É com a CDU que os trabalhadores e o povo continuarão a contar

RE­GI­O­NAIS Mais de 40 anos de­pois, PSD perde a mai­oria ab­so­luta na As­sem­bleia Le­gis­la­tiva da Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira. A luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e a acção da CDU foram de­ter­mi­nantes.

CDU é a voz co­e­rente de es­querda no Par­la­mento da Ma­deira

Co­men­tando, ao final da noite de do­mingo, na sede na­ci­onal do PCP, os re­sul­tados elei­to­rais (ver quadro nesta pá­gina) Je­ró­nimo de Sousa sa­li­entou que a perda da mai­oria ab­so­luta do PSD «é o ele­mento mais re­le­vante», não es­tando em causa «a in­ter­rupção da po­lí­tica de ex­plo­ração e in­jus­tiças», até porque PSD e CDS, «com ou sem a cum­pli­ci­dade do PS, pre­param o pros­se­gui­mento da po­lí­tica de di­reita».

«A perda do poder ab­so­luto pelo PSD re­pre­senta a vi­tória da­queles que, como a CDU, ao longo de dé­cadas er­gueram a voz, deram com­bate, de­nun­ci­aram in­jus­tiças, mo­bi­li­zaram os tra­ba­lha­dores e o povo», des­tacou. A re­dução de um de­pu­tado da CDU «é um factor que pe­sará ne­ga­ti­va­mente na vida po­lí­tica da Re­gião», em par­ti­cular «na de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo».

Porém, mais cedo do que tarde, tal como acon­teceu em 2011, quando a CDU passou de dois para um eleito, «serão os pró­prios tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação a darem conta de que é esta a força que lhes faz falta». Aos que vo­taram na Co­li­gação, Je­ró­nimo de Sousa ga­rantiu que esse voto ««não será traído» e «con­tará em todos os mo­mentos», dentro ou fora do Par­la­mento Re­gi­onal, «para fazer ouvir os seus in­te­resses, de­fender os seus di­reitos, pesar para a cons­trução de so­lu­ções que ga­rantam uma vida me­lhor», re­alçou.

Re­sul­tado cons­truído a pulso
O Se­cre­tário-geral do PCP saudou, na oca­sião, «todos os ac­ti­vistas da CDU, mi­li­tantes do PCP, do PEV e muitos ou­tros sem fi­li­ação par­ti­dária, que deram corpo a uma cam­panha cons­truida a palmo», ba­seada na mi­li­tância e an­co­rada no es­cla­re­ci­mento e na mo­bi­li­zação, na pro­xi­mi­dade e co­nhe­ci­mento dos pro­blemas. Uma cam­panha que, su­bli­nhou, teve de vencer pre­con­ceitos e en­frentar meios des­pro­por­ci­o­nais.

O pró­prio re­sul­tado ob­tido pela CDU «não é se­pa­rável da ope­ração que ao longo dos meses foi di­ri­gida para animar uma bi­po­la­ri­zação ar­ti­fi­cial» e «ori­en­tada para cre­di­bi­lizar como hi­po­té­tica al­ter­na­tiva o PS», ig­no­rando os ele­mentos que, no es­sen­cial, fazem da­quele par­tido e do seu pro­jecto para a Ma­deira «uma mera fo­to­cópia do PSD». As crí­ticas do di­ri­gente co­mu­nista es­tendem-se à «di­vul­gação de son­da­gens en­co­men­dadas para pre­en­cher a no­tória falta de cré­dito do PS, com o ob­jec­tivo de am­putar a livre ex­pressão de voto de cada um».

«A cons­trução do re­sul­tado da CDU teve de en­frentar uma imensa dis­pa­ri­dade de meios re­la­ti­va­mente a al­gumas can­di­da­turas, os efeitos da pul­ve­ri­zação de can­di­da­turas muitas delas sem qual­quer outro ob­jec­tivo que não fosse o de fa­vo­recer a per­pe­tu­ação da po­lí­tica de di­reita, a os­ten­siva dis­cri­mi­nação da co­mu­ni­cação so­cial na­ci­onal e mesmo re­gi­onal, a per­sis­tência de erros na ex­pressão da von­tade elei­toral a partir da con­fusão com sím­bolos de ou­tros par­tidos como mais uma vez se pode cons­tatar», apontou Je­ró­nimo de Sousa.

Cons­truir so­lu­ções

Numa de­cla­ração po­lí­tica sobre as elei­ções de 22 de Se­tembro e o quadro po­lí­tico re­gi­onal delas re­sul­tante, a CDU lembra que, tal como o PCP sempre afirmou, «a der­rota do PSD não era con­dição bas­tante para afastar a po­lí­tica de di­reita» e que PS, PSD e CDS «par­ti­lham na Re­gião das mesmas op­ções que têm mar­cado o per­curso de ex­plo­ração, in­jus­tiças e de­si­gual­dades».

Neste sen­tido – re­força-se no do­cu­mento di­vul­gado na se­gunda-feira – é «ca­ri­cato ouvir o PS a pro­curar no CDS força de apoio e su­porte à sua po­lí­tica» e «es­cla­re­cedor que PS e PSD iden­ti­fi­quem no CDS o par­ceiro comum».

«Os de­mo­cratas, os ho­mens e mu­lheres de es­querda que en­tre­garam o seu voto ao PS, em nome de uma apre­goada “mu­dança”, têm agora a prova das con­cep­ções e pro­jectos que o PS re­ser­varia para a Re­gião, o en­gano a que foram le­vados em nome de uma falsa “al­ter­nância”», alerta a Co­li­gação PCP-PEV, as­se­gu­rando que não vai pac­tuar para «de­li­near e con­cre­tizar uma po­lí­tica con­trária aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo, de fa­vo­re­ci­mento dos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos, de in­ten­si­fi­cação da ex­plo­ração e das in­jus­tiças».

Res­postas para os pro­blemas
Re­cla­mando «uma outra po­lí­tica», a CDU as­sume o com­pro­misso de «as­se­gurar o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e o pro­gresso so­cial» e «afirmar a Au­to­nomia en­quanto ins­tru­mento ao ser­viço do povo da Re­gião».

«A res­posta aos pro­blemas da Re­gião e do povo exige a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores; a de­fesa dos ser­viços pú­blicos, a co­meçar pelo fi­nan­ci­a­mento do Ser­viço Re­gi­onal de Saúde e re­jeição dos pro­jectos de apoio aos grupos pri­vados da saúde; a va­lo­ri­zação da es­cola pú­blica; a res­posta aos graves pro­blemas ha­bi­ta­ci­o­nais as­se­gu­rando o di­reito cons­ti­tu­ci­onal à ha­bi­tação; a con­fir­mação do sector em­pre­sa­rial pú­blico e re­gi­onal com a re­versão de pro­jectos em curso com vista à pri­va­ti­zação de em­presas; a ga­rantia do di­reito ao trans­porte com a exi­gência do cum­pri­mento de ser­viços pú­blicos por parte da TAP e com rup­tura com a sub­missão aos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos que mo­no­po­lizam o trans­porte ma­rí­timo», es­pe­ci­fica a Co­li­gação PCP-PEV.

Por úl­timo, co­mu­nistas e eco­lo­gistas exigem o «fim à pro­mis­cui­dade entre o poder re­gi­onal e os grupos eco­nó­micos com os quais con­sa­bi­da­mente PSD, CDS e PS par­ti­lham li­ga­ções e cum­pli­ci­dades».

 



Mais artigos de: Nacional

Aeroporto no Montijo não tem futuro

IN­SE­GURANÇA A con­sulta pú­blica ao Es­tudo de Im­pacte Am­bi­ental (EIA) sobre o novo ae­ro­porto no Mon­tijo re­gistou 1086 par­ti­ci­pa­ções. Per­sistem as pre­o­cu­pa­ções com a saúde, se­gu­rança das po­pu­la­ções e das zonas so­bre­vo­adas.

CPPC aponta caminhos para a paz e a segurança internacionais

Assinalando o Dia Internacional da Paz, a 21 de Setembro, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) adiantou algumas medidas que as autoridades portuguesas deveriam tomar em defesa da soberania e da paz, «em coerência com o espírito e letra da Constituição da República Portuguesa»: a não participação de forças...