Acções em todo o País para defender e recuperar o SNS

Em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), entre os dias 6 e 12 de Dezembro realizaram-se, por todo o País, concentrações à porta dos centros de saúde e hospitais, reuniões públicas, distribuição de documentos e sessões de esclarecimento.

É preciso contratar mais profissionais

Estas acções foram agendadas pelo Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP), que alerta para uma «continuada degradação dos serviços de saúde que, se não for invertida, agravará para milhões de portugueses a dificuldade em ter acesso aos cuidados de que necessitam».

Neste sentido, o MUSP afirma ser «urgente» tomar medidas de valorização do SNS e travar a saída acelerada de profissionais de saúde dos serviços públicos, por não encontrarem condições de trabalho e remunerações adequadas, nem disporem de uma justa valorização das suas carreiras.

Assim, é preciso contratar mais profissionais – médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, administrativos, incentivando «a sua dedicação exclusiva e a sua fixação nas zonas mais carenciadas». Ainda segundo o utentes, nos cuidados primários de saúde «é essencial garantir a mais de um milhão de portugueses o médico de família que hoje não têm, bem como a atribuição a todos de enfermeiros de família».

Acabar com a discriminação entre os utentes integrados em Unidades de Saúde Familiar e os que não estão; dotar os centros de saúde de meios mínimos para exames e tratamentos e de respostas em horário alargado que permitam, de facto, resolver os problemas mais simples sem ir à urgência hospitalar, são outras das reivindicações, bem como recuperar os atrasos no acompanhamento das situações crónicas de saúde causados pela pandemia e as listas de espera para consultas de especialidade, exames, tratamentos e cirurgias.

Para o MUSP é ainda necessário investir na melhoria de muitos edifícios de unidades de saúde; impedir que, através de uma falsa descentralização administrativa, se desvirtue a Constituição da República Portuguesa e se substitua este SNS por serviços municipais de saúde, cada um a funcionar de um modo, sem garantir os princípios da universalidade e da igualdade em todo o território nacional; terminar definitivamente com as taxas moderadoras e com as parcerias público-privadas na saúde.

Esclarecer a população
No sábado, 11, várias dezenas de utentes do Centro de Saúde de Almancil, concelho de Loulé, participaram numa concentração à porta do equipamento para exigir a melhoria do acesso aos cuidados de saúde para a população da freguesia. Em causa está a enorme dificuldade em aceder a uma consulta e aos tratamentos necessários.

Além de um pedido de reunião à direcção do Centro de Saúde, os utentes decidiram realizar um abaixo-assinado dirigido à Administração Regional de Saúde do Algarve e ao Agrupamento de Centros de Saúde do Central.

Em Grândola, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos realizou, no dia 8, uma sessão de esclarecimento com mais de cinco dezenas de utentes da Extensão de Saúde de Canal Caveira, com a presença do presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e de autarcas do concelho. Ali alertou-se para o facto de aqueles utentes estarem sem médico há mais de três meses. Também não é aceitável que no Hospital do Litoral Alentejano existam tempos de espera de consultas e cirurgias com cerca de 300 dias e que só exista um médico cardiologista para 100 mil utentes, bem como um médico urologista para todo o Litoral Alentejano.

No dia 9, a Comissão de Utentes da Saúde de Aveiro distribuiu o comunicado do MUSP no Hospital de Aveiro e no Centro de Saúde de Aveiro. A «pandemia que hoje vivemos só veio demonstrar que é o SNS que pode dar resposta às necessidades das populações», afirmam os utentes.

Na reunião de Câmara de Sintra, Pedro Ventura, vereador da CDU, saudou o MUSP pela realização da Semana de Defesa do SNS. Neste concelho, realizaram-se acções nos centros de saúde de Monte Abraão e Cacém, de Rio de Mouro e de Agualva, mas também uma tribuna pública na Estação da CP de Algueirão-Mem Martins.

Barreiro
Em nota divulgada no dia 7, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos (CUSP) do Barreiro manifestou «profunda satisfação» pela reabertura do Centro de Vacinação, no Parque Empresarial da Baía Tejo (antiga Quimiparque), uma «vitória» para «todos os que vivem e trabalham no Barreiro». A CUSP, desde o início de Outubro, defendeu que a deslocação da população para o Centro de Vacinação da Moita levaria a que muitos utentes acabassem por não serem vacinados, pela falta de condições, económicas, de mobilidade e/ou acompanhamento.

 



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