Greve por salários e emprego na limpeza dos comboios

Com salários por receber, os trabalhadores que fazem a limpeza dos comboios da CP, agora vinculados à Highpoint, estão fartos de ser o saco de pancada de uma subcontratação que lhes falha repetidamente.

A CP não pode alijar responsabilidades pelas condições laborais nos seus comboios

A greve de dias 1 e 2 de Junho, convocada pelo STAD/CGTP-IN, teve adesão praticamente total, a nível nacional.

Em Lisboa, pelas 6 horas da manhã de segunda-feira, trabalhadores em greve percorreram a estação de Santa Apolónia, exibindo uma faixa a exigir «Paguem o que devem». Levaram o protesto para a rua, para lhe dar maior visibilidade e alargar a solidariedade dos passageiros e da população.

Em Viseu, nessa tarde, várias dezenas de trabalhadores, idos de vários pontos do País, concentraram-se junto da sede da Highpoint para exigirem ao patrão o pagamento dos salários de Maio, a todos os 280 funcionários, e de Abril, a 58 pessoas. Mas o escritório estava vazio, sem pessoas nem computadores, como uma dirigente do sindicato relatou à agência Lusa.

Para a limpeza de comboios, estações, bilheteiras e oficinas, a CP tem recorrido à subcontratação. Nos últimos três anos, o serviço foi entregue a empresas como a G7, a Iluso, a Ambiente e Jardim e a Highpoint. Todas deixam um rasto de incumprimento para com os trabalhadores, seja salários em atraso, férias por pagar ou horários desrespeitados.

Para os trabalhadores, a situação é insustentável. Só a empresa Ambiente e Jardim ainda deve a muitos funcionários o equivalente a dois meses de salários.

Continuam firmes na defesa dos seus postos de trabalho e apelam à solidariedade dos utentes da CP, para além das denúncias feitas junto da Autoridade para as Condições do Trabalho.

Da empresa-mãe, a CP, exige-se que assuma a sua responsabilidade: se quer os comboios limpos, tem de garantir salários pagos a tempo e horas e emprego estável.

Luta nos bares da CP
Com problemas recorrentes, originados pela política da CP de subcontratação de serviços, confrontam-se os trabalhadores dos bares nos comboios de longo curso.

A ITAU, que ganhou a concessão desde Abril, declarou que não tenciona cumprir integralmente o Acordo de Empresa em vigor. Estão em causa, como denunciaram os sindicatos da FESAHT/CGTP-IN, matérias como a carga horária (oito horas diárias e 35 horas semanais), o pagamento do trabalho ao fim-de-semana (com acréscimo de 25 por cento), o subsídio de refeição (entre 11,50 e 13 euros), as diuturnidades (20 euros cada), prémios de responsabilidade e subsídio de transporte.

Em defesa dos seus direitos e contra esta posição patronal, os trabalhadores fizeram greve, a 2 e 3 de Maio, com adesão praticamente total, e, no dia 20, realizaram plenários em Lisboa e no Porto e uma concentração junto da sede da empresa, em Carnaxide.

A responsabilidade da CP foi salientada, porque adjudica a concessão e subsidia, com milhões de euros, as empresas vencedoras dos concursos públicos internacionais, mas não garante o cumprimento dos compromissos laborais.

 



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