Forte aposta no ambiente e património do concelho de Silves
Em entrevista ao Avante!, Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves (CMS), acompanhada por Luísa Conduto, vice-presidente, fez o balanço do mandato da CDU na autarquia, que já soma 12 anos à frente do concelho.
CMS reabilitou e alargou 100 km de condutas de água entre 2014 e 2025
Num concelho onde a Coligação assegura a gestão há 12 anos (desde 2013), a presidente da edilidade considera que o primeiro desafio enfrentado à frente dos destinos da autarquia foi a situação financeira da CMS, que classificou de «complexa». Por isso, disse, a primeira coisa que fizeram foi avaliar a situação e reunir com as entidades financeiras com as quais havia dívidas, alcançando um acordo para as sanar, um problema que, lembra, trouxe transtornos até 2021.
Face a esse cenário, frisou, a gestão CDU teve início num contexto de “vazamento” de divisões municipais, mormente a dos serviços urbanos e de ambiente (relacionada com a água e recolha de resíduos). A divisão, afirmou, «estava completamente sem recursos humanos ou respostas técnicas, nomeadamente camiões, mas, também, materiais necessários para recuperação de condutas ou saneamentos».
Alagar a rede de água
«A primeira coisa foi fazer a avaliação da situação do cadastro da rede de águas, e isso foi uma das preocupações, atendendo ao que foi o “vazar” desta unidade orgânica», sublinhou a presidente, recordando a ordem de prioridades assumida pelo executivo: primeiro, verificar o estado das condutas; depois, fazê-las crescer e alargar.
Desta forma, são de registar, no período de 2014-2025, a reabilitação e alargamento da rede de abastecimento de água, envolvendo 100 km de condutas (25,5 só no actual mandato).
A par destas, destacam-se as empreitadas de instalação de dispositivos de controlo e redução de perdas no sistema de abastecimento de água (com um milhão de euros investidos em 59 zonas de medição e controlo, 27 zonas de controlo de pressão e a instalação de um sistema de tele-gestão), e as 17 candidaturas aprovadas do município ao PRR, no âmbito da eficiência hídrica, no valor de sete milhões de euros.
Inovação na recolha de resíduos
Ainda no âmbito das políticas municipais do ambiente, as autarcas destacaram a área da recolha de resíduos, com Rosa Palma a lembrar que, quando a CDU chegou à presidência da edilidade, a Câmara não tinha «capacidade para responder às necessidades do concelho».
Luísa Conduto – também candidata à presidência da CMS – recordou que o município, além de já estar munido dos equipamentos necessários, nomeadamente sete novas viaturas pesadas, desenvolve três inovadoras iniciativas na área da recolha de resíduos, das quais destacou a recolha de bio-resíduos de restaurantes.
«Iniciámos o projecto em 2021, nas freguesias de Silves e Armação de Pêra. Actualmente, a recolha está estendida a todas as freguesias, com excepção de Messines e S. Marcos da Serra», assinalou, vincando que pretendem, futuramente, alargar ainda mais a iniciativa.
Outro dos projectos nesta área prende-se com a prática da compostagem comunitária, já generalizada a todas as oito freguesias do concelho, e doméstica. Em relação a esta última, a vice-presidente sublinhou que todos os munícipes têm acesso, desde que disponham de habitação adequada, a um compostor gratuito assegurado pela autarquia – algo necessário para diminuir os resíduos que vão parar à terra.
A autarca valorizou, ainda, uma terceira iniciativa camarária – a recolha de resíduos porta-a-porta –, projecto-piloto que, neste momento, está circunscrito a três bairros da cidade. «A ideia é estender», asseverou.
Valorização do património
Em termos do património natural do concelho, a presidente frisou a importância da Pedra do Valado, recife rochoso subaquático – o maior recife de Portugal – «de grande importância na biodiversidade», e que é, desde Janeiro de 2024, classificado a nível nacional como parque natural marinho.
O projecto, lembrou, partiu de uma iniciativa da CMS, em 2018, e foi realizado, em conjunto, com as autarquias de Albufeira e Lagoa, a Universidade do Algarve, a Fundação Oceano Azul, freguesias e pescadores.
Outra área do território que a edilidade pretende classificar é o Geo-Parque Algarvensis, cuja candidatura foi realizada em conjunto com Albufeira e Loulé, assinalou.
Na área do património, a autarca sublinhou a intenção da criação de um centro interpretativo de arqueologia (para onde serão mobilizadas as peças já catalogadas por técnicos municipais), a valorização dos centros históricos, ou a aposta num centro interpretativo do lince ibérico.
Desporto, cultura e educação
Em termos de política desportiva, Luísa Conduto deu particular importância à aposta da CMS na valorização da actividade e na promoção do desporto, lembrando que, neste domínio, «dos mais pequenos aos mais seniores, o executivo tem criado condições para que a prática desportiva possa ser exercida em todo o concelho, apostando em novos equipamentos onde não existiam, e, também, apoiando os clubes».
A candidata referenciou, particularmente, a corrida 1.ª Milha Urbana “João de Deus”, e a construção de um polidesportivo (com pista de atletismo) em Tunes e de um pavilhão multiusos em São Marcos da Serra, «para que a população pudesse ter acesso a várias práticas de desporto».
Luísa Conduto valorizou, ainda, as políticas municipais no âmbito da educação, onde a autarquia tem assumido um papel relevante na oferta educativa às escolas. A vice-presidente criticou, no entanto, a transferência de competências nesta área, que obrigou os municípios a assumir responsabilidades que deveriam ser do Estado central.
Na entrevista, destacaram-se, igualmente, o apoio a associações (que, somando cultura, acção social, desporto, juventude, entidades religiosas e bombeiros, ascende aos 2,03 milhões de euros), a requalificação de estradas ou o desenvolvimento de iniciativas culturais como o Lado B, a Mostra da Laranja, “Silves, a Alegria do Natal”, o Jazz nas Adegas, o teatro descentralizado, o 8 de Março, Dia do Município de Silves (3 de Setembro) ou o 25 de Abril.