Valores de Abril ganham vida em mural no centro de Lisboa

No âm­bito do pro­jecto Cum­prir, será inau­gu­rado, no dia 13, um mural co­lec­tivo de azu­lejos em Lisboa. Nesse sen­tido, o Avante! foi con­versar com Mi­guel Ja­nuário, res­pon­sável pela di­recção ar­tís­tica da ini­ci­a­tiva.

Na Cal­çada do Carmo, no dia 5, entre an­daimes, já se avis­tava o re­sul­tado final: 924 azu­lejos, das mais va­ri­adas cores, re­pre­sen­tando con­quistas, di­reitos, va­lores…enfim, Abril.

Ali, Mi­guel Ja­nuário, 43 anos, de­signer e ar­tista plás­tico, membro do PCP, re­velou-nos a origem do pro­jecto: «parte do Par­tido, que me de­sa­fiou a fazer uma cu­ra­doria de mu­rais pelo País com ar­tistas, para os 50 anos do 25 de Abril».

No en­tanto, disse, a ideia foi mu­dando, ga­nhando forma num de­safio à co­mu­ni­dade em geral, que pintou azu­lejos para se in­te­grarem em pai­néis alu­sivos ao cum­pri­mento de Abril e da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa (CRP).

«Aí surge o nome do pro­jecto», afirmou.

Um ano de ofi­cinas

Vendo os azu­lejos de perto, era di­fícil per­ceber o per­curso que os levou até ali, no que fomos es­cla­re­cidos: um ano de ofi­cinas, coma pri­meira na Festa do Avante! 2023. «Foi in­crível, ti­vemos cento e tal pes­soas a par­ti­cipar», re­cordou.

«De­pois, co­me­çámos a fazer ofi­cinas no Porto e Lisboa», onde,disse, «se cum­priu, também, essa coisa tão de­mo­crá­tica da re­flexão, do pen­sa­mento, da troca de ideias».

O ar­tista re­fe­ren­ciou, por exemplo, os sten­cils com ar­tigos da CRP, uti­li­zados na pin­tura, que obri­garam «as pes­soas a irem con­sultar as cons­ti­tui­ções de bolso que tí­nhamos nas ofi­cinas, e a ir ver o que é que sig­ni­fi­cavam», em di­men­sões como a ha­bi­tação, tra­balho ou igual­dade.

«No fim», afirmou, a rir, «de­sa­pa­re­ciam sempre al­gumas cons­ti­tui­ções, o que é muito bom, porque as pes­soas que­riam levá-las para casa e tê-las como ob­jecto de con­sulta».

Quanto aos ar­tistas, vincou, não fi­caram de fora. Mas, re­feriu, que «mais bo­nito ainda é teres ao lado do azu­lejo de uma cri­ança ou de um se­nhor de idade, o azu­lejo de um ar­tista».

Imagem que se avista

Ques­ti­o­nado sobre a imagem que, de longe, é for­mada no mural – um cravo e a pa­lavra «CUM­PRIR», com le­tras ina­ca­badas, sím­bolo do Abril ainda está por cum­prir –, o de­signer afirmou que esse foi o seu tra­balho de di­recção ar­tís­tica, «con­cep­tu­a­lizar o pro­jecto» e, de­pois, «olhar para os azu­lejos, se­parar por cores e co­meçar a pensar o que é que se podia fazer com isto».

Es­paço (que deve ser) de todos

Mi­guel Ja­nuário vincou, ainda, uma ideia es­sen­cial do pro­jecto: «re­clamar o es­paço pú­blico, que é cada vez mais to­mado pela pu­bli­ci­dade e pela pri­va­ti­zação». Exemplo disso, são as ci­dades, «onde está tudo mais caro, como a ha­bi­tação, e com um es­paço tor­nado cada vez mais lu­xuoso e di­fícil de ser nosso. E esta re­cla­mação do es­paço pú­blico é, também, im­por­tante, porque o es­paço é nosso, é das pes­soas».

Também no Porto, será inau­gu­rado (apesar de ainda sem data e local de­fi­nidos) um mural in­te­grado no pro­jecto. Ambos os mu­rais são ofertas do PCP às ci­dades de Lisboa e do Porto e as­si­nalam os 50 anos da Re­vo­lução de Abril.

 



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