A propaganda do Governo não cola com a vida do dia-a-dia
“a propaganda do Governo esbarra com os problemas concretos do dia-a-dia”
Os inúmeros exemplos que poderíamos mencionar, para demonstrar que a imensa máquina de propaganda do Governo da AD esbarra com os problemas concretos do dia-a-dia, não caberiam neste artigo, mas basta cada um olhar para a sua vida e rapidamente conclui essa difícil realidade de que o salário ou a pensão não chega ao fim do mês, de que o acesso à saúde está cada vez mais comprometido e mais transformado em negócio da doença, de que as crianças sofrem cada vez mais com a desregulação dos horários dos pais, de que o acesso à cultura, ao desporto ou ao lazer estão cada vez mais limitados e mercantilizados na lógica do utilizador pagador.
Por ser curto o espaço, apenas três exemplos concretos.
No distrito de Évora há mais de 20 anos que a população, profissionais e instituições como a Câmara Municipal de Évora lutam pela construção do Novo Hospital Central Público do Alentejo. Quando, pela luta e iniciativa do PCP, na Assembleia da República finalmente se conseguiu esta importante conquista, os sucessivos governos do PS e agora do PSD/CDS tudo têm feito para o atrasar e para limitar que seja posto ao serviço da região. Usam a propaganda para valorizar a construção e criam barreiras atrás de barreiras, para que ele não veja a luz do dia. Senão vejamos: O governo do PS rapidamente tratou de sacudir responsabilidades de uma obra de milhões para a Câmara Municipal (CM) e para a administração do Hospital, distribuindo as fatias dos problemas de execução de obra sem corresponder às reais possibilidades de as mesmas serem concretizadas, como o respectivo financiamento. O Governo da AD, não só não reverteu como boicota. Não transfere as verbas para o Hospital poder lançar os concursos públicos internacionais de aquisição de novos equipamentos, nem assina a revisão do protocolo com a CM de Évora, há mais de um ano insistentemente solicitada por esta, para poder ter autorização de expropriação dos terrenos e, dessa forma, poder lançar os concursos e empreitadas que permitam a construção das acessibilidades.
Resultado: os procedimentos para lançamento dos concursos estão preparados há anos e os atrasos provocados pela não revisão do protocolo empatados, para poder lançar a desejada propaganda do passa-culpa com objectivos meramente eleitoralistas em vésperas de eleições autárquicas.
Outro exemplo é a situação do serviço postal no distrito de Évora, que certamente é extensível a muitos outros. Resultado da privatização dos CTT, o acesso ao serviço postal tem sofrido diversos constrangimentos, verificando-se atrasos que chegam a atingir semanas. São diversas as localidades que neste período de Verão, pelo justo direito a férias dos trabalhadores da área do Código Postal de Évora, se vêem privadas durante semanas do acesso ao serviço postal. A esta realidade acresce a implementação do novo modelo de distribuição, que tem causado dificuldades acrescidas, porque ela não é acompanhada das medidas necessárias, desde logo no reforço de trabalhadores contratados, horários de trabalho adequados às tarefas e o aumento de giros. Existem concelhos, como Arraiolos, onde os reformados estão há mais de um mês sem receber a reforma, criando assim situações limite nas suas vidas devido às suas já curtas reformas. A propaganda do “privado é que é bom” cai por terra quando falamos de sectores estratégicos que precisam de ser salvaguardados para a resposta necessária aos direitos das populações.
Um último exemplo: a enorme propaganda do Governo em torno da preocupação com o Desporto, lançando programas, anunciando milhões. Mas também aqui a montanha pariu um rato. Porque a distribuição não se traduz em realidade objectiva, condiciona-se à obtenção de fundos e quando se vai ao concreto da realidade das transferências por via dos contratos-programa, qual não é o espanto quando se verifica que, ao contrário do anunciado reforço, o que há é uma diminuição de verbas em 2025 para algumas federações. Não basta lançar campanhas de valorização do Desporto sem associar desde logo a constatação de que não existe um plano de desenvolvimento desportivo nacional e que nada se fez ainda para que a criação da carta desportiva nacional, aprovada em sede de OE25 por proposta do PCP, saísse da gaveta das intenções.
A resposta necessária continua a ser a luta dos trabalhadores e das populações nos mais diversos domínios sob ofensiva do Governo, porque não há propaganda que resista à realidade concreta.