Manifestação a 10 de Julho contra leis laborais de retrocesso

RES­POSTA O Con­selho Na­ci­onal da CGTP-IN apelou à mo­bi­li­zação geral, para der­rotar a ten­ta­tiva de, em pe­ríodo de fé­rias, aprovar le­gis­lação que re­pre­sen­taria um pro­fundo re­tro­cesso so­cial e la­boral.

Um ataque contra todos os tra­ba­lha­dores re­quer mo­bi­li­zação geral

Na sua reu­nião de se­gunda-feira, dia 17, o órgão di­ri­gente da In­ter­sin­dical Na­ci­onal de­cidiu con­vocar uma ma­ni­fes­tação, em Lisboa, a 10 de Julho, pela re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral e contra as al­te­ra­ções do Có­digo do Tra­balho para pior.
Na re­so­lução, di­vul­gada ao final da tarde em con­fe­rência de im­prensa, in­clui-se a exi­gência de va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, como «con­dição para um Por­tugal de­sen­vol­vido e so­be­rano», nos ob­jec­tivos da ma­ni­fes­tação.
A acção de 10 de Julho, quando na As­sem­bleia da Re­pú­blica vai ter lugar o de­bate sobre o es­tado da Nação, in­sere-se num apelo mais amplo, à in­ten­si­fi­cação da acção e da luta rei­vin­di­ca­tiva dos tra­ba­lha­dores dos sec­tores pri­vado e pú­blico, a re­clamar «res­posta po­si­tiva às suas rei­vin­di­ca­ções». Destas, na re­so­lução são re­fe­ridas:
 – A re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral e a re­jeição da pro­posta de lei la­boral do Go­verno do PS;
 – O au­mento geral dos sa­lá­rios de todos os tra­ba­lha­dores e a fi­xação, a curto prazo, do sa­lário mí­nimo na­ci­onal em 850 euros;
 – O com­bate à pre­ca­ri­e­dade nos sec­tores pri­vado e pú­blico, ga­ran­tindo que a um posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um con­trato de tra­balho efec­tivo;
 – A con­sa­gração das 35 horas de tra­balho se­manal para todos, sem re­dução de sa­lário e con­tra­ri­ando a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios, as adap­ta­bi­li­dades, os «bancos» de horas e todas as ten­ta­tivas de ge­ne­ra­lizar a la­bo­ração con­tínua e o tra­balho por turnos;
 – O re­forço do in­ves­ti­mento nos ser­viços pú­blicos, nas fun­ções so­ciais do Es­tado e na va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, para as­se­gurar me­lhores ser­viços às po­pu­la­ções.
A CGTP-IN con­si­dera ina­cei­tável que, em pe­ríodo de fé­rias, o Go­verno tente aprovar a sua pro­posta de lei que, «se fosse vi­a­bi­li­zada, re­pre­sen­taria um pro­fundo re­tro­cesso so­cial e la­boral».
O PS e o seu Go­verno, pro­testa-se na re­so­lução, «não só não res­ti­tuem aos tra­ba­lha­dores o di­reito de ne­go­ci­ação e de con­tra­tação co­lec­tiva, re­vo­gando a ca­du­ci­dade e ou­tras normas gra­vosas das leis la­bo­rais, como in­sistem, com o apoio do PSD, do CDS e do PAN, numa pro­posta de lei que le­gi­tima e agrava a pre­ca­ri­e­dade, acentua a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios e mantém todas as ma­té­rias que fa­ci­litam, pro­movem e apro­fundam a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores».
O Con­selho Na­ci­onal con­si­dera que se trata de «uma ofen­siva contra todos os tra­ba­lha­dores» e que, por isso, «pre­cisa da mo­bi­li­zação geral», con­fluindo para 10 de Julho.
Na re­so­lução consta ainda um apelo «a toda a es­tru­tura» do mo­vi­mento sin­dical uni­tário, «para que agende o maior nú­mero de ple­ná­rios de tra­ba­lha­dores e re­force a or­ga­ni­zação sin­dical em todos os lo­cais de tra­balho, em­presas e ser­viços», de modo a «au­mentar a nossa ca­pa­ci­dade co­lec­tiva para or­ga­nizar, rei­vin­dicar, re­sistir, lutar e con­quistar».
Aos jor­na­listas, o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN anun­ciou também que a con­fe­de­ração vai mo­bi­lizar os seus ac­ti­vistas para es­tarem nas ga­le­rias da AR, no dia em que tiver lugar a vo­tação da pro­posta de lei.

Votar para avançar

Na re­so­lução, o Con­selho Na­ci­onal re­gista que, «apesar dos avanços al­can­çados com a luta dos tra­ba­lha­dores, no quadro da nova re­lação de forças exis­tente na As­sem­bleia da Re­pú­blica», «as op­ções do Go­verno, no que é es­tra­té­gico e es­tru­tural, são con­ver­gentes com as do PSD e do CDS e com os in­te­resses do grande ca­pital».
Para a CGTP-IN, há que «dar um salto no de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial», «fazer a efec­tiva rup­tura com a po­lí­tica de di­reita», eli­minar «os cons­tran­gi­mentos que con­denam os tra­ba­lha­dores à po­breza e o País ao atraso e sub­de­sen­vol­vi­mento».
As elei­ções de 6 de Ou­tubro «re­vestem-se de ele­vada im­por­tância» e «o voto dos tra­ba­lha­dores pode ser de­ci­sivo para avançar nos di­reitos, le­vando as suas as­pi­ra­ções e a sua luta até ao voto, apoi­ando os que sempre se so­li­da­rizam com as suas rei­vin­di­ca­ções e lutas, e para im­pedir que PS, PSD e CDS re­tomem o ca­minho do re­tro­cesso eco­nó­mico, so­cial e la­boral».

 

PS ao con­trário

«Im­porta es­cla­recer que pro­postas o PS está a apre­sentar agora», sa­li­entou Ar­ménio Carlos, que es­teve acom­pa­nhado por De­o­linda Ma­chado, Fer­nando Gomes e Ana Pires, mem­bros da Co­missão Exe­cu­tiva.
Citou, como exemplo, o alar­ga­mento do pe­ríodo ex­pe­ri­mental até 180 dias, para jo­vens à pro­cura de pri­meiro em­prego e de­sem­pre­gados de longa du­ração, ob­ser­vando que «não se pode dizer que se é contra e de­pois, como fi­zeram os de­pu­tados do PS, apre­sentar uma pro­posta que per­mite três re­no­va­ções de 180 dias e mais uma de 30 dias para estes mesmos con­tratos, para ocu­pação de um posto de tra­balho per­ma­nente».
Ar­ménio Carlos re­feriu ainda o caso dos con­tratos de muito curta du­ração, lem­brando que «o grupo par­la­mentar do PS ga­rantiu à CGTP-IN que es­tava contra» o alar­ga­mento destes con­tratos a sec­tores para lá da agri­cul­tura e do tu­rismo, mas apre­senta na AR «uma pro­posta que, no es­sen­cial, mantém o que es­tava no texto do Go­verno: ad­mite con­tratos de muito curta du­ração para a agri­cul­tura e o tu­rismo e para “ser­viços cor­re­la­ci­o­nados”, ou seja, para todos».



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