FARC é o novo partido colombiano

COM­PRO­MISSO As an­tigas Forças Ar­madas Re­vo­lu­ci­o­ná­rias da Colômbia (FARC-EP) ins­cre­veram-se na se­gunda-feira, 9, como par­tido po­lí­tico junto das au­to­ri­dades elei­to­rais e vão dis­putar as elei­ções pre­vistas para 2018.

Novo par­tido apela ao diá­logo e à con­ver­gência com ou­tras forças

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A sigla FARC mantém-se, mas é agora si­nó­nimo de Fu­erza Al­ter­na­tiva Re­vo­lu­ci­o­naria del Comum, o «par­tido do povo co­lom­biano», como es­creveu no Twitter Ro­drigo Lon­doño, co­nhe­cido como "Ti­mo­chenko", chefe das ex-FARC-EP e do par­tido fun­dado em 1 de Se­tembro na sequência dos acordos de paz as­si­nados com o pre­si­dente Juan Ma­nuel Santos em No­vembro de 2016.

Se­gundo a Lusa, seis di­ri­gentes das FARC de­cla­raram ter en­tre­gado toda a do­cu­men­tação ne­ces­sária, in­cluindo o cer­ti­fi­cado do de­pó­sito de armas con­cluído em 15 de Agosto, para po­derem par­ti­cipar nas elei­ções le­gis­la­tivas de 2018.

«Cum­primos os nossos com­pro­missos», as­se­gurou Iván Már­quez, líder da de­le­gação da guer­rilha às con­ver­sa­ções de paz e hoje con­se­lheiro po­lí­tico do novo par­tido. Su­bli­nhando que agora «é tempo de o Go­verno cum­prir os seus», Már­quez lem­brou que o Es­tado co­lom­biano tem obri­ga­ções in­ter­na­ci­o­nais re­sul­tantes do acordo as­si­nado após quatro anos de ne­go­ci­a­ções em Ha­vana, o qual ga­rante no ime­diato dez lu­gares, cinco em cada câ­mara, à FARC, par­tido po­lí­tico, não obs­tante os seus can­di­datos terem de se apre­sentar ao es­cru­tínio.

Os di­ri­gentes do novo par­tido ape­laram ao «diá­logo» e à con­ver­gência com ou­tras forças po­lí­ticas, re­jei­tando as «re­vi­sões» do acordo pre­ten­didas pela opo­sição de di­reita li­de­rada pelo ex-pre­si­dente e ac­tual se­nador Álvaro Uribe.

Con­gresso cons­ti­tuinte

O I Con­gresso Na­ci­onal das Forças Ar­madas Re­vo­lu­ci­o­ná­rias da Colômbia – Exér­cito do Povo (FARC-EP), re­a­li­zado de 27 a 31 de Agosto sob o lema «Por um go­verno de tran­sição para a re­con­ci­li­ação e a paz», marcou a con­versão das FARC-EP em par­tido po­lí­tico.

Ao longo de cinco dias, cerca de 1200 de­le­gados apro­fun­daram a aná­lise sobre a si­tu­ação no país, de­sig­na­da­mente sobre o pro­cesso de paz em curso – di­fi­cul­dades, de­sa­fios e pe­rigos de in­cum­pri­mento por parte das au­to­ri­dades co­lom­bi­anas, e, con­se­quen­te­mente, sobre as res­postas po­lí­ticas ne­ces­sá­rias à sua de­fesa, con­so­li­dação e con­cre­ti­zação –, e adop­taram os ele­mentos que es­tru­turam as FARC-EP num par­tido po­lí­tico.

Reu­nidos em di­versas co­mis­sões, cujas con­clu­sões foram vo­tadas pelo Con­gresso, os de­le­gados de­fi­niram as li­nhas ori­en­ta­doras do pro­grama po­lí­tico do novo par­tido, apon­taram a cri­ação de uma pla­ta­forma uni­tária que pro­jectam para o fu­turo, e apro­fun­daram a re­flexão em torno da or­ga­ni­zação e do tra­balho com as massas, em áreas como a saúde, edu­cação, cul­tura, de­si­gual­dades entre ho­mens e mu­lheres, nas ques­tões ét­nicas, das ví­timas do con­flito ou da ju­ven­tude.

O Con­gresso aprovou os es­ta­tutos do novo par­tido, in­cluindo a sua de­sig­nação, e de­cidiu a re­a­li­zação, no es­paço de um ano, de uma con­fe­rência para apre­ciar as con­clu­sões e ori­en­ta­ções agora adop­tadas.

Do Con­gresso re­sultou a von­tade inequí­voca de cum­prir os com­pro­missos as­su­midos no Acordo de Paz, num con­texto muito com­plexo, de­sig­na­da­mente quanto à sua efec­tiva im­ple­men­tação – ve­ri­ficam-se re­cuos e atrasos sig­ni­fi­ca­tivos –, con­di­ci­o­nada, também, pelas elei­ções para a pre­si­dência da Colômbia no pró­ximo ano. Cons­ci­ente das ame­aças ao pro­cesso de paz, o qual se pre­tende com jus­tiça so­cial, o Con­gresso es­ta­be­leceu como pri­o­ri­dade a cri­ação de um mo­vi­mento que reúna uma frente muito ampla de or­ga­ni­za­ções po­lí­ticas e so­ciais na de­fesa da­quele e na pro­moção da uni­dade.

De­zenas de con­vi­dados in­ter­na­ci­o­nais es­ti­veram no Con­gresso, par­ti­cu­lar­mente da Amé­rica La­tina e Ca­raíbas, mas também forças po­lí­ticas da Eu­ropa, entre as quais o PCP, que se fez re­pre­sentar por João Pi­menta Lopes, de­pu­tado do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu.




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