PCP pela democratização do acesso à livre criação e fruição culturais

O PCP re­a­liza no pró­ximo dia 15 de Maio, nas ins­ta­la­ções da Timbre Sei­xa­lense, o seu En­contro Na­ci­onal de Cul­tura, que de­cor­rerá sob o lema De­mo­cra­ti­zação, li­ber­dade cul­tural – Por um ser­viço pú­blico de Cul­tura.

A mer­can­ti­li­zação da Cul­tura li­mita a in­de­pen­dência dos cri­a­dores

É ob­jec­tivo deste en­contro apro­fundar e sin­te­tizar a ava­li­ação de um con­junto de re­a­li­dades que in­cidem sobre a Cul­tura, no seu mais vasto sig­ni­fi­cado, cujo de­sen­vol­vi­mento as­sume par­ti­cular sig­ni­fi­cado.

Contam-se, entre elas, os pro­cessos de mer­can­ti­li­zação dos ob­jectos cul­tu­rais de­cor­rentes do ge­ne­ra­li­zado en­ten­di­mento da Cul­tura en­quanto área da eco­nomia; o enorme cres­ci­mento global das cha­madas «in­dús­trias cul­tu­rais»; a ten­dência de pri­va­ti­zação, sub­fi­nan­ci­a­mento e des­res­pon­sa­bi­li­zação do Es­tado em re­lação à Cul­tura (for­te­mente ace­le­rada desde o an­te­rior en­contro, re­a­li­zado em 2007); o no­tável re­forço da or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores da Cul­tura; a im­por­tância do mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo po­pular e de muitas au­tar­quias no alar­ga­mento do acesso à cri­ação e fruição cul­tu­rais.

Todas estas ques­tões apontam para uma pri­o­ri­dade: a ur­gência de propor aos cri­a­dores, aos tra­ba­lha­dores da Cul­tura e, em geral, aos tra­ba­lha­dores e ao povo, como grande ob­jec­tivo comum a con­cre­ti­zação de um Ser­viço Pú­blico de Cul­tura. Mais do que a agre­gação e fun­ci­o­na­mento ar­ti­cu­lado e sus­ten­tado de um con­junto de es­tru­turas, ins­ti­tui­ções, en­ti­dades, re­cursos e meios, o que o PCP propõe é uma vi­ragem nas po­lí­ticas para o sector.

Meios e fi­nan­ci­a­mento

A na­tu­reza e eixos desse Ser­viço Pú­blico de Cul­tura serão ques­tões em des­taque no En­contro do pró­ximo dia 15: a de­mo­cra­ti­zação, a par­ti­ci­pação, a dis­se­mi­nação ter­ri­to­rial, os meios, os apoios. Este ob­jec­tivo só é pos­sível com o ade­quado fi­nan­ci­a­mento, pro­pondo o PCP para já a con­sa­gração de 1 por cento do Or­ça­mento do Es­tado, no ca­minho da atri­buição de 1 por cento do PIB.

Esta res­pon­sa­bi­li­dade pú­blica pela Cul­tura, como o PCP a con­cebe, nunca re­pre­sen­tará qual­quer tipo de tu­tela do Es­tado sobre es­tru­turas e com­pa­nhias. Antes ga­ran­tirá a au­to­nomia e a in­de­pen­dência que são hoje for­te­mente li­mi­tadas pelas en­gre­na­gens dos apoios e pela en­trega do sector ao dito mer­cado. O Ser­viço Pú­blico de Cul­tura pro­posto pelos co­mu­nistas re­cu­pe­rará de algum modo a no­tável di­nâ­mica que nas dé­cadas pos­te­ri­ores ao 25 de Abril con­cre­tizou enormes pro­gressos em termos de equi­pa­mentos, de acesso à cul­tura, de de­sen­vol­vi­mento cul­tural. Foi, de certa forma, uma das di­nâ­micas de Abril que se re­per­cutiu du­rante mais tempo, muito em­bora tenha sido, como ou­tras, blo­queada e, em parte, re­ver­tida.

Factor de eman­ci­pação

O PCP parte para este en­contro sus­ten­tado na re­flexão do an­te­rior, re­a­li­zado em 2007. A re­so­lução po­lí­tica então apro­vada per­ma­nece um im­por­tante do­cu­mento de re­gisto de um longo per­curso his­tó­rico, de ele­mentos teó­ricos fun­da­men­tais, de con­so­li­dação po­lí­tica e ide­o­ló­gica de uma frente de com­bate de pri­meiro plano no Pro­grama e no pro­jecto do PCP.

O de­bate e as con­clu­sões deste se­gundo en­contro, que tem os ob­jec­tivos fun­da­men­tais atrás enu­me­rados, não pas­sarão ao lado do ac­tual quadro po­lí­tico na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, em que se ve­ri­fica um forte ataque à li­ber­dade cul­tural e também à li­ber­dade in­di­vi­dual de cri­ação e fruição da cul­tura, in­va­dida pelos in­te­resses do ca­pital trans­na­ci­onal e do im­pe­ri­a­lismo, que pro­curam ins­tru­men­ta­lizá-la para a do­mi­nação e a guerra. A visão dos co­mu­nistas é oposta e muito mais ampla, na es­teira do pen­sa­mento de Bento de Jesus Ca­raça, as­su­mindo a Cul­tura como factor de eman­ci­pação hu­mana e de con­quista da li­ber­dade.

 



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