«Democracia» liberal-mediática

Cem ali­ados, pro­tec­to­rados e ONG pagas pelos USA par­ti­ci­param há dias na «ci­meira da de­mo­cracia», vir­tual - no con­teúdo an­ti­de­mo­crá­tico e na tec­no­logia di­gital -, en­ce­nada pela ad­mi­nis­tração USA, para travar o apro­fun­da­mento da crise es­tru­tural do sis­tema, de­fender a he­ge­monia di­mi­nuída do im­pe­ri­a­lismo e se­gurar o peso de Biden face ao «Trum­pismo».

As «con­clu­sões» do con­clave são mais do mesmo, mas com ên­fase re­for­çada no an­ti­co­mu­nismo fa­ná­tico, pro­vo­cação à R. P. da China e à Fe­de­ração Russa, nova «cor­tina de ferro», ex­por­tação da contra-re­vo­lução «re­for­mista», no plano eco­nó­mico, ide­o­ló­gico e po­lí­tico (bases para a «ajuda mi­litar»), in­tro­missão em países so­be­ranos, ajuda a «de­fen­sores da de­mo­cracia» para que vençam «elei­ções justas», como os «fel­lows» Bol­so­naro e Modi, im­po­sição do mo­delo USA de opressão dos di­reitos hu­manos dos povos pelos di­reitos (des)umanos da «li­ber­dade» de ex­plo­ração e (neo)co­lo­ni­a­lismo, com pro­gramas de cerca de dois mil mi­lhões de dó­lares dos USA, UE, Taiwan, etc., já com­pro­me­tidos e com re­visão anual.

Vale des­tacar, pela di­mensão brutal, a maior con­tri­buição fi­nan­ceira de sempre dos USA - au­mento de 40%, para 236 mi­lhões de dó­lares em 2022 -, para o «apoio ao jor­na­lismo in­de­pen­dente em todo o mundo», ou seja, para os grupos eco­nó­mico-me­diá­ticos de ma­ni­pu­lação e de­sin­for­mação ao ser­viço dos USA e seus amigos e nunca para apoio ao jor­na­lismo in­sub­misso às classes do­mi­nantes, que presa as normas do con­tra­di­tório, plu­ra­lismo, con­tex­tu­a­li­zação, rigor e ob­jec­ti­vi­dade.

Foi neste quadro que a «te­le­visão do apoio a Biden» deu o passo para Por­tugal. O Grupo Media Ca­pital, que ne­go­ceia agora as suas rá­dios com um grupo alemão, trans­formou a TVI 24 em CNN, sem qual­quer res­peito pela CRP - que im­pede a con­cen­tração e par­ti­ci­pação cru­zada dos média. Os ob­jec­tivos são: mar­ke­ting, au­di­ên­cias, pu­bli­ci­dade e lucro. O re­sul­tado, além do jantar das elites nos Je­ró­nimos, é um canal de in­for­mação-es­pec­tá­culo e tec­no­logia que sirva os in­te­resses e o mo­delo USA, na sobre-ex­plo­ração dos jor­na­listas, na de­fesa da «de­mo­cracia li­beral» e no do­mínio im­pe­ri­a­lista, sem he­si­ta­ções.

A breve prazo a luta pela li­ber­dade de ex­pressão e in­for­mação será ainda mais di­fícil, mas também mais exal­tante e fun­da­mental.




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