Ataque saudita a Hodeida pode provocar catástrofe
IÉMENE As Nações Unidas alertam que centenas de milhares de civis correm perigo de vida caso as forças da Arábia Saudita que intervém no Iémene intensifiquem o assédio à cidade de Hodeida.
«250 mil pessoas podem perder tudo - até mesmo as suas vidas»
LUSA
A advertência da coordenadora das missões da ONU no país, feita no final da semana passada, surge no momento em que os militares sauditas preparam o assalto à cidade portuária, principal porta de entrada de ajuda de emergência no território. As agências das Nações Unidas «temem que até 250 mil pessoas possam perder tudo - até mesmo as suas vidas», alertou Lise Grande.
No início da semana passada, o Wall Street Journal garantia que a Arábia Saudita solicitou o apoio dos EUA para reconquistar Hodeida e arredores, região onde vivem cerca de 400 mil iemenitas e que se encontra sob controlo das forças que se opõem ao governo apoiado por Riade. Simultaneamente, a agência de notícias chinesa Xinhua informava que os estrangeiros ao serviço de organizações humanitárias já estavam a abandonar a cidade.
Há uma semana, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) deu ordens de evacuação de todo o seu contingente no Iémene, considerando não estarem reunidas as condições mínimas para permanecer. A decisão deixa ainda mais vulneráveis os cerca de 22 milhões de seres humanos que dependem em absoluto da alimentação e assistência médica e sanitária oferecida por diversas ONG.
«As nossas actividades foram bloqueadas, o nosso pessoal recebeu ameaças e foi directamente tomado como alvo», acusou o CICV, que recusa a sua «instrumentalização no conflito».
Desde que a Arábia Saudita, à frente doutras nações árabes, iniciou a agressão ao Iémene, estima-se que já tenham morrido mais de dez mil civis e outros 55 mil tenham resultado feridos. Pelo menos 2200 pessoas sucumbiram ao surto de cólera que assolou o país nos últimos meses, fruto do colapso das infra-estruturas e serviços públicos básicos.