Comício grandioso como são a Festa e o Partido

João Chasqueira

Em­pol­gante, su­blime, gal­va­ni­zador - assim foi o co­mício da Festa. Não há outra forma de o des­crever ou ca­rac­te­rizar. O que ali se viveu e foi par­ti­lhado pelos muitos e muitos mil que en­cheram o re­cinto tan­gente ao palco 25 de Abril e es­paços ad­ja­centes foi uma exal­tante ex­pressão de con­fi­ança no fu­turo, só pos­sível porque ela pró­pria é in­se­pa­rável da in­do­mável força do ideal que a su­porta e mo­tiva.

Não há por isso exa­gero na ad­jec­ti­vação quando se está pe­rante aquele que é o maior acto po­lí­tico de massas que o País co­nhece, único como única é a Festa onde se in­sere nas suas mul­ti­fa­ce­tadas di­men­sões – essa ins­pi­ra­dora e ex­tra­or­di­nária obra er­guida de forma sin­gular pela acção mi­li­tante dos co­mu­nistas e do seu Par­tido. «Ad­mi­rável cri­ação», assim a de­fi­nira dois dias antes Je­ró­nimo de Sousa no acto de aber­tura.

E não se trata de abordar a questão apenas pelo seu lado quan­ti­ta­tivo – o que de si já seria muito e muito sig­ni­fi­ca­tivo, tendo so­bre­tudo em conta que com­pa­rável em termos de par­ti­ci­pação só mesmo o re­fe­rido acto que marcou o ar­ranque da Festa.

A dis­tin­guir o co­mício – e este é outro ele­mento for­te­mente di­fe­ren­ci­ador - está tudo o que o en­volve e dele emana: a sua at­mos­fera con­ta­gi­ante, de energia, de fra­ter­ni­dade e ca­ma­ra­dagem, numa afir­mação de von­tade co­lec­tiva re­ve­la­dora da força e vi­ta­li­dade do Par­tido e do seu pro­jecto de cons­trução de uma so­ci­e­dade nova li­ber­tada de todas as formas de ex­plo­ração.

Am­bi­ente vi­brante onde luta e de­ter­mi­nação com­binam com ale­gria e festa, par­ti­lhadas por quem tem em comum os va­lores da so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista, da paz e da jus­tiça so­cial.

É pre­ciso avançar!

E foi assim, diga-se, do prin­cípio ao fim do co­mício na­quele do­mingo de tem­pe­ra­turas altas, no imenso cír­culo frente ao palco que desde essa manhã se apre­sen­tara ainda mais co­lo­rido pelas seis largas faixas nele co­lo­cadas en­vol­vendo todo o pe­rí­metro com ins­cri­ções ins­tando ao re­forço da CDU nas elei­ções de Ou­tubro. Porque essa, sa­bemos, é con­dição para que o País avance, para que avance e não recue por exemplo na me­lhoria dos trans­portes pú­blicos, no au­mento das re­formas e pen­sões ou no au­mento geral dos sa­lá­rios e do sa­lário mí­nimo na­ci­onal para os 850 euros.

Essa mesma at­mos­fera com­ba­tiva era en­tre­tanto já per­cep­tível mesmo antes do co­mício, num cres­cendo de ex­pec­ta­tiva à me­dida que se apro­xi­mava o seu início. Facto ob­ser­vável em vá­rios pontos do re­cinto onde as or­ga­ni­za­ções ul­ti­mavam pre­pa­ra­tivos para a ele se di­ri­girem em des­file. Como na ro­tunda do lago si­tuada na ave­nida que vem da Me­di­deira, junto à or­ga­ni­zação do Alen­tejo, onde cen­tenas de pes­soas, ban­deiras des­fral­dadas, en­fi­lei­ravam em co­luna tendo à frente uma larga faixa onde se podia ler que o Alen­tejo é «re­gião com fu­turo», mas para tal «avançar é pre­ciso». Ou como na con­cen­tração junto à Ci­dade da Ju­ven­tude, for­mada também por cen­tenas de par­ti­ci­pantes, com pa­la­vras de ordem e panos tra­du­zindo o que são hoje pre­o­cu­pa­ções e an­seios, seus e de largas ca­madas ju­venis, dando por isso sen­tido à luta que é de todos e de todos os dias.

É o caso do com­bate à pre­ca­ri­e­dade ou da ne­ces­si­dade de mais in­ves­ti­mento na Es­cola Pú­blica, ques­tões que não pas­saram ao lado in­ter­venção da jovem co­mu­nista Alma Ri­vera do Se­cre­ta­riado e Co­missão Po­lí­tica da JCP, a pri­meira a in­tervir de­pois de Ca­rina Castro do Co­mité Cen­tral do PCP, que fez as apre­sen­ta­ções, ter dado início ao co­mício, co­me­çando por chamar para o palco as de­le­ga­ções es­tran­geiras, a que se se­guiram os mem­bros da di­recção da Festa e da JCP, da Co­missão Cen­tral de Con­trolo, dos or­ga­nismos exe­cu­tivos do PCP (Co­missão Po­lí­tica e Se­cre­ta­riado) e, por úl­timo, sob aplausos ainda mais vi­brantes, do seu Se­cre­tário-geral, Je­ró­nimo de Sousa, cuja in­ter­venção pu­bli­camos na ín­tegra, tal como a da jovem di­ri­gente da JCP e a de Ma­nuel Ro­dri­gues, da Co­missão Po­lí­tica e di­rector do Avante!.

Grande Par­tido

In­ter­ven­ções que foram sempre aten­ta­mente se­guidas por aquela massa hu­mana numa in­te­racção per­ma­nente, cri­te­ri­o­sa­mente su­bli­nhada ora por pa­la­vras de ordem ora por aplausos, numa ma­ni­fes­tação clara de uni­dade, co­esão e iden­ti­fi­cação plena com o Par­tido e a sua ori­en­tação, si­mul­ta­ne­a­mente re­ve­la­dora de ele­vada sen­si­bi­li­dade, cons­ci­ência e ma­tu­ri­dade po­lí­ticas.

No final, en­to­ados que foram por aquele gi­gan­tesco coro o «Avante ca­ma­rada», a In­ter­na­ci­onal e a Por­tu­guesa, às pri­meiras notas da «Car­va­lhesa», tudo se soltou ainda mais em in­con­tida ex­plosão de ale­gria e emoção, numa in­des­cri­tível e con­ta­gi­ante dança co­lec­tiva.

O co­mício fi­cava por ali, mas o es­pí­rito vi­vido não só per­du­raria até ao final da noite de do­mingo como ins­pi­rará as muitas ba­ta­lhas que temos pela frente, es­pe­lhando tudo o que a Festa é: um es­paço único de li­ber­dade, re­en­contro e con­vívio, fra­terno e so­li­dário, que se rein­venta e en­ri­quece a cada ano.




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