Há gentes e forças para andar para a frente na Beira Interior

Os tradicionais convívios da CDU em Viseu e na Covilhã decorreram no passado sábado, no Parque do Fontelo e na Escola EB 2,3 de Tortosendo, respectivamente. Nestes momentos, participaram muitos activistas e apoiantes da CDU que uniram o convívio e a alegria à vontade de lutar e construir uma grande campanha nas próximas autárquicas.

«Há sempre alguém que resiste»

A batalha eleitoral que se avizinha coloca em oposição projectos distintos para o poder local. De um lado, projectos que, com diferentes camadas de envernizamento e pinturas distintas, traçam um caminho onde o papel das populações e do associativismo assume o banco de trás numa viatura guiada pelos grandes interesses económicos, um projecto que aceita a desertificação das terras do Interior como uma inevitabilidade, recusando o investimento e as políticas necessárias. Do outro lado, temos o projecto da CDU, um projecto de valorização de cada centímetro do território nacional, potenciando as suas possibilidades e as gentes que nele trabalham e vivem, afirmando, tal como fez o Secretário-Geral do PCP em Viseu, que «Portugal não é uma província da UE, um apêndice da NATO ou uma base militar dos Estados Unidos», é sim um País soberano que não está condenado a ser um «resort turístico» ou uma «escola profissional».

Para levar este projecto avante, todas as forças não são demais e estas forças, por todo o País, vêm também daqueles que assumem a tarefa de ser candidatos aos diferentes órgãos autárquicos. No almoço regional de Viseu, no Parque do Fontelo, isto ficou clarocom a apresentação dos cabeças-de-listaàs diferentes câmaras do distrito.

Num início de tarde animado pela música de Carlos Peninha e José Cardoso (Duplo Sentido), que alegraram os presentes com cantigas de Sérgio Godinho, Fausto Bordalo Dias e Zeca Afonso, mas também com versões de temas de cantores e grupos como Jorge Palma ou os “Xutos e Pontapés”, foi notória a boa disposição durante o período do almoço e, posteriormente, no momento político da iniciativa.

Coube a Ricardo Brites, do Secretariado da DORV, a intervenção inicial. O dirigente comunista lembrou que o trabalho da CDU «não começa com as campanhas eleitorais, nem se extingue no momento dos resultados eleitorais» e é contributo essencial «para que possamos viver melhor na nossa terra». Aproveitou ainda para valorizar a força de um «grande colectivo» que, perante a «crescente afirmação de forças reaccionárias», «não baixa os braços e parte ao caminho». Só com muito trabalho será possível alcançar os resultados desejados, não são tempos de ficar à «espera de uva a cair na cesta», o que é preciso é ir «à vindima buscar as uvas que trarão uma vida melhor à nossa terra.»

Leonel Ferreira, primeiro candidato da CDU à Câmara Municipal de Viseu, afirmou, por sua vez, que aquilo que se exige é «abrir um novo ciclo, que rompa com a política de direita». «A voz de quem não se resigna» é aquela pela qual os nossos eleitos se movem, procurando caminhos de desenvolvimento assentes na «justiça, na transparência e na participação». Transmitindo algumas das reivindicações para o concelho, como a aposta na mobilidade; a «requalificação urgente do IP3 e a ligação à via férrea»; a «criação da universidade pública a partir das escolas do politécnico» ou a defesa da água pública e do SNS, o candidato valorizou ainda os trabalhadores do município «que mantêm Viseu em funcionamento» e condenou o actual executivo que continua a forçar, pelas suas políticas, os jovens a sair da região.

Tortosendo, Vila de Abril

No Tortosendo, concelho da Covilhã, realizou-se umas horas mais tarde um convívio regional que juntou dezenas de pessoas. Numa terra «onde a memória colectiva das batalhas travadas continua viva e mobilizadora», coube a Renato a condução de um momento cultural onde se ouviram várias baladas de Zeca Afonso que, nas palavras do autor, têm na «simplicidade dos acordos», algo «tão português, tão nosso.»

Após a apresentação dos candidatos aos órgãos autárquicos da região, a responsável da Freguesia do Tortosendo do PCP, Sónia Pombo, foi chamada a intervir. A dirigente lamentou «uma Beira Interior deprimida, economicamente dependente e cada vez mais despovoada», em que vilas como o Tortosendo perdem «emprego e oportunidades» e esta, mesmo atravessada pela linha férrea, continua a «não ver os comboios a passar». Apesar das dificuldades, esta «vila de Abril e de Maio» carrega a história dos «muitos que resistiram» e «apontaram um futuro» pelo qual se luta todos os dias.

De seguida, Jorge Fael, primeiro candidato à Câmara da Covilhã, assinalou que «é na proximidade que assenta a nossa credibilidade». Num concelho onde os trabalhadores auferem «o terceiro mais baixo salário médio do País», continua a ser norma existirem «populações sem médico de família e crianças sem acesso a creches e pré-escolares.» Para enfrentar uma política contrária aos interesses dos covilhanenses, é necessário um projecto alicerçado em três pilares – o «compromisso com a verdade»; a «delimitação rigorosa entre as atribuições e competências da administração central e das autarquias.» e uma «gestão participada e descentralizada.»

O «quinteto» da «mesma música»

Presente em ambas as iniciativas, Paulo Raimundo comentou a actual situação política nacional e internacional, destacando as opções negativas seguidas pelo actual governo, dando simultaneamente o mote para uma grande campanha nestas próximas eleições autárquicas.

Empenhados na venda da parte pública do Novo Banco e na privatização da TAP, o Secretário-Geral do PCP afirma que o actual governo PSD-CDS «só avança para estes crimes económicos», «porque tem as costas quentes do PS, Chega e IL.» Falando deste «quinteto que toca mais ou menos desafinado mas toca sempre a mesma música» e «nos aperta a vida», o dirigente comunista diz que, por mais simulações de discórdia, estes «alinham em tudo o que é contrário» aos interesses do povo e do País.

Isto fica claro quando falamos da falta de professores nas escolas; na falta de profissionais no SNS; nos despejos e no custo das rendas na habitação ou no alinhamento na conivência com a política da guerra e da ingerência, impedindo Portugal de dar o seu tão necessário contributo para a resolução pacífica dos conflitos.

São estes os que estão sempre prontos para defender a minoria dos grandes grupos económicos face aos interesses da maioria, «esta minoria que nos quer divididos, a olhar para a frente e para os lados, mas nunca para cima.»

Perante um governo que, confrontado com a realidade actual do País, decide priorizar a descida do IRS, assim como a limitação da imigração e as alterações à lei da nacionalidade; aquilo que se exige é um «sobressalto» em que todos façam «pelas suas vidas o que fazem todos os dias para enfrentar as dificuldades.

Os dirigentes do PEV presentes nestes convívios também intervieram durante os respectivos momentos políticos, afirmando a voz da ecologia nos mesmos. Miguel Martins, em Viseu, destacou que reforçar a CDU é sinónimo de «prestigiar o poder local democrático». Criticou ainda o programa “IR e Vir” implementado pela CIM Viseu Dão Lafões por este não «ser uma resposta à falta dos serviços públicos de transporte colectivo», continuando «centenas de localidades» isoladas. No Tortosendo, Ema Gomes destacou a luta das populações das beiras contra as portagens e os resultados alcançados, assim como garantiu que dar mais força à CDU é garantir a «continuidade da luta em defesa da qualidade dos recursos hídricos – como é exemplo as ribeiras da Sertã ou o rio Zêzere.»

Juventude de Abril

Estas duas iniciativas, naturalmente marcadas pela descontracção providenciada pela própria natureza do convívio, não deixam de ser espaços de trabalho e afirmação, seja para os muitos que garantem a funcionalidade destes momentos, como para os que mobilizam e trazem cada vez mais consigo para a força da alternativa.

Assim foi em Viseu quando, a escassos metros de uma banca de materiais da JCP, a jovem estudante Ana, de São Pedro do Sul, decidiu dar o passo de se juntar à JCP, juntando a sua voz a tantas outras milhares clamando pelo mundo novo. Mais tarde, nessa mesma iniciativa, foi a vez dos jovens Luís e Lara tomarem Partido. Marcando este importante momento de tomada de consciência, ouvia-se no almoço o tema «Trova do vento que passa», lembrando que, independentemente das dificuldades, «há sempre alguém que resiste.»

Também na Covilhã, a juventude afirma o caminho do futuro. Horas antes do encontro, já os jovens comunistas se concentravam na cidade da Covilhã para a pintura de um mural alusivo à «Festa do Avante!», afirmando a maior iniciativa político-cultural nas paredes da cidade beirã.

A JCP mantém-se firme e a reforçar-se enquanto prepara o seu próximo congresso, momento marcado para 15 e 16 de Novembro.

 

 



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