Militar entre as massas

Jacinto conta já com 50 primaveras vividas no campo, onde sempre trabalhou. Aliás, nesta estação do ano redobra-se na afã das sementeiras e das colheitas e é em cima do tractor que fala com o «Avante!».

Já trabalhou por conta de outrem, foi obrigado a exercer como prestador de serviços no sector primário. Hoje, Jacinto é um pequeno produtor de arroz no Vale do Sado – «sou o único empregado da minha empresa», graceja.

O Partido sempre esteve presente na sua vida. Tem muitos amigos e, de há uns meses a esta parte, alguns camaradas, com quem acumula experiências e partilha a luta pela sobrevivência, a fraternidade do trabalho, as perspectivas de uma vida digna num País que não tivesse sido entregue aos monopólios, como acabou por ser na intempérie da política de direita imposta por sucessivos governos.

Os ciclos do labor no campo, porém, nunca lhe permitiram entregar-se à militância comunista. Não é muito diferente agora, relata. «Por exemplo, agora entre Abril e Junho, tenho de aproveitar, dar tudo por tudo para não perder as culturas. E não sei como será...», afirma.

A dúvida não decorre da sua capacidade de trabalho. Nem tão pouco das condições climatéricas adversas recentes ou das que se advinham menos propícias à cultura a que se dedica. Os factores de produção aumentaram todos, mas o preço a que vende o arroz deixa-lhe uma margem cada vez menor.

Estes foram, aliás, os aspectos que o levaram a dar o corpo e a alma no associativismo, através do qual chegou ao PCP como membro activo. E consciente, tanto mais que, sublinha, as dificuldades não são apenas sentidas pelos pequenos produtores agrícolas da Península de Setúbal, cujos problemas, anseios e aspirações sabe de cor. «Quem ganha o Salário Mínimo Nacional e tem de fazer 50 quilómetros para ir trabalhar, anda a pagar para o fazer», lamenta Jacinto.

A história da adesão de Patrícia ao PCP é um pouco diferente. Família e amigos são, em boa parte, militantes e votantes do Partido. Quando era mais jovem, militou na Juventude Comunista Portuguesa e teve alguma actividade. Chegou a ser candidata na lista da CDU à freguesia do Lavradio, concelho do Barreiro.

A política sempre fez parte da sua vida, portanto, embora «sem grande envolvimento prático depois desse período», faz questão de salientar. Agora, com 45 anos, esta farmacêutica que nunca exerceu outra profissão, voltou a ser desafiada para a intervenção autárquica – na freguesia de Alhos Vedros, concelho da Moita, à qual foi candidata nas últimas eleições para os órgãos do poder local democrático.

O apelo que tinha sentido na sua juventude, voltou a fazer sentido concreto. Patrícia viu, de novo, que queria integrar o grande colectivo de homens e mulheres fraternos, solidários, que se mobilizam e agem para transformar a sociedade. Decidiu aderir ao PCP, e tal como Jacinto, concentra, por hora, a sua intervenção na associação local de mulheres e na associação de pais de uma escola. Onde se encontram as massas e onde, se sabe, o Partido deve estar.



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