A CDU está a preparar o futuro de Évora

Com a CDU e num futuro próximo, Carlos Pinto de Sá vê o concelho de Évora como o «principal motor de desenvolvimento do Alentejo», tendo em conta as suas «potencialidades únicas do ponto de vista económico, cultural, ambiental e de localização». Ao Avante!, o presidente da autarquia, que se recandidata a um terceiro mandato, revelou que o objectivo principal passa pela melhoria da qualidade de vida dos eborenses.

Mais de 15 milhões de euros de investimento municipal

O que tem de diferente o projecto da CDU relativamente a outras forças políticas?
Os outros pretendem gerir o sistema. Nós queremos transformar a sociedade. Estamos a olhar para o futuro e a construir uma sociedade melhor.

Como respondes às críticas dos teus adversários políticos?
As críticas que vêm das oposições são diferenciadas, algumas são agressivas, demagógicas, em particular as do PS, que arrasou o município. Há um conjunto de indicadores económicos e financeiros que tivemos de recuperar, o que impossibilitou fazer os investimentos e a transformação que queríamos. Ainda estamos a pagar uma negociata absolutamente inqualificável, com vista à privatização da água, quando entregaram (o PS) a rede da água em alta às Águas de Portugal. Só neste processo o povo de Évora já pagou mais de 105 milhões de euros. Nós (CDU) queremos recuperar a gestão da rede, uma vez que a água deve ser pública.

Já se esqueceu a prestação do PS?
O PS, em particular, tem tentado apagar da memória os 95 milhões de euros que deixou de dívida. Este é apenas um dos indicadores. Convém lembrar que o prazo médio de pagamento a fornecedores era de 867 dias; tínhamos um excesso de endividamento de 32,5 milhões de euros; um défice orçamental negativo de 11 milhões de euros; um resultado liquido negativo de 12 milhões de euros.

E hoje?
Em 2018 atingimos o equilíbrio financeiro. Neste momento, estão a decorrer mais de 15 milhões de euros de investimento municipal.

e em termos de investimento privado?
Na campanha eleitoral de 2013, o PS e o PSD diziam que se a CDU vencesse os investidores privados desapareciam. Nestes últimos anos tivemos o maior investimento privado de sempre: mais de 200 milhões de euros.

Há poucos dias, um grupo hoteleiro anunciou um investimento de 21 milhões de euros. Temos ainda empresas a instalarem-se na área da aeronáutica, das tecnologias de informação, da energia, da agropecuária e da agricultura.

As medidas para contrariar a desertificação do interior do País são honestas?
Temos recebido dos sucessivos governos um desprezo profundo. Nas últimas décadas, o interior do País perdeu um conjunto muito significativo de população, que continua a deslocar-se para o litoral. Tudo isto tem a ver com os modelos económicos e sociais implementados. Recordo que uma parte substancial do Orçamento do Estado (OE) vai para o Litoral e que o Alentejo, que ocupa um terço do território nacional, recebe valores na ordem dos quatro por cento.

Nós não precisamos de anúncios mediáticos ou medidas pontuais, mas sim de uma política nacional de desenvolvimento regional.

Como se pode travar o abandono nas freguesias rurais?
Têm que ter as condições mínimas, um posto médico, uma escola, uma creche, bons transportes. Mas isso não está a acontecer. Pelo contrário, aquilo a que temos assistido é ao encerramento dos serviços públicos e a liquidação das freguesias.

Mesmo assim, conseguimos que se instalassem em duas freguesias rurais uma empresa de descasque de amêndoas e um lagar.

Por outro lado, realizámos um importante investimento municipal: na iluminação pública; criando áreas de reabilitação urbana; melhorando as escolas que são da responsabilidade da Câmara; levando a Cultura às freguesias rurais.

Recordo que o PS devia um milhão de euros às freguesias. Nós não só pagámos essa dívida como aumentámos, todos os anos, os valores da descentralização de competências para as freguesias, sem as discriminar.

Quais os principais problemas que subsistem no concelho?
Temos tido dificuldades na rede viária, que se degradou muito. No entanto, já conseguimos organizar os serviços da Câmara para intervir nesse âmbito. Também na higiene e limpeza estamos a criar condições muito significativas.

Entretanto, entregámos 140 habitações municipais, investimos na reabilitação de habitações, adquirimos casas com dívidas e, numa perspectiva de futuro, criámos um plano local de habitação, que prevê, em seis anos, um investimento de 63 milhões de euros, de forma a garantir a construção de 200 habitações. Por outro lado, temos procurado contribuir para que haja uma oferta de residências estudantis.

Que outras opções terão que ser tomadas num futuro próximo?
Depois de recuperadas as contas da Câmara, precisamos conceber estratégias para o futuro. Na área do ambiente, temos em andamento um grande projecto internacional, intitulado «POCITYF», que pretende testar 70 novas tecnologias em ambientes diferentes: no centro histórico, na zona industrial e numa pequena aldeia. O concelho de Évora vai ter uma aplicação de nove milhões de euros. Vamos ainda recuperar o Aqueduto da Água de Prata, potenciar o Laboratório Vivo para a Descarbonização e avançar com um plano de mobilidade sustentável.

Queremos ainda que Évora tenha um maior peso e dinâmica cultural. Estamos a preparar a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura, não tanto pelo título, mas para garantir um processo que garanta a transformação de mentalidades.

É credível o processo de transferência de competências do Estado para as autarquias?
O Governo está a ver-se livre dos seus problemas, como a falta de investimento nas escolas, na saúde, na habitação, na acção social. Mas há uma centralização nas áreas onde há grandes interesses, na água, por exemplo, onde há milhões e milhões de euros a «correr». Ainda este ano, duplicaram a taxa dos resíduos sólidos, que aparece na factura dos municípios, mas que é entregue ao Governo.

Se houvesse vontade de fazer uma verdadeira descentralização, ter-se-ia avançado com a Regionalização.

O que falta aqui fazer por parte do Poder Central?
O Hospital Central do Alentejo, em Évora, é uma proposta que o PCP há muito vem reivindicando.

Exigimos, também, a ligação ferroviária Sines-Évora-Espanha, que é absolutamente estruturante para o País. Nós não queremos ver passar o comboio e, por isso, defendemos que Évora deve ter um terminal de mercadorias. Mas queremos mais: que esta linha possa ser usada por passageiros.

Outra medida importante seria tirar o IP2 de dentro da cidade de Évora. Aliás, esta via divide o actual Hospital, o que é único no mundo.

Paralelamente, seria muito importante para o concelho criar uma escola de saúde e mais investimento público na habitação.

Com a CDU, como vês Évora daqui a quatro anos?
Do ponto de vista económico, vejo uma economia mais diversificada, forte, com micro, pequenas, médias e grandes empresas, de vários sectores, com capacidade de gerar o desenvolvimento e manter as raízes do Alentejo e de Évora.

Num curto espaço de tempo, este concelho será ainda uma referência cultural, a nível nacional e internacional, e promoverá políticas que tenham em conta as alterações climáticas.

 

Reconhecido percurso, pessoal, profissional e político

Carlos Pinto de Sá nasceu a 10 de Janeiro de 1958, em Montemor-o-Novo. É bacharel em Ciências Sociais, mestre em Economia e professor assistente do Departamento de Economia da Universidade de Évora, áreas de Política Económica, História do Pensamento Económico e Economia da Integração Europeia, com publicações em domínios como a organização da actividade económica e o emprego, a organização e o financiamento do Poder Local, a regionalização.

É membro do Conselho Geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses, do Conselho Nacional da Água; presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil e do Conselho Intermunicipal da CIMAC-Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central.

É Membro da Direcção da Organização Regional de Évora e da Comissão Concelhia de Évora do PCP.

A sua experiência política começou muito cedo, antes do 25 de Abril de 1974, na Oposição Democrática, através do seu pai. «Participei activamente naquilo que ficou conhecido como as “farsas” eleitorais de 1969 e de 1973. É aí que tenho o meu primeiro contacto com a política», revelou. Depois da Revolução dos Cravos, passou por vários sectores, tendo trabalhado num escritório de uma Unidade Colectiva de Produção (UCP) e foi fundador da Associação de Estudantes da Universidade de Évora.

«Foi uma experiência que me ajudou muito como presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo (1994)», afirmou, acentuando que «uma característica do PCP» é o «trabalho em equipa». Depois, «os vários colectivos que integrei proporcionaram-me uma experiência muito rica, o que me tem ajudado muito nestes dois últimos mandatos em Évora», valorizou o autarca.

Experiências diferenciadas
Em termos pessoais, Carlos Pinto de Sá recorda um «percurso longo e com experiências muito diferenciadas», como quando frequentou uma escola primária numa freguesia rural de Montemor-o-Novo onde «constatei uma situação de pobreza que não conhecia». A professora, que era também sua tia, «juntava os farnéis e à hora do almoço dividia a comida por todos. Só anos mais tarde percebi porque o fazia». «Depois entrei num colégio da elite de Montemor-o-Novo. Esse contraste marcou-me muito», adiantou.

Quando entrou para o Partido, em 1974, conheceu Dinis Miranda, destacado dirigente comunista, um dos seus «grandes professores do ponto de vista político».

Valorizou, por isso, a participação do Secretário-geral do PCP na apresentação da sua candidatura a presidente da Câmara Municipal de Évora, que se «propõe continuar um trabalho de profunda mudança e recuperação do concelho».

 



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