Trabalho não deve pagar pela falta de microchips

Perante a falta de microchips que está a afectar, principalmente, o sector automóvel e de material eléctrico, «é preciso salvaguardar os salários e os empregos, os horários de trabalho e o direito a férias», acentua a Fiequimetal.

O Governo fugiu às suas responsabilidades

Em nota de imprensa divulgada anteontem, 26, o Secretariado da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêuticas, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal) salienta que os motivos para a «ruptura nas cadeias de fornecimento de microchips» vão «além da maior procura de equipamentos de electrónica de consumo».

«A principal causa desta rotura radica na circunstância de, há várias décadas, as principais empresas de produção destes componentes terem operado deslocalizações para o continente asiático, com o propósito de saciarem a sua vontade de acumulação de lucros. As multinacionais optaram pelo just in time (produzir a quantidade exacta de um produto, de acordo com a procura), sem reserva de stocks», esclarece a Federação.

Salvaguardar os interesse dos trabalhadores

Perante este problema, que tem motivado paragens parciais de produção, a Fiequimetal defende que «os trabalhadores não podem ser prejudicados, nos seus salários, nos horários de trabalho e noutros direitos».
Considera por isso um «escândalo» a aplicação do lay-off simplificado para «salvaguardar os interesses patronais». «Aceitar essa ideia significaria banalizar uma solução que surgiu numa situação absolutamente excepcional. A falta de microchips é da exclusiva responsabilidade das multinacionais em particular da organização das suas cadeias de produção, até porque existem interdependências estratégicas entre elas», acusa a Federação, acrescentando: «Não seria razoável que, perante uma situação desta natureza, os recursos públicos, nomeadamente da Segurança Social, servissem para salvar os riscos associados aos negócios».

Intervenção urgente do Governo

Nos sectores abrangidos pela Fiequimetal, são cerca de dez mil os trabalhadores de empresas afectadas por esta conjuntura. «É uma dimensão bastante para merecer uma intervenção urgente do Governo, no sentido de salvaguardar os direitos dos trabalhadores», reclama a Federação, considerando «inqualificável» o facto de o Ministério da Economia ter declinado um pedido de reunião, feito em Junho deste ano, por forma a abordar esta problemática, recorrendo ao «absurdo argumento» de que tal assunto é da competência do Ministério do Trabalho, o qual também ignorou a solicitação da referida reunião.
A Fiequimetal e os seus sindicatos permanecem atentos ao evoluir da situação e apelam a que os trabalhadores «continuem vigilantes, organizados e prontos a agir colectivamente, logo que tal se mostre necessário».




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