EUA querem controlar Gronelândia
Os EUA pretendem controlar a ilha dinamarquesa da Gronelândia, situada entre o Atlântico Norte e o Ártico, mas as autoridades locais e o governo em Copenhaga respondem que não estão à venda.
«Não estamos à venda», respondem autoridades da Gronelândia ao presidente eleito dos EUA
O governo da Dinamarca anunciou mais fundos para a militarização da Gronelândia, depois de o presidente eleito dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, ter afirmado que Washington precisa de tomar conta daquele território sob jurisdicação dinamarquesa.
Em Copenhaga, o ministro da Defesa, Lund Poulsen, não mencionou as verbas disponibilizadas, mas a imprensa estima que os fundos suplementares ascendem até dois mil milhões de dólares. Assim, a Dinamarca vai adquirir novos barcos de patrulha e drones de longo alcance, entre outro equipamento, revelou o jornal Ekstrablade. Explicou que o governo tenciona também aumentar o número de efectivos militares do seu Comando Ártico, em Nuuk, a capital da ilha. Pretende ainda melhorar um dos três principais aeroportos civis da Gronelândia, para que possa receber aviões de combate supersónicos F-35.
O presidente eleito dos EUA justificou a medida, através das redes sociais, com a estafada argumentação da «segurança nacional» e da «liberdade em todo o mundo», para as quais será essencial a «propriedade» e o «controlo» da Gronelândia. Já o primeiro-ministro da região, Mute Egede, ripostou que o território pertence ao povo. «Não estamos à venda e nunca o estaremos. Não devemos perder a nossa longa luta pela liberdade», vincou.
Numa resposta algo titubeante – entre a submissão aos EUA e o brio patriótico para eleitor ver –, o governo da Dinamarca reafirmou que o território «não está à venda», embora esteja «aberto à cooperação».
Durante o seu primeiro mandato presidencial (2017-2021), Trump propôs comprar a Gronelândia, considerando a aquisição «um grande negócio imobiliário». Argumentou então que o governo dinamarquês estava ansioso para se separar da ilha por razões económicas. Mas as autoridades da Dinamarca rejeitaram liminarmente o «negócio», o que levou o então presidente norte-americano, em 2019, a cancelar uma visita de Estado a Copenhaga.
A Gronelândia, antiga colónia dinamarquesa, integra desde 1953 o Estado da Dinamarca. Possui um parlamento próprio e elege dois membros para o órgão legislativo nacional. O governo local tem amplas competências, incluindo no sector da defesa.
A ilha, com uma superfície de mais de dois milhões de quilómetros quadrados – a maior parte coberta de gelo –, acolhe apenas cerca de 60 mil habitantes. É rica em ouro, prata, cobre e urânio, além de possuir vastas reservas de petróleo. Além disso, dá acesso ao Ártico, zona muito apetecível pelos recursos naturais e pelas rotas energéticas.