«Defender os valores de Abril!» No Porto, celebrou-se em luta a Constituição

Cen­tenas reu­niram-se no dia 2 de Abril, na Praça dos Leões no Porto, para ce­le­brar o 49.º ani­ver­sário da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa (CRP), dei­xando claro que a Lei Fun­da­mental do País é para ser cum­prida.

 

2 de Abril de 1976 marca a data de apro­vação e pro­mul­gação da CRP, fruto da luta do povo por­tu­guês contra o fas­cismo e pela cons­trução de uma nova so­ci­e­dade. Este ca­minho tem sido mar­cado por cons­tantes ata­ques da po­lí­tica de di­reita e seus exe­cu­tores que, por verem na Cons­ti­tuição uma bar­reira à con­cre­ti­zação dos seus ob­jec­tivos, têm pro­cu­rado despi-la do seu con­teúdo es­sen­cial e ig­norar o seu es­pí­rito trans­for­mador. O povo, no en­tanto, re­siste e afirma que não per­mi­tirá mais re­cuos e que re­side nesta lei fun­da­mental da nossa de­mo­cracia o ca­minho para um fu­turo de igual­dade e paz.

Mo­mento or­ga­ni­zado por de­zenas de or­ga­ni­za­ções e ani­mado por cen­tenas de pes­soas, foi na Praça dos Leões, na ci­dade do Porto, onde muitos se jun­taram para afirmar o pro­jecto de Abril e da Cons­ti­tuição como o único capaz de res­ponder aos pro­blemas com que es­tamos con­fron­tados aos dias de hoje.

«Lei que es­ta­be­lece e con­sagra in­se­pa­rá­veis di­reitos po­lí­ticos, eco­nó­micos, so­ciais e cul­tu­rais: a base firme de uma de­mo­cracia in­te­gral, com a su­bor­di­nação do poder eco­nó­mico ao poder po­lí­tico de­mo­crá­tico.»Assim era dado o mote para as muitas in­ter­ven­ções se­guintes onde foram re­al­çados vá­rios dos prin­ci­pais ar­tigos da CRP – desde a saúde à edu­cação e da jus­tiça à ha­bi­tação –, com des­taque para o pri­meiro ponto do ar­tigo 7.º: «Por­tugal rege-se nas re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais pelos prin­cí­pios da in­de­pen­dência na­ci­onal, do res­peito dos di­reitos do homem, dos di­reitos dos povos, da igual­dade entre os Es­tados, da so­lução pa­cí­fica dos con­flitos in­ter­na­ci­o­nais, da não in­ge­rência nos as­suntos in­ternos dos ou­tros Es­tados e da co­o­pe­ração com todos os ou­tros povos para a eman­ci­pação e o pro­gresso da hu­ma­ni­dade.»– prin­cí­pios an­ta­gó­nicos à po­lí­tica de guerra e con­fron­tação com que nos de­pa­ramos hoje.

Ins­tru­mento car­re­gado de fu­turo
Não só nas in­ter­ven­ções ficou claro o com­pro­misso in­que­brável dos pre­sentes com a de­fesa do Cons­ti­tuição e o Por­tugal que esta pre­co­niza, mas também nos vá­rios car­tazes e faixas foram vi­sí­veis os sen­ti­mentos de re­cusa com a po­lí­tica que pro­cura impor re­cuos nos di­reitos e avançar com a trans­fe­rência cada vez maior de ren­di­mentos do tra­balho para o ca­pital e de re­cursos dos ser­viços pú­blicos para a guerra.

Como Abril também é cul­tura, houve es­paço para vá­rios mo­mentos mu­si­cais e para a de­cla­mação de vá­rios po­emas, onde se re­forçou que «Esta é uma Cons­ti­tuição aven­tu­rosa, pro­jecto de vida certa deste povo para este povo».

A de­fesa da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa as­sume uma cada vez maior im­por­tância e deve me­recer toda a atenção dos muitos de­mo­cratas e pa­tri­otas que negam o ca­minho que vem sendo tra­çado no nosso País.

Lem­brando mais uma vez pa­la­vras ou­vidas du­rante a ini­ci­a­tiva: «A Cons­ti­tuição de Abril é muito mais do que um livro com ideias ul­tra­pas­sadas, como nos querem fazer crer. É antes um ins­tru­mento car­re­gado de fu­turo, que im­porta fazer cum­prir ver­da­dei­ra­mente.»

Voltou a ficar pa­tente, tal como apenas uns dias antes na Es­tação da Trin­dade, na inau­gu­ração do mural de azu­lejos do PCP, que a Cons­ti­tuição não é para ig­norar mas sim para cum­prir, pois na sua letra re­sidem as tão ne­ces­sá­rias so­lu­ções para os pro­blemas do dia-a-dia.

 



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