A Juventude sai à rua em busca do futuro de Abril
A Juventude CDU realizou, no sábado, 3, uma iniciativa nacional em Lisboa, precedida de um desfile dos Sapadores à Voz do Operário. Participaram centenas de jovens, assim como o Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo.
«Vamos a eles!»
Nenhum dos jovens que desceram dos Sapadores até à Voz do Operário, na semana passada, estava vivo para ver a madrugada libertadora de 25 de Abril de 1974, nem quando o povo resistiu durante quase 50 anos à noite fascista. No entanto, é em Abril e no seu projecto emancipador que encontram o caminho do futuro.
No momento de principiar o desfile, já muitos tinham feito longas horas de viagem para viver este grande momento de afirmação da alternativa política para o País. De entre as diferentes faixas erguidas, a que liderava o caminho colocava o essencial para a juventude: Educação, Paz, Ambiente, Salário e Habitação – reivindicações acompanhadas pelo lema da Juventude CDU para as eleições: «Vamos a eles!»
Momento marcado pela alegria e combatividade, ficou ainda bem patente a criatividade da juventude, quando a chuva se ia adensando, lá surgiu uma nova palavra de ordem: «Faça sol ou faça chuva, a juventude está na rua!»
Vidas que importam
Aquando da chegada à Voz do Operário, e após um momento cultural com o grupo Bardoada, do Pinhal Novo, vários jovens foram-se chegando à frente, para dar o seu testemunho sobre os problemas que enfrentam.
O testemunho de uma mulher palestiniana que, num só dia, perdeu 34 familiares, lido por Inês Reis, mostrou a barbaridade do genocídio em curso. Lembrou-se os mortos que «não são números» mas sim «vidas, brincadeiras, abraços, carinhos, amor que ficou por sentir e viver». De seguida, falaram dois jovens trabalhadores, Rodrigo Azevedo e Harpyar Singh. O primeiro reivindicou o direito da juventude a «uma vida repleta, para além de trabalho, de amizade e lazer» e o segundo abordou as dificuldades sentidas enquanto trabalhador imigrante, desde a precariedade à discriminação. Harpyar relatou ao Avante!, durante o desfile, saber que «são os comunistas que lutam ao nosso lado», enquanto contava a história da sua aproximação à JCP, há dois anos.
No plano da educação, Tiago Antunes destacou o subfinanciamento, mas também entraves de outro tipo, como os exames nacionais, valorizando a luta dos estudantes do ensino secundário, para garantir uma educação que sirva a «formação integral».
De seguida, duas das candidatas jovens presentes, Inês Castro e Marta Parente, tomaram a palavra. A primeira destacou a importância da luta pela paz e de estar «nas escolas e nos locais de trabalho todos os dias, em contacto», e a segunda deu centralidade à luta por «políticas verdadeiramente ecologistas e não pintadas de verde».
Juventude é CDU
Intervindo no final, Paulo Raimundo afirmou que, perante toda a força vivida naquele dia, «talvez assim se perceba» «o enorme esforço de alguns para dizerem que a CDU está velha». Na CDU, a juventude «não está para abanar bandeiras» ou «compor ramalhetes»; aqui, «os jovens são protagonistas do seu projecto».
Paulo Raimundo apelou a que os jovens tomassem o «destino do País» nas suas mãos, com as suas necessidades – educação, habitação, paz, emprego, direitos – pois «não há nenhum país que ande para a frente com a vida da juventude a andar para trás».
Após uma grande participação da juventude nas comemorações populares de Abril, o que se exige é travar os «que acham que os vossos problemas estão nos impostos ou no acesso ao crédito fácil», construindo o caminho alternativo, que sirva verdadeiramente a maioria, e garantindo o «direito à felicidade».