Inversão da marcha na CP rejeitada com greve de dois dias

Com a imposição de aumentos salariais de 34 euros e orecuo da administração da CP, relativamente às linhas traçadas no relatório que negociou com os sindicatos, está em causa o futuro da ferrovia.

É preciso ganhar capacidade para manter e recrutar trabalhadores

A convocação de uma greve de dois dias, a 7 e 8 de Maio, foi confirmada por mais de uma dezena de estruturas sindicais, incluindo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (da FECTRANS/CGTP-IN), após uma reunião com a administração, no dia 17.

A proposta levada aos sindicatos «desvirtua o trabalho antes feito, que apontava para medidas extraordinárias para valorizar os salários na CP», como se afirma num comunicado conjunto.

A administração pretende agora reduzir as medidas extraordinárias inscritas no relatório, que somavam 12,4 milhões de euros, para cerca de três milhões, como explicou nessa tarde, à agência Lusa, o coordenador da FECTRANS. José Manuel Oliveira explicou que esta mudança «não resolve o problema de fundo, que é a incapacidade de manter os actuais trabalhadores e recrutar novos».

No comunicado, os sindicatos destacam três pontos da proposta da administração.

Prevista no relatório para 1 de Janeiro deste ano, a reposição da diferença dos salários na CP relativamente ao valor do salário mínimo nacional de 2018, só passaria a vigorar a 1 de Julho, mas deduzindo os 34 euros da actualização já aplicada por acto de gestão.

Ficaria anulado o aumento de quatro por cento, no segundo semestre deste ano, que está contemplado no relatório.

Manter-se-ia apenas a redução dos tempos de permanência em cada nível salarial, com efeitos ao início do ano.

«O que a administração propõe é que se faça uma inversão de marcha no sentido com que foi elaborado o relatório que as partes entregaram ao Governo», protestam os sindicatos, notando que «a CP tem um problema estrutural, que é a incapacidade de manter os actuais trabalhadores e recrutar novos trabalhadores». A solução requer «medidas extraordinárias para valorização dos salários, como aconteceu noutros sectores». Outro caminho, alertam no comunicado, «põe em causa o futuro da CP».

O alerta fora também dado, por 15 organizações sindicais, numa carta aos ministros das Infra-estruturas e das Finanças, enviada no dia 15 e na qual se realçava que «a CP não existe sem trabalhadores» e «o que está hoje em causa é a sua sustentabilidade futura». «Se o Governo não avançar com medidas concretas que valorizem as carreiras ferroviárias — nomeadamente ao nível dos salários, das condições de trabalho e do investimento nos meios necessários — estará a comprometer o futuro da empresa e a pôr em risco a prestação de um serviço essencial ao País», avisaram os representantes dos trabalhadores.

 



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