Fixar e atrair profissionais de saúde ao SNS

Na sequência das de­cla­ra­ções do pri­meiro-mi­nistro na festa do Pontal, o PCP cri­ticou, an­te­ontem, dia 20, a es­tra­tégia do Go­verno para a área da Saúde, que con­si­derou ser in­su­fi­ci­ente, de­ma­gó­gica e ali­cer­çada em mera pro­pa­ganda.

As so­lu­ções apre­sen­tadas pelo pri­meiro-mi­nistro para o SNS são «ri­sí­veis»

A re­acção do Par­tido surgiu numa de­cla­ração pres­tada por Jorge Pires, membro da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, que evi­den­ciou o o avo­lumar das di­fi­cul­dade de acesso aos cui­dados de saúde no SNS. Esta questão, apontou, «não se re­solve com a es­tra­tégia do Go­verno PSD/​CDS em criar a ilusão de que está a en­frentar os pro­blemas que afectam o Ser­viço Pú­blico e que estão na origem dos en­cer­ra­mentos nas ur­gên­cias de obs­te­trícia e pe­di­a­tria e nos atrasos nas ci­rur­gias e con­sultas da es­pe­ci­a­li­dade».

«O dis­curso do pri­meiro-mi­nistro na festa do Pontal e as me­didas que aí anun­ciou são ri­sí­veis», cri­ticou. «A gra­vi­dade da si­tu­ação não tem res­posta com actos de pro­pa­ganda que acabam por criar uma si­tu­ação de grande in­se­gu­rança a quem pre­cisa de re­correr aos cui­dados de saúde», con­ti­nuou, apon­tando que a prin­cipal me­dida que Luís Mon­te­negro apre­sentou como re­a­li­zação sua foi a da «cri­ação da linha te­le­fó­nica es­pe­cial para grá­vidas que no es­sen­cial as en­ca­minha para so­lu­ções que as obrigam, nal­guns casos, a des­lo­ca­ções de horas e cen­tenas de qui­ló­me­tros».

«É falso que a si­tu­ação seja hoje me­lhor do que quando tomou posse», pois, «nesta com­pe­tição com o PS para ver quem faz pior, con­firma-se que a res­pon­sa­bi­li­dade da si­tu­ação ac­tual é par­ti­lhada por su­ces­sivos go­vernos do PS, PSD/​CDS, par­ti­cu­lar­mente nos úl­timos 25 anos», ex­plicou.

Se­gundo o di­ri­gente, a prin­cipal di­fi­cul­dade do SNS re­side no facto de muitos pro­fis­si­o­nais, «no­me­a­da­mente mé­dicos, en­fer­meiros e téc­nicos su­pe­ri­ores de saúde», terem vindo a trocar o ser­viço pú­blico pelos grupos eco­nó­micos, in­sa­tis­feitos que estão com a «des­va­lo­ri­zação das suas car­reiras, sa­lá­rios in­justos e falta de con­di­ções de tra­balho em muitas uni­dades».

So­lu­ções de banha da cobra
«Pe­rante esta si­tu­ação quais foram as so­lu­ções mi­la­grosas apre­sen­tadas pelo pri­meiro-mi­nistro?», in­ter­rogou. «Abrir mais duas fa­cul­dade de me­di­cina na Uni­ver­si­dade de Évora e na Uni­ver­si­dade de Trás-os-Montes, quando é sa­bido que a for­mação de um mé­dico com a es­pe­ci­a­li­dade con­cluída leva no mí­nimo mais de uma dé­cada», res­pondeu.

Para o PCP, a cri­ação de duas novas es­colas só pode ser en­ten­dida en­quanto «de­ma­gogia e falta de res­peito pela in­te­li­gência dos por­tu­gueses». «É agora que o SNS pre­cisa de mais mé­dicos, pelo que a so­lução passa por re­cu­perar para o ser­viço pú­blico aqueles que foram saindo e in­ter­romper este ciclo de saídas no final da for­mação de muitos jo­vens mé­dicos», o que só será pos­sível com a «va­lo­ri­zação das car­reiras, sa­lá­rios justos e me­lhores con­di­ções de tra­balho», ex­plicou, acres­cen­tando que o mesmo é exi­gido para en­fer­meiros, téc­nicos su­pe­ri­ores de saúde e ou­tros grupos pro­fis­si­o­nais.

 



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