Alegre moda do «Pisca Pisca»
«Na educação, no trabalho, na Justiça, na função pública, na relação com os sindicatos, na afirmação do primado da política e na urgência de libertar o Estado de interesses que o condicionam. Seria preciso que o PS fosse capaz de se reencontrar consigo mesmo, com os seus valores» (11/07/2008). «Se há desigualdade e pobreza, a esquerda do PS e a outra têm de estabelecer pontes de encontro e de diálogo para encontrar soluções alternativas» (31/05/2008). «Em vários artigos, defendi que esse Código de Trabalho fragilizava a contratação colectiva e os sindicatos (…) Como socialista jamais poderei aceitar um Código Laboral que agrave ou mantenha uma situação de desfavor nas relações laborais contra os trabalhadores. Isso é impensável para qualquer socialista». (14/07/2008). «O SNS não pode continuar a ser drenado pelo sector privado, até não ser mais do que um serviço residual (…) Eis o que não pode ser ignorado e tem de ser invertido, dignificando as carreiras e melhorando a remuneração». (16/01/2019). Estas são apenas algumas das citações do passado de Manuel Alegre, o protagonista dos encontros do Teatro da Trindade e da Aula Magna na primeira década do Século, autoproclamado «unificador da esquerda», «consciência critica» do PS e ideólogo da sua dita «ala esquerda».
As citações seguintes são também de Manuel Alegre, mas do passado fim-de-semana: «Se querem um entendimento à esquerda não venham dizer que o Partido Socialista é um partido que faz políticas de direita. Isso tem que acabar. Eu vejo é que alguns não saíram nem da Revolução de Outubro, nem do assalto ao Palácio de Inverno (…) O Partido Socialista foi sempre (…) o partido charneira. E no dia em que o deixar de ser, deixará de ter a força que tem tido até agora na democracia portuguesa. Portanto, ele tem que olhar à esquerda e tem que olhar à direita».
A Legislação Laboral, a luta contra a caducidade, a «apaixonada» defesa do SNS, o combate à pobreza e desigualdades e os «desfavores» aos trabalhadores, evaporaram-se do seu coração e palavras numa sua recente entrevista, pobre de conteúdo e rica em preconceito. O conceituado poeta e escritor, parece, tal como o primeiro-ministro, rendido, afinal, à conhecida e popular «moda» de Ruth Marlene: «eles olham para a direita, e pisca pisca (…) andam praí a piscar a ver se arranjam conquista».