Custos de produção sobem mais do que o preço do leite

O PCP pros­se­guiu o Ro­teiro sobre So­be­rania Ali­mentar com uma vi­sita a uma ex­plo­ração lei­teira e for­ra­geira, em Monte Re­dondo, Leiria. Je­ró­nimo de Sousa pediu «me­didas ex­cep­ci­o­nais» para um sector em di­fi­cul­dades.

«Os únicos que não mandam nos preços são os pro­du­tores»

Na sexta-feira, a vi­sita do Se­cre­tário-geral do PCP à Uziel de Car­valho,em­presa com o nome do pro­pri­e­tário, foi acom­pa­nhada por João Frazão e Ângelo Alves, ambos da Co­missão Po­lí­tica, e por ou­tros di­ri­gentes lo­cais do Par­tido. Esta ex­plo­ração lei­teira as­so­ciada da LAC­TI­COOP, fun­dada na dé­cada de 80 do sé­culo pas­sado, hoje tem mais de 400 ca­beças de gado e nove tra­ba­lha­dores (já foram 16), um deles Uziel de Car­valho.

No início, «eu é que fazia a or­denha e ama­nhava as terras. Fe­liz­mente fui cres­cendo e al­gumas pes­soas con­ti­nu­aram ao meu lado», des­tacou. Re­cen­te­mente, a em­presa in­vestiu na ro­bo­ti­zação da or­denha vo­lun­tária, bem como no pa­vi­lhão de re­pro­dução. Como nos ex­plicou, a má­quina lê o chip de cada vaca, per­mi­tindo que o animal seja or­de­nhado por sua ini­ci­a­tiva e ne­ces­si­dade. Outra das «apostas» passa pela efi­ci­ência, sendo a va­caria auto-su­fi­ci­ente em termos ener­gé­ticos. Ga­rante também as ne­ces­si­dades ali­men­tares dos bo­vinos, através da pro­dução for­ra­geira.

Graves pro­blemas

Mas os pro­blemas – tal como em muitas ou­tras ex­plo­ra­ções na­ci­o­nais – são muitos neste sector. «An­daram a pagar o leite abaixo dos preços de custo e muitas va­ca­rias fe­charam», co­mentou Uziel de Car­valho. Na­quela se­mana, ali perto, em Va­lado dos Frades, uma va­caria com 600 ca­beças en­cerrou. Je­ró­nimo de Sousa acres­centou que nos úl­timos anos, em Por­tugal houve uma re­dução de mais de 90 por cento destas ex­plo­ra­ções.

Para além do en­ve­lhe­ci­mento dos pro­du­tores, quando os mais jo­vens não obtém ren­ta­bi­li­dade su­fi­ci­ente para poder viver e formar fa­mília, a maior di­fi­cul­dade são mesmo os preços dos fac­tores de pro­dução. Por exemplo, as ra­ções su­biram mais de 50 por cento e os fer­ti­li­zantes 300 por cento.

In­qui­rido sobre o au­mento do preço do leite (54 cên­timos desde Ou­tubro, quando antes era pago a 31 cên­timos) que não com­pensa os au­mentos dos custos de pro­dução, o pro­pri­e­tária sa­li­entou que «só a margem das grandes su­per­fí­cies é que au­mentou», uma vez que o leite era ven­dido na loja a 48 cên­timos e agora está a cerca de 90 cên­timos. «Os únicos que não mandam nos preços são os pro­du­tores», acres­centou.

Na parte final e aos jor­na­listas, Je­ró­nimo de Sousa voltou ao tema, no­tando que «não é o pro­dutor que está a ser be­ne­fi­ciado, nem o con­su­midor», mas «as grandes su­per­fí­cies que au­men­taram o preço do leite, es­que­cendo as di­fi­cul­dades reais e a in­se­gu­rança que re­sulta dos custos de pro­dução, com con­sequên­cias que podem ser dra­má­ticas para Por­tugal».

Nesse sen­tido, exigiu uma res­posta cé­lere do Go­verno, desde logo nos com­bus­tí­veis (que au­men­taram 80 por cento nos úl­timos tempos) ou na ga­rantia de uma ta­bela de preços, para que os pro­du­tores tra­ba­lhem com «tran­qui­li­dade» e «se­gu­rança».

Sobre as res­postas que in­te­gram a pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado, a «ex­pe­ri­ência» do Se­cre­tário-geral do PCP diz-lhe que muitas vezes não são «to­tal­mente exe­cu­tadas», com «tudo o que isso sig­ni­fica». Por fim, con­si­derou in­com­pre­en­sível que Por­tugal «não possa ter auto-su­fi­ci­ência em termos de leite», aler­tando que «se houver algum es­tran­gu­la­mento neste sector pro­du­tivo, quem fica a perder são os por­tu­gueses e o País». «Toda a gente fala dos dé­fices, mas nin­guém fala do dé­fice ali­mentar», que «pre­ci­samos com­bater», su­bli­nhou.

 



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