Morte de jovem pela polícia origina protestos em França
A morte de Nahel Merzouk, um adolescente francês de 17 anos, de origem magrebina, alvejado a tiro no dia 27 de Junho por um polícia, numa operação de controlo de trânsito, em Nanterre, na região de Paris, provocou uma vaga de protestos e tumultos na capital e em outras cidades.
Os violentos tumultos abrandaram de intensidade nos últimos dias, mas deixaram marca, com 45 mil polícias e gendarmes mobilizados: um número indeterminado de feridos, cerca de 3500 detidos, sobretudo jovens, danos em edifícios – sedes de autarquias, esquadras de polícia, bancos –, pilhagem de lojas, milhares de viaturas incendiadas, mobiliário urbano destruído.
Para o Partido Comunista Francês (PCF), que exigiu logo a 27 o apuramento dos factos sobre a morte de Nahel, «a cólera dos manifestantes é legítima mas esta violência em nada ajuda a luta pela verdade e justiça». O secretário nacional do PCF, Fabien Roussel, fez apelos a «uma poderosa mobilização pacífica», denunciando que os distúrbios estão a ser usados por forças reaccionárias, que «procuram reduzir a vida dos bairros populares apenas à manifestação da violência».
O PCF considera que, em França, no que diz respeito a segurança, assim como ao conjunto de políticas públicas, milhões de habitantes, de jovens, de assalariados, foram «abandonados pela República» e «não têm direito ao respeito, à dignidade, à justiça, a habitação decente, à educação, à cultura e ao lazer, a um emprego de qualidade». Esta situação «insuportável» é «o resultado de décadas de políticas neoliberais, ao serviço do capital e em detrimento dos trabalhadores do país, e de discriminações».
Neste contexto, os comunistas franceses apoiam «o apelo para uma juventude popular» apresentado por sindicatos e associações, exigindo «um plano ambicioso» para responder aos problemas da juventude.