Agitação, sondagens e o que é preciso fazer

De re­pente, ca­mi­nhamos para elei­ções le­gis­la­tivas an­te­ci­padas, vi­rando do avesso todo o no­ti­ciário po­lí­tico e ins­ta­lando uma en­tu­si­as­mada agi­tação nas edi­to­rias de po­lí­tica e nas di­rec­ções dos prin­ci­pais ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial. Como o caso en­vol­vendo o pri­meiro-mi­nistro que foi o ca­ta­li­sador da crise que levou à queda do Go­verno evi­dencia, tal agi­tação é ple­na­mente jus­ti­fi­cada: afinal de contas, eles sabem o papel cen­tral que de­sem­pe­nham – e não é crí­tica, é cons­ta­tação.

Se­gundo uma re­cente son­dagem pu­bli­cada pelo Cor­reio da Manhã, as te­le­vi­sões con­ti­nuam a ser não apenas a prin­cipal fonte no­ti­ciosa mas de longe a mais con­fiada. «Se passou na te­le­visão é porque é ver­dade», e essa per­cepção (ver­da­deira ou não) num pe­ríodo elei­toral vale muito. Im­porta, por isso, a de­núncia re­do­brada das prá­ticas de ma­ni­pu­lação de massas, de ali­nha­mento e com­pro­missos po­lí­ticos, de op­ções que pro­movem uns em de­tri­mento de ou­tros. Ve­jamos as op­ções das prin­ci­pais es­ta­ções no que diz res­peito a en­tre­vistas a lí­deres par­ti­dá­rios: no Jornal da Noite da SIC pas­saram nas úl­timas se­manas os lí­deres do PS e do Chega; no Jornal Na­ci­onal da TVI juntou-se aos dois pro­ta­go­nistas que pas­saram pela SIC o pri­meiro-mi­nistro e pre­si­dente do PSD.

Já se adi­vinha o ar­gu­mento para jus­ti­ficar tais op­ções: trata-se das três forças po­lí­ticas mais re­pre­sen­tadas na As­sem­bleia da Re­pú­blica, o tempo de no­ti­ciário é li­mi­tado e é pre­ciso fazer op­ções. Mas a ver­dade é que, no caso da SIC, há quase oito anos que não se en­contra es­paço no prin­cipal no­ti­ciário da es­tação para uma en­tre­vista com o Se­cre­tário-Geral do PCP; na TVI foi há quatro anos, a pro­pó­sito do 100.º ani­ver­sário do Par­tido.

Nesta como nou­tras ma­té­rias, há uma apli­cação se­lec­tiva de cri­té­rios em pre­juízo do di­reito a uma in­for­mação ri­go­rosa, plu­ra­lista, livre de con­trolo po­lí­tico ou eco­nó­mico. É neste quadro me­diá­tico que se vão re­a­lizar as pró­ximas elei­ções, a 18 de Maio. Num pa­no­rama em que já se pre­param li­nhas de ataque e me­no­ri­zação do PCP e da CDU que vão marcar a cam­panha, pro­cu­rando ci­mentar ideias na ca­beça de quem vai de­cidir a sua opção de voto nas pró­ximas se­manas. De novo, ou­vimos a ve­lhinha pre­visão que é desta que o PCP de­sa­pa­rece. Há dias, uma co­men­ta­dora re­corria às son­da­gens para sus­tentar essa sua aná­lise – o pro­blema é que não há uma única son­dagem que aponte para tal ce­nário, ainda assim a afir­mação passou sem re­paro do jor­na­lista que con­duzia a emissão. A téc­nica é tão eficaz que, apesar de sus­ten­tada em nada que não sejam os de­sejos de quem a pro­fere, a pre­visão entra no dis­curso jor­na­lís­tico: por sinal, foi essa a pri­meira per­gunta feita ao Se­cre­tário-Geral do PCP à saída do úl­timo en­contro com o Pre­si­dente da Re­pú­blica.

Assim al­guns tentam cons­truir uma re­a­li­dade al­ter­na­tiva a que é pre­ciso dar com­bate: fazer uma grande cam­panha de con­tacto di­recto que seja o con­tra­ponto às horas de pro­pa­ganda em forma de co­men­tário, ao tra­ta­mento de­si­gual e a novos epi­só­dios da cam­panha me­diá­tica an­ti­co­mu­nista.

 



Mais artigos de: PCP

Almoço Alentejo celebra em força 104 anos do Partido

O mul­tiusos de Ar­rai­olos aco­lheu, no do­mingo, cerca de 800 mi­li­tantes e amigos do PCP no Al­moço Alen­tejo, este ano, co­me­mo­ra­tivo do 104.º ani­ver­sário do Par­tido, no qual par­ti­cipou o Se­cre­tário-Geral, Paulo Rai­mundo.

A defesa do SNS não espera por Maio

De­pois de ter apro­vado a cri­ação de Par­ce­rias Pú­blico-Pri­vadas em cinco hos­pi­tais, o Go­verno pre­tende alargá-las às uni­dades de cui­dados pri­má­rios de saúde que lhe estão as­so­ci­adas. O PCP alerta para os riscos da pri­va­ti­zação destes cui­dados para cerca de 2,5 mi­lhões de utentes.

Bombeiros e saúde no centro de visita ao Algarve

O de­pu­tado do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica, An­tónio Fi­lipe, es­teve em vi­sita, na se­mana pas­sada, à re­gião al­garvia. Dois en­con­tros, com a ULS Al­garve e com os Bom­beiros de Al­bu­feira, e uma tri­buna pú­blica, pre­en­cheram a agenda do eleito.

Desfile em Lisboa assinalará acção nacional Aumentar salários

Em declarações prestadas após a reunião do Comité Central de dia 17, Paulo Raimundo anunciou o desfile que o PCP levará por diante no dia 25 de Março, em Lisboa, dando «expressão à acção nacional Aumentar Salários e Pensões, para uma vida melhor» que tem sido dinamizada pelo Partido inteiro em todo o País e conta já com...

Defender a produção e os postos de trabalho

O PCP exige do Governo uma intervenção célere e decidida para travar o despedimento colectivo de 364 trabalhadores da Yazaki Saltano, empresa do sector automóvel no concelho de Ovar. Numa pergunta entregue na Assembleia da República, o Partido manifesta a sua solidariedade aos trabalhadores e garante que «usará todos os...

Audiência em Belém após queda do Governo

O PCP foi ouvido, no dia 12, pelo Presidente da República, no Palácio de Belém, Lisboa, na sequência da queda do Governo PSD/CDS. No final do encontro, Paulo Raimundo criticou o caminho que tem vindo a ser seguido, dando execução a «políticas dependentes das vontades e interesses dos grupos económicos», bem como os...