Manifestações no Mali contra tropas francesas

LUSA

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Ma­ni­fes­tantes exi­giram na se­gunda-feira, 9, na ci­dade de Kidal, no Nor­deste do Mali, a re­ti­rada dos mi­li­tares fran­ceses da re­gião. Foi o ter­ceiro pro­testo em menos de uma se­mana no bas­tião dos an­tigos re­beldes in­de­pen­den­tistas tu­a­re­gues.

«Ma­ni­fes­támo-nos e con­ti­nu­a­remos a ma­ni­festar-nos porque as tropas fran­cesas devem sair», de­clarou um dos or­ga­ni­za­dores dos pro­testos, Ali Ag Mah­moud, que de­nun­ciou bru­ta­li­dades dos sol­dados contra a po­pu­lação civil.

As ma­ni­fes­ta­ções de­cor­reram em frente ao quartel da Missão das Na­ções Unidas no Mali (Mi­nusma) em Kidal, que abriga também forças da ope­ração fran­cesa Barkhane. Foram exi­bidos car­tazes com di­zeres como «Barkhane fora» e «Saiam de Kidal» e ati­radas pe­dras contra vi­a­turas dos mi­li­tares.

A ope­ração Berkhane foi lan­çada no se­gui­mento da in­ter­venção mi­litar fran­cesa no Mali, em 2013, ale­ga­da­mente para com­bater grupos jiha­distas. Mo­bi­liza 4000 mi­li­tares em cinco países do Sahel – Mau­ri­tânia, Mali, Bur­kina Fasso, Níger e Chade. Está equi­pada com aviões de trans­porte, caças, he­li­cóp­teros e drones, blin­dados e vi­a­turas de apoio lo­gís­tico.

A par dos ex­pe­di­ci­o­ná­rios gau­leses, en­con­tram-se no Mali 15 mil ca­pa­cetes azuis da ONU.

Apesar desta pre­sença mi­litar, grandes zonas de ter­ri­tório es­capam ao con­trolo go­ver­na­mental. As forças ma­li­anas, fran­cesas e onu­sinas são, aliás, ata­cadas por jiha­distas de di­versas or­ga­ni­za­ções, umas li­gadas à Al-Qaida, ou­tras ao au­to­de­no­mi­nado Es­tado Is­lâ­mico, que ac­tuam em toda a re­gião sahelo-sa­a­riana.

No início de Ou­tubro, no Níger, mor­reram cinco sol­dados ni­ge­rinos e quatro mem­bros de forças es­pe­ciais norte-ame­ri­canas, que so­freram um ataque, «pro­va­vel­mente ter­ro­rista», du­rante uma «pa­trulha de ro­tina» perto da fron­teira com o Mali.

O Africom, o co­mando mi­litar dos EUA para África, con­firmou as baixas no que disse ser uma missão de «ca­pa­ci­tação e as­sis­tência» às forças ar­madas do Níger, um fiel aliado de Paris e Washington.

Força G5 Sahel

Em me­ados do ano, por pressão da França e Ale­manha, foi criada uma força mi­litar con­junta da­queles cinco es­tados afri­canos, a força G5 Sahel. Com sede em Sé­varé, no centro do Mali, terá 5000 efec­tivos e pre­para as pri­meiras ope­ra­ções para este mês.

O fi­nan­ci­a­mento da força afri­cana, que fi­cará in­tei­ra­mente ope­ra­ci­onal no pri­meiro tri­mestre de 2018, não está ga­ran­tido: a União Eu­ro­peia pro­meteu 50 mi­lhões de euros e os seus es­tados mem­bros ou­tros 50 mi­lhões, mas cal­cula-se que custe mais de 400 mi­lhões euros anuais.

Por ini­ci­a­tiva fran­cesa, uma de­le­gação do Con­selho de Se­gu­rança vi­si­tará de 19 a 23 deste mês o Mali, a Mau­ri­tânia e o Bur­kina Faso, para ava­liar a si­tu­ação po­lí­tica e mi­litar.

Os EUA não in­te­gram esta missão ao Sahel. A sua em­bai­xa­dora na ONU, Nikki Haley, viaja ao Sudão do Sul e à Re­pú­blica De­mo­crá­tica do Congo, para se in­teirar das ope­ra­ções de paz das Na­ções Unidas nos dois países. É que o pre­si­dente Do­nald Trump está re­lu­tante em fi­nan­ciar ope­ra­ções de paz – pre­fere as ac­ções de guerra e as ame­aças, da Co­reia do Norte à Ve­ne­zuela, de Cuba ao Irão…




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