­tidas «face a um Or­ça­mento do Es­tado para 2017 que não con­temple au­mentos sa­la­riais, aber­tura de con­cursos ou as 35 horas para os 60 a 70 mil tra­ba­lha­dores com con­trato in­di­vi­dual de tra­balho».

 



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