Unidade e firmeza no combate para alcançar melhores salários
GREVE Trabalhadores da distribuição comercial, de call centers, da Imprensa Nacional Casa da Moeda e da Coca-Cola decidiram recorrer à forma de luta mais avançada, para exigir aumentos salariais.
Comprova-se que só a luta garante avanços perante o patronato
Trabalhadores dos centros de contacto da EDP em Seia, Lisboa e Elvas fizeram uma greve convergente, de 24 horas, no dia 13, por melhores salários por melhores condições de vida e de trabalho, com níveis de adesão de 95 por cento, como informou o SITE Centro-Norte.
Neste sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN estão organizados trabalhadores de Seia, colocados através da Manpower. Nas negociações, a empresa subcontratada propôs valores que mantêm níveis salariais muito próximos do mínimo nacional, ficando aquém da reivindicação de um mínimo de 25 euros mensais.
«Estes salários são bastante baixos para o nível de trabalho qualificado que os trabalhadores executam», protesta a Comissão Sindical do SITE C-N, num comunicado em que acusa a EDP de entregar estes serviços ao exterior (outsourcing), esmagando os preços, praticando salários baixos numa actividade que é fundamental. É reafirmada a exigência de que estes trabalhadores pertençam ao quadro efectivo da própria EDP.
Dezenas de trabalhadores concentraram-se no exterior das instalações, na Quinta da Quintela, durante a manhã do dia da paralisação.
Adesão igualmente elevada teve a greve convocada pelo SIESI nos call centers de Lisboa e Elvas, subcontratados à Randstad. Também aqui, as actualizações salariais têm ocorrido praticamente só por efeito do aumento do salário mínimo nacional, cujo valor abrange 40 por cento do pessoal.
Este sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN convocou greves em todos os centros de contacto com trabalhadores da Randstad (na EDP, como na NOS, PT, Vodafone, TAP, 360 Imprimir, Montepio e outros clientes) também para ontem, 18, e a próxima segunda-feira, 24.
O sindicato, numa nota enviada anteontem à comunicação social, lembra que os trabalhadores persistem em reclamar a integração nos quadros das empresas para que prestam efectivamente serviço. Exigem condições iguais às dos trabalhadores dessas empresas, reafirmando o SIESI que «o outsourcing é apenas um expediente para embaratecer os custos do trabalho e manter uma extrema precariedade laboral».
É ainda contestada a mudança de local de trabalho de cerca de 50 trabalhadores.
Ontem, de manhã, trabalhadores em greve reuniram-se frente ao call center da EDP, no Parque das Nações, onde esteve, a prestar solidariedade, Ana Mesquita, deputada do PCP. Uma concentração semelhante está marcada para dia 24, às 10 horas, frente à sede da Randstad (Avenida da República, em Lisboa).
Provocou constrangimentos significativos na produção da Imprensa Nacional Casa da Moeda a greve de dias 11, 12 e 14, em Lisboa, e 12, 13 e 14, no Porto e em Coimbra. Um dirigente da Fiequimetal disse à agência Lusa, no último dos três dias de paralisação, que a emissão de selos e hologramas para tabaco e vinhos estava parada, enquanto os passaportes urgentes e muito urgentes saíam no limite dos prazos. Deu conta ainda de efeitos da greve no laboratório e na livraria do Porto.
Com cerca de 620 trabalhadores, a INCM mantém os salários congelados há nove anos. Numa proposta que apresentou como «final», a administração «pretendeu impor diversos conteúdos gravosos para os trabalhadores, assumindo uma atitude de chantagem» – como a federação denunciou, ao anunciar a luta. A empresa só admitia aumentos salariais mediante a aceitação das medidas com que visa «aumentar a produtividade».
Sobre uma mais recente proposta patronal, a posição dos trabalhadores e dos sindicatos, como Hélder Pires explicou à Lusa, deverá ser brevemente definida em plenário, admitindo-se novas formas de luta.
Entraram ontem em greve os trabalhadores das lojas e armazéns da DIA Portugal (Minipreço e Clarel), reclamando aumentos salariais para todos e horários de trabalho regulados.
A greve de 24 horas, com uma concentração marcada para o início da tarde, frente à sede da empresa, em Paço de Arcos, faz parte de um conjunto de acções de luta dos trabalhadores das empresas da grande distribuição comercial, que o CESP/CGTP-IN está a organizar durante este mês.
A associação patronal (APED) e as empresas insistem em apenas negociar salários, se o sindicato e os trabalhadores aceitarem o banco de horas. Contra esta alteração que iria agravar ainda mais a desregulação dos horários, o CESP exige aumento dos salários e valores iguais em todo o País (acabando com a Tabela B), horários dignos que permitam aos trabalhadores ter vida pessoal e familiar, trabalho estável e fim da precariedade, dignificação da carreira profissional dos operadores de armazém, encerramento do comércio aos domingos e feriados.
Desde dia 1 foram levadas a cabo acções de luta de trabalhadores do Pingo Doce, IKEA, Intermarché, C&A, Lidl e Jumbo.
No domingo, dia 23, a luta abarca o Grupo Sonae, com uma greve de 24 horas em todas as lojas e armazéns, no distrito do Porto, e acções de manhã, no exterior dos hipermercados Continente no centro comercial Gaia Shopping e em Telheiras (Lisboa).
Ganhos na Coca-Cola
Os trabalhadores da fábrica da Coca-Cola (Refrige), em Azeitão, conseguiram que a empresa viesse ao encontro das suas reivindicações, propondo um aumento salarial de 35 euros mensais e a subida do subsídio de refeição de 1,08 por dia, informou no dia 14 a União dos Sindicatos de Setúbal.
A estrutura distrital da CGTP-IN assinalou que, para este resultado, que representa um ganho nos rendimentos entre 40 e 57 euros mensais, foi determinante a greve ao trabalho extraordinário, no dia 8 de Junho, e a decisão de convocar greves de duas horas por turno, para toda a corrente semana (dias 17 a 21). Com a nova proposta patronal, foi decidido suspender estas greves.