Ao longo de cinco dias, os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE), acompanhados por dirigentes e militantes comunistas, percorreram nove concelhos da Península de Setúbal e contactaram com centenas de trabalhadores, utentes da saúde e dos transportes, membros da comunidade educativa, emigrantes, agricultores e pescadores; visitaram empresas, escolas e institutos públicos.

No périplo, foi possível identificar um conjunto de problemas que afectam as condições de trabalho e de vida das camadas laboriosas e entravam o desenvolvimento e progresso económico e social do País. Exemplos disso são a inaceitável intensificação dos ritmos de trabalho na AutoEuropa, que já levou a que cerca de 700 trabalhadores tenham restrições físicas, ou o elevado nível de precariedade no estaleiro da Lisnave, onde, entre os mais de 2000 trabalhadores que em média trabalharam diariamente no estaleiro, só 500 são de diferentes empresas do Grupo Lisnave. A progressiva desvalorização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou dos estabelecimentos escolares, a falta de investimento no Arsenal do Alfeite ou a carência de apoios à pesca e agricultura, também emergiram com gravidade.

Foram igualmente alvo de intervenção e discussão, em debates e tribunas públicas, problemas como a Ponte Barreiro – Chelas, o Novo Aeroporto Internacional de Lisboa, a situação no SNS, nos transportes públicos e o aumento do custo de vida. De resto, este último aspecto esteve sempre presente nas iniciativas e contactos, dado o agravamento constante dos preços dos bens e serviços essenciais a contrastar com a crescente exiguidade dos salários, marca de classe da política do Governo em benefício do grande capital.

Força para superar

A par do descontentamento face ao agravamento das condições de vida e trabalho, foi ainda relevante a disponibilidade manifestada por muitos para agir e superar dificuldades e imposições. Algo que se constatou nos contactos efectuados em empresas como a Navigator, SAPEC, Lisnave e Lisnave Yards, por melhores salários; na AutoEuropa e empresas do Parque Industrial, na Hanon ou Karl Zeiss, por horários dignos; por parte dos trabalhadores contratados por empreiteiros no Estaleiro da Mitrena, por direitos laborais e fim da precariedade.

No Arsenal do Alfeite, os trabalhadores batem-se, entre outros aspectos, pela modernização daquela unidade, no IPQ pela defesa das suas actividades e por direitos, na Administração Pública Central e Local pela dignificação das carreiras e melhoria dos salários.

Entre os emigrantes, a prioridade indicada é a da legalização e integração com plenos direitos, e se para os agricultores a luta é por uma política que promova a pequena agricultura, para os pescadores o foco está nas medidas, nacionais e europeias, que visam «dar a machadada final» na pesca local e artesanal, bem como na sua substituição por outras que apoiem a modernização do sector.

Utentes, profissionais e autarcas colocaram, com ênfase, a João Pimenta Lopes e Sandra Pereira a necessidade de reforço do SNS – com mais médicos, enfermeiros e outros profissionais, tendo transmitido, além do mais, a ampla contestação ao encerramento de mais serviços. Questões extensíveis às áreas da Educação e dos transportes públicos, cuja reivindicação andou a par da reclamação de investimento em infra-estruturas estratégicas, casos da ponte Barreiro-Chelas ou do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa.

Exigências e aspirações às quais os deputados do PCP no PE garantiram que vão continuar a dar voz, contribuindo, com a sua intervenção, para dar mais força à concretização das respostas necessárias.