CPPC debateu caminhos da paz e da solidariedade

O CPPC pro­moveu no sá­bado, 29, três ini­ci­a­tivas em Lisboa: a 52.ª As­sem­bleia da Paz, uma con­fe­rência in­te­grada na Cam­panha de So­li­da­ri­e­dade com Cuba e uma ho­me­nagem ao pre­si­dente da mesa da as­sem­bleia, o mi­litar de Abril José Bap­tista Alves.

«Para fa­bricar armas é pre­ciso fa­bricar ini­migos»


Realizadas no auditório da CGTP-IN, as acções do CPPC possibilitaram o aprofundamento do conhecimento acerca de muitas das ameaças que estão hoje colocadas à paz e aos direitos dos povos e do debate sobre os caminhos para reforçar o movimento da paz em Portugal.

Na as­sem­bleia, a pri­meira das três ini­ci­a­tivas, es­teve em aná­lise a in­ter­venção re­a­li­zada em 2024 («in­tensa» e «no­tável» foram al­gumas das ex­pres­sões uti­li­zadas para a ca­rac­te­rizar), que abrangeu pra­ti­ca­mente todo o País, múl­ti­plas ex­pres­sões – de con­certos e ses­sões em es­colas até ma­ni­fes­ta­ções – e di­versas rei­vin­di­ca­ções: o fim da guerra e da con­fron­tação, o de­sar­ma­mento e a dis­so­lução dos blocos-po­lí­tico mi­li­tares, a so­li­da­ri­e­dade com os povos ví­timas da guerra mi­litar ou eco­nó­mica, como a Pa­les­tina, Cuba, Ve­ne­zuela, etc.

Ana­li­sando a in­ter­venção pas­sada e pro­jec­tando-a no fu­turo, re­alçou-se a im­por­tância de ligar a luta pela paz à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo pelos seus di­reitos e con­di­ções de vida e a ne­ces­si­dade de alargar a con­ver­gência e as par­ce­rias com di­fe­rentes or­ga­ni­za­ções e en­ti­dades: o IV En­contro pela Paz, que terá lugar no Seixal a 31 de Maio, é um bom exemplo disto mesmo, ao ser pro­mo­vido por 13 or­ga­ni­za­ções de di­versas áreas de in­ter­venção.

Pre­sente na as­sem­bleia, Fre­de­rico de Car­valho (membro da Pre­si­dência do CPPC e di­ri­gente da Or­ga­ni­zação dos Tra­ba­lha­dores Ci­en­tí­ficos) in­ter­veio sobre o dito «plano de re­ar­ma­mento da Eu­ropa», in­te­grando-o em dé­cadas de sub­missão aos EUA e no fa­vo­re­ci­mento da in­dús­tria do ar­ma­mento. Citou, a pro­pó­sito, o es­critor mo­çam­bi­cano Mia Couto: «Para fa­bricar armas é pre­ciso fa­bricar ini­migos. Para pro­duzir ini­migos é im­pe­rioso sus­tentar fan­tasmas.»

So­li­da­ri­e­dade com quem é so­li­dário
Na sessão de so­li­da­ri­e­dade, di­ri­gida pelo vice-pre­si­dente do CPPC, Rui Garcia, in­ter­vi­eram Laura Chacón e Ariel Mon­te­negro, da em­bai­xada de Cuba em Por­tugal, e a pre­si­dente da As­so­ci­ação de Ami­zade Por­tugal-Cuba (AAPC), Sandra Pe­reira. Nas vá­rias in­ter­ven­ções de­nun­ciou-se a cru­el­dade do blo­queio (que, por exemplo, privou o país de ven­ti­la­dores pul­mo­nares no pe­ríodo mais in­tenso da pan­demia de COVID-19) e a res­posta de Cuba para de­fender a sua Re­vo­lução: a edu­cação, ga­rantiu um dos cu­banos, tem-se re­le­vado uma das mais efi­cazes.

Apesar de ser um país pe­queno, com poucos re­cursos e cer­cado e ame­a­çado pela mais po­de­rosa po­tência eco­nó­mica e mi­litar do mundo, Cuba mantém um vasto con­junto de di­reitos so­ciais uni­ver­sais e de qua­li­dade e apoia com pro­fis­si­o­nais de saúde, va­cinas e tra­ta­mentos vá­rios países e povos do mundo. Não es­panta, pois, que ao agra­de­ci­mento dos di­plo­matas cu­banos à re­a­li­zação da­quela ini­ci­a­tiva se tenha res­pon­dido com o agra­de­ci­mento a Cuba pelo seu exemplo e pela so­li­da­ri­e­dade que presta aos povos do mundo.

Para se ter noção do que re­pre­senta o blo­queio para a vida dos cu­banos, foram adi­an­tados nú­meros re­ve­la­dores: o custo de 15 mi­nutos de blo­queio é equi­va­lente ao fi­nan­ci­a­mento ne­ces­sário para co­brir a pro­cura de apa­re­lhos au­di­tivos para cri­anças e ado­les­centes com de­fi­ci­ência que es­tudam no sis­tema de en­sino es­pe­cial do país; meia hora de blo­queio é equi­va­lente ao custo das ca­deiras de rodas eléc­tricas e con­ven­ci­o­nais ne­ces­sá­rias para sa­tis­fazer as ne­ces­si­dades do sis­tema de en­sino es­pe­cial; 25 dias de blo­queio dava para cum­prir os re­qui­sitos da Lista Na­ci­onal de Me­di­ca­mentos Es­sen­ciais du­rante um ano.

Sandra Pe­reira re­feriu-se à cam­panha de so­li­da­ri­e­dade, lem­brando que para lá «das con­tri­bui­ções fi­nan­ceiras (há um NIB e há ma­te­riais à venda para re­colha de fundos), que­remos re­co­lher ma­te­rial es­colar, brin­quedos, me­di­ca­mentos e ma­te­rial hos­pi­talar, bem como equi­pa­mentos ge­riá­tricos, que possam de­pois ser en­vi­ados para Cuba». No âm­bito da cam­panha, acres­centou, serão di­na­mi­zadas vá­rias ini­ci­a­tivas – desde de­bates à pro­jecção de filmes e do­cu­men­tá­rios, ex­po­si­ções, ses­sões cul­tu­rais, par­ti­ci­pação em feiras e eventos. «Acre­di­tamos que, com esta so­li­da­ri­e­dade, Cuba es­tará em me­lhor po­sição para en­frentar e ul­tra­passar os efeitos do blo­queio que lhe é im­posto há mais de seis dé­cadas», acres­centou.

Ho­me­nagem e con­fi­ança
A jor­nada ter­minou com a ho­me­nagem a José Bap­tista Alves, pre­si­dente da mesa da As­sem­bleia da Paz, que nesse mesmo dia cum­pria 82 anos. Des­tacou-se o seu per­curso de vida e de in­ter­venção, que o le­varam à guerra em An­gola, ao Mo­vi­mento das Forças Ar­madas e, após a Re­vo­lução, ao Ser­viço de Apoio Am­bu­la­tório Local (SAAL), em­pe­nhado na res­posta às ca­rên­cias ha­bi­ta­ci­o­nais her­dadas do fas­cismo.

Fun­dador da As­so­ci­ação 25 de Abril, da As­so­ci­ação dos Ofi­ciais das Forças Ar­madas e da As­so­ci­ação Con­quistas da Re­vo­lução, foi ve­re­ador da CDU em Sintra (como in­de­pen­dente) e é um em­pe­nhado mi­li­tante da causa da paz, do de­sar­ma­mento e da so­li­da­ri­e­dade. José Bap­tista Alves, que re­cebeu vá­rias lem­branças, des­tacou os de­sa­fios que estão co­lo­cados aos de­fen­sores da paz, con­fes­sando-se «ainda mais con­fi­ante» na sequência das ini­ci­a­tivas re­a­li­zadas ao longo do dia.

 



Mais artigos de: Nacional

JCP apela ao reforço do caudal de luta da juventude

A JCP divulgou, no dia 28, um comunicado apelando à mobilização da juventude em defesa de uma vida melhor e valorizando a semana de dia 21 a 28, «marcada por intensas jornadas de luta da juventude». Assim foi o Encontro Nacional de Juventude, de 21 a 23, em Vila Franca de Xira, onde centenas de jovens aprovaram, referiu...