«Fake», vampiros e luta

Carlos Gonçalves

«Fake» é como os média do­mi­nantes, em que pesa mais a po­lí­tica de di­reita dita «ci­vi­li­zada», de PS, PSD, CDS e IL, falam da cam­panha sem es­crú­pulos de­mo­crá­ticos do CH e do seu chefe, de no­tí­cias falsas com ima­gens também falsas rou­badas ao Pú­blico e à Re­nas­cença, com pro­vo­ca­ções xe­nó­fobas e pro­to­fas­cistas desse fu­lano sobre imi­gração e in­se­gu­rança.

Não que estas «fake», ou o facto de, até ver, passar in­có­lume a vi­o­lação da lei, sejam no­vi­dade. São men­tiras muito «ro­dadas», que di­manam da ló­gica in­trín­seca do sis­tema ide­o­ló­gico-me­diá­tico im­pe­ri­a­lista, de ex­plo­ração, opressão, mis­ti­fi­cação e guerra uber alles (acima de tudo) contra os tra­ba­lha­dores e os povos. E a ver­dade é que, nos di­versos planos – Ucrânia, crise ca­pi­ta­lista, ex­plo­ração, elei­ções –, as «fake» vão-se in­ten­si­ficar e agravar.

E abundam os grandes ne­gó­cios me­diá­ticos. É o caso de dois grupos de in­te­resses, cada um com cerca de 80 mi­lhões de euros – a Media Ca­pital (TVI, CNN,) e uns em­pre­sá­rios e qua­dros da casa –, que com­batem entre si para tomar conta do Grupo Co­fina (CMTV, CM, Sá­bado). Como é «normal» nesta «crise dos média», o des­fecho serão ga­nhos bru­tais para o ca­pital, mi­séria para os tra­ba­lha­dores e para as em­presas logo se vê.

Nesta guerra in­ter­ca­pi­ta­lista surge o edi­to­rial (de 21/​09) de E. Dâ­maso, «Di­rector-geral edi­to­rial ad­junto» do C. Manhã (ex-di­rector de quase tudo na Co­fina), cujo tí­tulo é «vam­piros do jor­na­lismo» e que se cita pelo di­ag­nós­tico: «os mai­ores pe­rigos (para o jor­na­lismo) vêm da ca­ni­ba­li­zação pela po­lí­tica e o poder eco­nó­mico, pela in­fluência me­diá­tica de obs­curos grupos de in­te­resses», (e) «pro­pri­e­dade opaca das em­presas, com di­nheiro de ori­gens mais que du­vi­dosas que atacam o jor­na­lismo», «a perda de poder das re­dac­ções não se re­solve com sub­sí­dios aos jor­na­listas» (mas que servem os média do­mi­nantes e as ne­go­ci­atas, digo eu). O di­ag­nós­tico de Dâ­maso é in­con­se­quente e sem al­ter­na­tiva, em­bora saúde a grande greve dos tra­ba­lha­dores da TSF, que o PCP va­lo­riza e apoia.

A al­ter­na­tiva está na luta dos jor­na­listas e tra­ba­lha­dores dos média em de­fesa de di­reitos, in­di­vi­duais e co­lec­tivos, con­sa­grados na Cons­ti­tuição, contra a con­cen­tração do poder eco­nó­mico nos média, na luta de todos os tra­ba­lha­dores e do povo pela li­ber­dade, por um Por­tugal com fu­turo.

 



Mais artigos de: Opinião

Por uma efectiva ligação às comunidades portuguesas

Ao longo das últimas décadas, Portugal tem vindo a perder capacidade de fixar a sua população e assiste à saída de milhares de portugueses que não encontram futuro no nosso país, que aqui não conseguem concretizar os seus projetos de vida. A relação de sucessivos governos do PS, PSD e CDS com...

Caiu-lhes a máscara

Depois da fria recepção nos EUA, onde – ao contrário do que se verificou anteriormente – não foi facultada a possibilidade de se dirigir ao Congresso, eis que Zelensky intervém no parlamento canadiano, na presença de Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, tendo sido recebido com um autêntico delírio apoteótico. A euforia...

A ordem

Já quase ninguém o nega: o mundo está a mudar e está a mudar depressa. No discurso político e mediático dominante no chamado Ocidente alargado lamenta-se já o anunciado fim da ordem mundial surgida do pós-Guerra Fria (que alguém garantiu um dia ser o Fim da História) e prevê-se o advento de um mundo menos livre,...

Muito barulho para esconder o silêncio

O caso de Julian Assange, o jornalista australiano fundador do WikiLeaks que desde Abril de 2019 apodrece numa prisão inglesa, após sete anos asilado na embaixada do Equador, é paradigmático da hipocrisia reinante no jogo de espelhos da nossa sociedade «democrática». Acusado pela «Justiça» norte-americana de 18 crimes,...

Não haverá limites?

É relembrado o físico norte-americano J. Robert Oppenheimer. O seu trabalho científico foi utilizado para os dois maiores crimes de guerra cometidos até hoje. Depois de Hiroxima e Nagasáqui terá citado um texto sagrado hindu: «Agora tornei-me Morte, o Destruidor de Mundos». Ainda passou mais. Os mesmos EUA que utilizaram...