Irão e EUA vão prosseguir conversações sobre programa nuclear iraniano

Delegações chefiadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, e pelo enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, mantiveram, no dia 12, conversações através de um mediador omani em Mascate, capital do Omã. Foram abordadas questões em torno do programa nuclear iraniano e do eventual levantamento de sanções impostas por Washington a Teerão.

Segundo informou o governo iraniano, após estas primeiras conversações indirectas – através de um mediador, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Badr bin Hamad Al Busaidi –, que duraram mais de duas horas e meia, as duas delegações acordaram em continuar as conversações no próximo sábado, 19, em local a definir.

Apesar das duas partes terem salientado que as negociações decorreram de forma positiva, o encontro de Omã ocorreu num contexto de crescente tensão, depois do presidente dos EUA ter ameaçado agredir militarmente o Irão, alegando que Teerão poderia estar perto de desenvolver armas nucleares – acusação negada pelas autoridades iranianas e por sucessivas inspecções internacionais.

Em princípios deste mês, Trump enviou uma carta ao líder supremo iraniano, o aiatola Alí Khameneí, em que manifestou a sua «preferência» pela via diplomática para resolver o conflito, mas ameaçou sobre possíveis acções militares se as negociações fracassassem.

Entretanto, os EUA estão a concentrar ainda mais forças militares no Médio Oriente e na base militar de Diego Garcia, no Índico.

O presidente do Irão, Masud Pezeshkian, rejeitou a possibilidade de conversações directas com os EUA, perante o desrespeito por parte dos EUA do acordo anteriormente estabelecido quanto ao programa nuclear iraniano e as recorrentes ameaças e imposição de medidas coercivas contra o Irão, assinalando que qualquer negociação sobre o programa nuclear iraniano deve realizar-se sem coação, pelo que face ao comportamento dos EUA só seriam possíveis de realizar neste momento através de um mediador.

EUA romperam acordo com o Irão em 2018

A actual tensão EUA-Irão tem antecedentes. Em 2015, o Irão e seis mediadores internacionais – China, Rússia, EUA, Reino Unido, Alemanha e França – assinaram o Plano de Acção Integral Conjunto (PAIC), que impôs uma série de limitações ao programa nuclear iraniano, em troca do levantamento das sanções impostas pelos EUA e os seus aliados, nomeadamente da UE.

Em Maio de 2018, durante a primeira administração Trump, Washington rompeu o acordo e começou a impor sanções unilaterais ao Irão. Um ano depois, Teerão respondeu diminuindo de maneira gradual os seus compromissos assumidos no quadro do PAIC, renunciando em particular às limitações nas pesquisas nucleares e no nível de enriquecimento de urânio.

Em Abril de 2021, as partes do acordo, bem como os EUA, iniciaram em Viena negociações para restabelecer o acordo nuclear, mas um ano depois as consultas terminaram.

 



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