A quem serve o circo em torno do Novo Banco?

Vasco Cardoso

Há quem ainda não tenha percebido que, na fase em que estamos, quanto mais ruído se criar em torno do Novo Banco, mas diluídas e difusas ficam as responsabilidades de quem promoveu o desastre em que se transformou este processo e mais distante fica a necessária opção da recuperação da sua propriedade e controlo públicos.

PS, PSD e CDS estão profundamente interessados nessa estratégia e já são os primeiros a exigir (ou acompanhar) novas auditorias, novas Comissões Parlamentares de Inquérito, novas rondas de audições públicas e de milhares de páginas e documentos que é preciso conhecer e divulgar. Multiplica-se no plano público a exposição de personagens do universo BES, onde a mistura entre futebol e política aguça o apetite das audiências e facilita a manobras de diversão. O objectivo é segmentar a informação, espartilhar a análise, confundir e criar elementos de distração (sobretudo acessórios) e levar a que se perca a noção do todo, tornando complexo e opaco aquilo que que deveria ser simples e transparente. O País já gastou mais de 8 mil milhões de euros com o Novo Banco, logo o Novo Banco deveria ficar nas mãos do Povo português. Parece lógico, não é?!

A política de privatizações – a que entregou o BESCL à família Espírito Santo ou a que «vendeu» o Novo Banco à Lone Star -, a submissão do poder político aos «Donos Disto Tudo» como Ricardo Salgado e outros, a conivência de reguladores (Banco de Portugal, CMVM, etc) ou de auditores (e a na sua infinita «independência») sempre ao lado da concentração capitalista, o papel da União Europeia que impôs a resolução do banco «sem custos para os contribuintes», a porta giratória entre os partidos da política de direita e os altos cargos dos grupos económicos, nada disso é denunciado e colocado onde deveria estar: no banco dos réus. O processo BES/GES/Novo Banco é uma boa síntese da política de direita, do seu percurso ao longo de décadas e das dolorosas consequências para o País. A exigência da sua nacionalização, resistindo ao carrossel de notícias e acontecimentos que continua a suscitar, é um imperativo que se coloca e do qual o PCP não se desvia.




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