Combater aumentos dos preços e a especulação com melhores salários e pensões

Aumento geral dos salários e das pensões, controlo dos preços dos principais bens e serviços têm sido propostas em que o PCP tem insistido. A realidade de milhares de famílias trabalhadoras confirma-as como urgentes para fazer face ao brutal aumento do custo de vida.

O Partido esteve e continua na linha da frente

Lusa

Sobra cada vez mais mês ao rendimento disponível de quem trabalha. Sobe tudo, só os salários e as pensões não acompanham esta subida, ao mesmo tempo que os grupos monopolistas que dominam a nossa economia amassam fortunas cada vez maiores. Estes são factos atestados pelo quotidiano crescentemente desesperante de milhares de famílias portuguesas.

O preço da habitação – rendas e prestações de créditos à habitação própria permanente, para os quais foram empurrados, durante décadas, os portugueses, totalizando actualmente quase 1,3 milhões de agregados –, contribui decisivamente para o sufoco da população. Essa razão tem levado o PCP a insistir na apresentação de propostas capazes de o minimizar, propostas essas que têm sistematicamente esbarrado no voto contra dos partidos da política de direita (ver páginas 6 e 7).

Note-se, ainda, que os mesmos PS, PSD, Iniciativa Liberal e Chega procuram, por estes dias, manipular a opinião pública debatendo o peso da carga fiscal sem, no entanto, clarificar nem qual é a verdadeira questão, nem quais os interesses que servem com os objectivos que pretendem cumprir (ver caixa).

O PCP previu e preveniu

Acresce a subida generalizada dos preços dos bens e serviços essenciais, que medidas como o «Iva Zero» não vieram aplacar. Razão teve e tem o PCP, para quem a medida para-propagandística do Governo teve um impacto quase zero na vida das pessoas, representando pouco mais do que a alteração da cor de alguns rótulos nos escaparates dos supermercados, e, simultaneamente, mais uma transferência de dinheiro público para a grande distribuição alimentar.

O Partido esteve e continua na linha da frente a apontar soluções para pôr fim à compressão do dia-a-dia daqueles que vivem de rendimentos do trabalho. A situação é inquestionável.

Entre Julho de 2021 e o mesmo mês deste ano, os preços cresceram como há cerca de três décadas não se verificava. Segundo o Índice de Preços no Consumidor (IPC), que não inclui as despesas com os empréstimos à compra de habitação nos orçamentos familiares, e como tal, ignora o enorme peso que essas mesmas despesas têm no orçamento mensal de centenas e centenas de milhares de famílias, a inflação foi, naquele período, cerca de 12,2%. Para esta subida contribuíram em especial as subidas dos preços dos produtos alimentares e energéticos e as despesas com habitação.

Regista-se agora uma desaceleração no aumento dos preços, particularmente da energia e dos géneros. Mas a tendência é demasiado empolada pelo Governo considerando o efeito acumulado dos aumentos nos últimos dois anos. Tanto mais que, em Julho deste ano, os produtos alimentares estavam 23% mais caros do que em 2021. Entre estes, o pão e cereais tinham subido 24%, a carne 24,3%, o leite queijo e ovos 25,5%, a fruta 24,9% e os produtos hortícolas 28,8%. Também em Julho, a factura de electricidade e gás consumido pelas famílias estava 19,7% acima do valor pago em 2021.

Salários: a questão decisiva

Já antes do actual surto inflacionista, o PCP colocava como uma emergência nacional o aumento geral dos salários (e das pensões), no sector público e privado, incluindo do salário mínimo nacional, medidas que, a par do fim da caducidade da contratação colectiva, teriam como consequência o crescimento do rendimento disponível dos trabalhadores. O abrupto e continuado aumento do custo de vida veio confirmar a justeza destas reivindicações e somou-lhes a legítima exigência do controlo dos preços dos principais bens e serviços, para travar a acelerada depauperação das massas, estancar a perda do poder de compra das famílias.

Recorde-se que o IPC não reflecte o custo com os créditos à habitação própria permanente. Se fosse esse o caso, a erosão do poder de compra, a diferença entre salários e IPC seria ainda maior.

Destaca-se, no entanto, que a luta reivindicativa permitiu alcançar aumentos salariais que repuseram o poder de compra para uma parte dos trabalhadores e que em várias situações foram além disso.

As fortunas, upa, upa!

A par das dificuldades das famílias e contrastando com este, os grupos monopolistas acumulam milhões de euros de lucros. Peca por defeito a denúncia do PCP de que a banca a operar em Portugal ganha 11 milhões de euros por dia.

Mas o regabofe do grande capital não se fica pela alta finança. Noutros sectores, o saldo do pecúlio arrecadado e em actualização permanente sugere a abertura de garrafas de champanhe a cada novo balancete. Nos últimos dezoito meses, o sector financeiro triplicou os seus lucros em relação a 2021. O sector da energia e telecomunicações viu os seus lucros aumentar 34%. O sector da grande distribuição aumentou os seus lucros em 76%.

Justifica-se a proposta comunista de taxação extraordinária dos lucros, medida que podia ser uma realidade caso os partidos do costume não tivessem impedido a sua aplicação emergente; medida que, seguramente, contribuiria para uma mais equitativa distribuição da riqueza entre trabalho e capital, para investir nos serviços públicos, nas funções sociais do Estado e nos seus profissionais, à míngua, como o povo, sacrificados no altar dos lucros e propositadamente degradados para, se o povo o não impedir com a luta organizada, serem privatizados, tornando-se nova fonte de riqueza para uma elite.

PS, PSD, Iniciativa Liberal e Chega falam, gritam, simulam discordâncias para ocultar que estão de acordo no essencial: permitir a extorsão dos trabalhadores e do povo e promover os lucros dos monopolistas.



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