Pela guerra é que nos querem levar

João Pimenta Lopes

Após a Hungria, a Polónia assumirá a Presidência rotativa do Conselho da União Europeia a 1 de Janeiro por um período de seis meses. Como é habitual, a presidência polaca integra uma presidência tripartida com Dinamarca e Chipre, orientada por um programa comum, que é aprovado pelo Conselho Europeu.

De trio em trio, de presidência em presidência, os programas não trazem particular novidade, em termos de conteúdo, no essencial replicando e aprofundando as linhas orientadoras do processo de integração capitalista europeu nas suas dimensões neoliberal, federalista e militarista. Do alargamento do mercado único, à liberalização de sectores. Do reforço das regras de constrangimento orçamental, a maiores restrições à regra da decisão por unanimidade no Conselho, convergindo para a concentração de poder nas grandes potências e na definição de políticas ao serviço dos seus grupos económicos.

Mas há um elemento, que sem ser tão pouco novidade, marca este trio, e o programa da presidência polaca em particular, pela contundência com que se coloca. A dimensão securitária e militarista à cabeças da lista das prioridades. “Segurança, Europa” é o título de abertura do programa polaco. Ora, mas se todos queremos segurança, porque é então negativa esta entrada. Poderia ser a segurança alimentar, mas cai por terra com a recente assinatura de mais um acordo de livre comércio com o Mercosur, que vai comprometer a produção agrícola de alguns países, como Portugal. Poderia ser segurança laboral, mas também é desconstruída com o privilegiar da dita competitividade e demais políticas de ataque a direitos com o patrocínio da UE. Poderia ser segurança colectiva na Europa, tema urgente a considerar para garantir a paz, no quadro de uma solução negociada que ponha fim ao conflito na Ucrânia.

Mas não. O que se trata é como que o preâmbulo da guerra para onde nos querem levar e com que nos querem levar. «Precisamos de uma acção concertada e ambiciosa na defesa europeia, complementando os esforços da NATO», é a primeira afirmação da primeira prioridade identificada. Apresentado o objectivo, segue a receita: «aumento dos gastos militares, uma indústria de defesa mais forte», «fortalecedo a cooperação com a NATO».

Seguem-se sem surpresas, o acenar de bandeira contra pretensas ameaças das migrações e da interferência externa, bichos papão que se alimenta junto das populações, omitindo causas, procurando justificar o injustificável, inclusive a introdução de políticas crescentemente securitárias sobre os povos nos Estados-Membros, comprometendo direitos fundamentais e anestesiando-nos para aceitar como inevitável, o caminho do militarismo e da guerra.

 



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