Greve e protestos no comércio focados agora no Lidl e no DIA

CON­TRATAÇÃO Com um ponto alto na greve na­ci­onal re­a­li­zada no 1.º de Maio, a luta dos tra­ba­lha­dores da grande dis­tri­buição co­mer­cial bate nestes dias à porta do LIDL e do DIA (Mi­ni­preço e Clarel).

Os grandes grupos usam a APED para não ne­go­ciar rei­vin­di­ca­ções

Nos su­per­mer­cados e ar­ma­zéns da ca­deia alemã Lidl, a greve de 29 e 30 de Abril «teve uma boa adesão em todo o País, so­bre­tudo nos en­tre­postos, o que se re­fletiu na con­cen­tração» de se­gunda-feira, na sede da fi­lial por­tu­guesa, como disse a pre­si­dente do Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores do Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços de Por­tugal (CESP/​CGTP-IN). Isabel Ca­ma­rinha, ci­tada pela agência Lusa, fez estas de­cla­ra­ções du­rante o pro­testo, no Linhó, ao final da manhã do se­gundo dia de greve.
Numa re­so­lução ali apro­vada, a ad­mi­nis­tração é acu­sada de não honrar a pa­lavra dada. Cita-se o com­pro­misso, em De­zembro, de reunir com os re­pre­sen­tantes sin­di­cais, que só agora foi con­cre­ti­zado, de­pois de ser co­nhe­cido que nos lo­cais de tra­balho cir­cu­lava um abaixo-as­si­nado a exigir essa reu­nião.
En­quanto a mul­ti­na­ci­onal mantém «um cons­tante e forte cres­ci­mento global», com vendas que su­pe­raram 50 mil mi­lhões de euros em 2017 (apenas 30 por cento ge­radas na Ale­manha), os au­mentos sa­la­riais só ocor­reram uma vez nos úl­timos sete anos e os custos com os tra­ba­lha­dores equi­valem a nove por cento das re­ceitas.
Os tra­ba­lha­dores e o CESP exigem au­mentos sa­la­riais, as­se­gu­rando um mí­nimo de 40 euros, com efeitos a Ja­neiro deste ano. Nas rei­vin­di­ca­ções re­a­fir­madas na re­so­lução surgem o au­mento do sub­sídio de re­feição, o fim da pre­ca­ri­e­dade la­boral, o fim dos ho­rá­rios des­re­gu­lados (pro­blema que atinge prin­ci­pal­mente os tra­ba­lha­dores a tempo par­cial, que ficam im­pe­didos de se com­pro­meter com outro tra­balho), a pas­sagem a efec­tivos dos tra­ba­lha­dores com vín­culos pre­cá­rios que ocupam postos de tra­balho per­ma­nentes.
É ainda exi­gido que o Lidl, como membro da as­so­ci­ação pa­tronal APED, in­ter­venha para que esta aceite ne­go­ciar o con­trato co­lec­tivo de tra­balho, sem re­dução do pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar e do tra­balho em dia fe­riado, pelo fim dos «bancos» de horas.
A de­ter­mi­nação de pros­se­guir a luta ficou su­bli­nhada no do­cu­mento, re­a­fir­mando que a greve con­ti­nu­aria no dia 1 de Maio e que os tra­ba­lha­dores iriam par­ti­cipar nas co­me­mo­ra­ções da CGTP-IN.
Nas vés­peras do início da greve, o CESP re­velou que o Lidl «tomou ile­gal­mente a de­cisão de ad­mitir tra­ba­lha­dores de em­presas de tra­balho tem­po­rário, por três a 15 dias, para subs­ti­tuir os tra­ba­lha­dores em greve».

DIA no Mi­nis­tério

Para amanhã, dia 4, às 10h30, o CESP con­vocou uma con­cen­tração junto ao Mi­nis­tério do Tra­balho, em Lisboa, e um dia de greve no Grupo DIA (mul­ti­na­ci­onal es­pa­nhola de­ten­tora das marcas Mi­ni­preço e Clarel). Vai ali re­a­lizar-se a essa hora uma reu­nião do sin­di­cato com a em­presa, que es­teve mar­cada para 27 de Abril mas foi adiada a pe­dido dos pa­trões.
A reu­nião é sobre a en­trega de lojas a ter­ceiros, uma «trans­missão de es­ta­be­le­ci­mento» que o CESP afirma estar a ocorrer «em grande es­cala» e a pro­vocar des­pe­di­mentos (sob a capa de res­ci­sões).
Uma das formas de «obrigar cen­tenas de tra­ba­lha­dores a res­cin­direm os con­tratos», afirma o CESP, é impor trans­fe­rên­cias para lojas a de­zenas de qui­ló­me­tros de casa, sendo que «os pri­meiros a re­ceber a carta» são mães e pais que usu­fruem do di­reito legal a ho­rá­rios fle­xí­veis para acom­pa­nhar os fi­lhos.
Na «folha sin­dical» que o CESP di­fundiu em me­ados de Abril, a mo­bi­lizar para esta jor­nada, o DIA é acu­sado ainda de ter ig­no­rado o ca­derno rei­vin­di­ca­tivo, re­cu­sando ne­go­ciar sa­lá­rios e re­solver pro­blemas, para além de al­terar as re­gras de or­ga­ni­zação dos ho­rá­rios de tra­balho.

1.º de Maio em greve

Para o Dia In­ter­na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores, o CESP con­vocou greve em todo o sector das em­presas de dis­tri­buição, ape­lando à par­ti­ci­pação nas ac­ções da CGTP-IN.
Tal como na «quin­zena» con­cluída a 20 de Abril e nas lutas an­te­ri­ores, o sin­di­cato e os tra­ba­lha­dores exigem:

Res­posta das em­presas aos ca­dernos rei­vin­di­ca­tivos;
Re­visão do con­trato co­lec­tivo de tra­balho, sem perda de re­mu­ne­ração do tra­balho su­ple­mentar e tra­balho em dia fe­riado e sem «banco» de horas;
Au­mento dos sa­lá­rios de todos os tra­ba­lha­dores e o fim da ta­bela B;
Equi­pa­ração da car­reira pro­fis­si­onal dos ope­ra­dores de ar­mazém à car­reira dos ope­ra­dores de loja (su­per­mer­cado);
En­cer­ra­mento do co­mércio no 1.º de Maio.

 



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