Chantagem e soberania

Pedro Guerreiro

O imperialismo é capaz dos mais hediondos crimes

Exibindo uma falsa omnipotência e contando com a subordinação e o alinhamento das restantes potências imperialistas, o imperialismo norte-americano eleva a pressão política, económica e militar sobre aqueles que não se submetem aos seus ditames.

Entre os múltiplos exemplos do seu inaceitável exercício de chantagem, conta-se a hipócrita ameaça de imposição de sanções – aumento de tarifas alfandegárias – aos países que mantenham relações comerciais com a Rússia, nomeadamente que adquiram petróleo ou gás a este país, visando aberta e particularmente a China, o Brasil e a Índia.

Não é a primeira vez que os EUA – e a União Europeia – ameaçam impor sanções secundárias a diversos países a pretexto do conflito que criaram e instigam na Ucrânia, no entanto a ameaça não havia chegado a este ponto.

E como a realidade está a mostrar, o alvo dos EUA não é apenas a Rússia, são todos os países que afirmem a sua soberania, se empenhem no seu desenvolvimento, na gestão soberana dos seus recursos – nomeadamente energéticos –, no aprofundamento das suas relações internacionais, não aceitando a imposição de relações desiguais, de dependência e domínio, por parte do imperialismo.

Sob o velho mote «dividir para reinar», o imperialismo procura obstaculizar a estabilização e o aprofundamento de dinâmicas de cooperação mutuamente vantajosa – como o BRICS –, porque considera que estas constituem uma «ameaça» ao seu domínio hegemónico, à sua postura de «quero e mando», à sua política de exploração, extorsão e saque do mundo.

Daí a pressão que exerce individualmente sobre cada país, esperando que estes cedam à sua chantagem, como acontece neste momento com a China, o Brasil e a Índia, para além de outros países, alguns dos quais há muito sujeitos a sanções económicas, financeiras e comerciais, como acontece com Cuba, a quem os EUA impõem há décadas um criminoso e cruel bloqueio com carácter extra-territorial.

Desta forma, assumem uma grande importância as posições públicas, de afirmação de soberania e de defesa dos legítimos interesses dos seus respectivos países, divulgadas por diferentes formas pela China, o Brasil e a Índia, perante a descarada e hipócrita chantagem e ameaça dos EUA.

Estando os EUA e os seus subordinados imersos em contradições e dificuldades, devemos estar preparados para todo o tipo de provocações, perante os seus esforçados intentos para continuar a ditar as «regras» no mundo, utilizando para tal o seu tentacular poder político, económico e militar.

Como vemos diariamente com a continuação do genocídio do povo palestiniano e da política de agressão no Médio Oriente levada a cabo por Israel, com o apoio e a cumplicidade dos EUA e dos seus subordinados, nomeadamente da UE e da NATO, o imperialismo é capaz dos mais hediondos crimes para continuar a impor a exploração, a extorsão e o saque do mundo.

Por mais que procurem convencer-nos do contrário – e fazem-no quotidianamente através dos seus instrumentos ideológicos, particularmente a comunicação social, e das suas políticas de ataque aos direitos e liberdades democráticas –, é na persistência da resistência e luta dos trabalhadores e dos povos em prol dos seus direitos, interesses e aspirações, da convergência entre as forças da paz e do progresso social numa ampla frente anti-imperialista, que reside a confiança no futuro da Humanidade.



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