102 anos do Partido que luta para transformar a vida

«Não somos nós que estamos parados no tempo, o que está há muito ultrapassado é o caminho político que está em curso, a opção pelo empobrecimento e exploração», afirmou Paulo Raimundo, Secretário-geral do PCP, no comício do 102.º aniversário do Partido que se realizou, dia 4, na Voz do Operário, em Lisboa.

«A democracia e o socialismo não são passado, mas o futuro pelo qual vale a pena lutar»

O grande comício de sábado foi a primeira das grandes iniciativas que assinalaram e continuarão a assinalar o 102.º aniversário do PCP, um Partido que, nas palavras proferidas pelo Secretário-geral, «conta na sua história com quase meio século de luta contra o fascismo», tendo sido o «único que não capitulou, não cedeu, nem renunciou à luta», que se «entregou com audácia na procura e construção dos caminhos da liberdade» e aquele cujos militantes podem afirmar orgulhosamente que «não houve avanço ou conquista dos trabalhadores e do povo português que não tivesse a sua iniciativa, luta e intervenção».

Aos muitos militantes que estiveram presentes ao longo do dia na Voz do Operário para a X Assembleia da Organização Regional de Lisboa (ver páginas 8 e 9) juntaram-se muitos outros para celebrar 102 anos de vida e de luta, certos de que o melhor estará ainda por vir. Findados os trabalhos da Assembleia, era agora vez do comício de aniversário. O salão cheio e a famosa inscrição numa das suas paredes («Trabalhadores Uni-vos), o vermelho das bandeiras acabadas de distribuir e a garra dos muitos que acabavam de sair de um dia de intenso debate sobre como melhor intervir e lutar no distrito de Lisboa.

Não poderia, pois, haver cenário mais apropriado para celebrar o aniversário do Partido.

 

O País precisa de respostas

Para o palco, com Paulo Raimundo, subiram Francisco Lopes, da Comissão Política e do Secretariado, Ricardo Costa, da Comissão Política, Luísa Araújo, da Comissão Central de Controlo, vários dirigentes regionais do Partido e da JCP. Coube ao Secretário-geral a única intervenção daquele final de tarde.

«Temos uma realidade no País e no mundo cujas marcas são as desigualdades e as injustiças. É esta a realidade de todos os dias, a realidade com que se confrontam os trabalhadores, as populações e amplas camadas da sociedade», começou por observar. «Para estes sobram o aumento dos preços e do custo de vida, sobram baixos salários e pensões, sobra a pobreza, o aumento das rendas, sobram as dificuldades e os sacrifícios», enquanto que «para os grupos económicos sobram os lucros e sobram as decisões políticas em função dos seus interesses e objectivos», apontou.

São 11 milhões por dia os lucros que as grandes multinacionais arrecadam. «Muitos números, muitos zeros, muita massa nos bolsos de muitos poucos», criticou Paulo Raimundo, acusando logo de seguida os partidos da política de direita de estarem alinhados sempre na defesa dos grupos económicos contra os salários, os direitos e as condições de vida de quem trabalha e trabalhou. Dos vários exemplos que enunciou, sobressai um: a proposta da fixação dos preços de bens essenciais apresentada pelo PCP foi chumbada pelo PS, PSD, Chega e IL. «Na prática votaram a favor da especulação, do aumento dos preços.».

No ataque ao SNS e a outros serviços públicos, na TAP, na habitação e nos lucros da banca, o alinhamento e a falta de resposta do Governo são semelhantes. «São anúncios de que a economia cresceu, mas a realidade é que as condições de vida das pessoas estão piores», denunciou o dirigente, acrescentando que «há sempre razões para que a maioria seja empurrada para o acelerado empobrecimento, ao mesmo tempo que os grupos económicos concentram milhões de euros de lucros, esses mesmo que ganham com a guerra e as sanções».

 

«A razão está do nosso lado»

«Temos razão, por mais investimentos, por mais contrabando, por mais ofensiva, temos razão. Somos o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, lutamos contra quem quer cortar o salário aos trabalhadores, conduz ao empobrecimento, rouba direitos, e desregula os horários e a vida», afirmou o Secretário-geral. O PCP é, igualmente, o Partido da juventude, de quem luta pelo direito a estudar, à cultura, ao desporto, ao lazer, ao trabalho com direitos, à habitação, ao direito a constituir família.

Prosseguindo, o dirigente comunista acrescentou que «somos o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, partido de protesto e de projecto. Em relação à política de direita, à política de empobrecimento e de assalto à nossa soberania, de nós não esperem outra coisa que não seja um firme e determinado combate», acrescentou.

Para Paulo Raimundo, a realidade de todos os dias comprova que as soluções necessárias para os problemas do País nunca serão asseguradas por um Governo do PS ou pelos que lhes pretendem alternar. «Tudo dependerá da força que derem ao PCP, da força organizada e da luta dos trabalhadores e do povo. É com essa força que estamos e vamos construir a política necessária», garantiu.

 



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