Salários baixos nos autocarros recusados com greve

Com a greve de dia 20, os tra­ba­lha­dores do trans­porte pri­vado ro­do­viário de pas­sa­geiros deram uma grande de­mons­tração de des­con­ten­ta­mento, sobre a qual os pa­trões do sector de­ve­riam re­flectir.

Tra­balho es­pe­ci­a­li­zado e pe­noso tem de ser va­lo­ri­zado

A ob­ser­vação foi feita pela Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções, numa nota pu­bli­cada na tarde de se­gunda-feira. A Fec­trans/​CGTP-IN in­formou que a luta ocorreu em todo o País, re­gis­tando «em muitas em­presas, ele­vados ní­veis de adesão, acima dos 75 por cento», e «mesmo pa­ra­li­sação total nou­tras, o que sig­ni­fica uma grande de­mons­tração do des­con­ten­ta­mento no sector».

Neste quadro, as ad­mi­nis­tra­ções das em­presas e a as­so­ci­ação pa­tronal (An­trop) «devem re­flectir» sobre a res­posta à rei­vin­di­cação de au­mento do sa­lário-base, para in­verter a ac­tual des­va­lo­ri­zação e para evitar que, «num cur­tís­simo es­paço de tempo», se ge­ne­ra­lize o pa­ga­mento do sa­lário mí­nimo na­ci­onal ou de sa­lá­rios com valor muito pró­ximo do SMN, a tra­ba­lha­dores com ele­vados ní­veis de res­pon­sa­bi­li­dade e de co­nhe­ci­mento.

Mas, para a Fec­trans, as de­cla­ra­ções do pre­si­dente da An­trop a des­va­lo­rizar a greve de­notam que «o ob­jec­tivo da as­so­ci­ação pa­tronal é esse mesmo, porque em con­tra­ponto à rei­vin­di­cação sin­dical, fala na hi­pó­tese de au­mento de cerca de sete euros por mês».

«Se há dis­po­ni­bi­li­dade da An­trop para o diá­logo e ne­go­ci­ação, que marque uma reu­nião com as or­ga­ni­za­ções subs­cri­toras do pré-aviso de greve e que se apre­sente com uma pro­posta re­a­lista», re­tor­quiu a fe­de­ração.

A greve re­petiu-se no dia 21, apenas na Ro­do­viária de Lisboa (Grupo Bar­ra­queiro), com uma adesão su­pe­rior à do pri­meiro dia. Com os tra­ba­lha­dores em greve, nas ins­ta­la­ções da RL, em Santa Iria de Azóia, es­teve no dia 20 a Se­cre­tária-geral da CGTP-IN.

Na STCP, a greve con­vo­cada pelo STRUN para dias 20 e 21, por um maior au­mento do sa­lário-base, co­meçou com uma adesão de cerca de 70 por cento, in­formou o sin­di­cato da Fec­trans, ad­mi­tindo que an­te­ontem, em ple­nário, os tra­ba­lha­dores pu­dessem de­cidir novas lutas.

Outra greve na­ci­onal está con­vo­cada para 1 de Ou­tubro, abran­gendo de novo as em­presas onde se aplica o con­trato co­lec­tivo de tra­balho (ver­tical), sejam ou não fi­li­adas na An­trop, para exigir:

– au­mento ime­diato do sa­lário-base de mo­to­rista para 750 euros;

– ac­tu­a­li­zação, na mesma per­cen­tagem, do sa­lário dos de­mais tra­ba­lha­dores e do sub­sídio de re­feição;

– re­dução do in­ter­valo de des­canso para o má­ximo de duas horas.

A greve de dia 1 volta a abranger também em­presas com acordos (AE) pró­prios, mas onde, sem res­postas pa­tro­nais, os tra­ba­lha­dores lutam pela va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios.

 

Fer­ro­viá­rios com razão

«Só a razão não re­solve o pro­blema», co­mentou a Fec­trans, de­pois de o mi­nistro das Infra-es­tru­turas ter afir­mado, dia 17, que os tra­ba­lha­dores da CP e da IP têm razão para fa­zerem a greve con­vo­cada para 8 de Ou­tubro.

A fe­de­ração de­sa­fiou o go­ver­nante a «en­cetar um pro­cesso de ne­go­ci­ação aberto e sem des­culpas de ou­tros mi­nis­té­rios», para al­cançar «um acordo que res­ponda às rei­vin­di­ca­ções», no­me­a­da­mente, o au­mento do sa­lário, a ad­missão de tra­ba­lha­dores, a igua­li­zação das con­di­ções de tra­balho e a cer­ti­fi­cação dos fer­ro­viá­rios.

Do mi­nistro a fe­de­ração «exige que, a partir dessa de­cla­ração, faça o que não fez» du­rante mais de um ano de ne­go­ci­a­ções.

A greve de 8 de Ou­tubro foi anun­ciada na con­cen­tração que o Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores do Sector Fer­ro­viário, as co­mis­sões de tra­ba­lha­dores da CP e da IP, a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais e ou­tras seis or­ga­ni­za­ções sin­di­cais le­varam a cabo, no dia 16, junto da sede da CP e da re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro.

 



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