Milhares em Lisboa, Évora e Porto

PCP está rua!

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Num mo­mento em que PS, PSD e CDS-PP, ao ser­viço dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, com­pro­metem o fu­turo do País e atacam o re­gime de­mo­crá­tico, o PCP re­a­lizou nos dias 17, 18 e 19 de Junho, des­files em Lisboa, Évora e Porto, em de­fesa do em­prego, da pro­dução na­ci­onal, da jus­tiça so­cial, da so­be­rania na­ci­onal e por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

«Ins­ta­bi­li­dade, re­tro­cesso so­cial e de­clínio na­ci­onal»

 

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Na quinta-feira, em Lisboa, foram mais de cinco mil aqueles que saíram à rua «contra as in­jus­tiças e o de­sastre eco­nó­mico e so­cial». A acção, de luta por uma vida me­lhor, ini­ciou-se na Praça do Rossio, onde, muito antes da hora mar­cada, já se en­con­travam largas cen­tenas de ban­deiras do PCP, que es­vo­a­çavam por entre a azá­fama das pes­soas que saíam dos seus posto de tra­balho. Dos al­ti­fa­lantes dos carros de som ou­viam-se mú­sicas de in­ter­venção e de luta, lem­brando que «o que faz falta é avisar a malta», contra a es­ca­lada, sem pre­ce­dentes, que PS e PSD estão a de­sen­volver, ar­rui­nando os in­te­resses na­ci­o­nais, anun­ci­ando novos sa­cri­fí­cios para os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês.

«Assim se vê a força do PCP», «o custo de vida au­menta, o povo não aguenta», «o País não se en­di­reita com a po­lí­tica de di­reita», «o PEC está mal, só in­te­ressa ao ca­pital», foram al­gumas das pa­la­vras de ordem en­to­adas du­rante o des­file, que passou pela Rua da Prata, pela Rua do Ouro e ter­minou na Rua Au­gusta, e que re­cebeu o apoio e a so­li­da­ri­e­dade dos lo­jistas que ali tra­ba­lham, muitos deles pre­cá­rios.

Uma ini­ci­a­tiva de com­bate, de luta, com muita força e dis­po­sição para dizer que os co­mu­nistas e todos os de­mo­cratas estão cons­ci­entes dos pe­rigos que a ac­tual po­lí­tica de di­reita com­porta para o País. «Avante com a luta. Pelos di­reitos da ju­ven­tude. O PEC não pas­sará», lia-se numa faixa dos jo­vens co­mu­nistas, que trou­xeram grande ale­gria e com­ba­ti­vi­dade ao pro­testo, afir­mando que «a luta é o ca­minho» e, contra a ofen­siva ca­pi­ta­lista, é «pre­ciso» e «ur­gente uma po­lí­tica di­fe­rente».

No final, pe­rante um mar de gente, Je­ró­nimo de Sousa - que se fez acom­pa­nhar, entre ou­tros, por Ar­mindo Mi­randa, membro da Co­missão Po­lí­tica e res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa, Mi­guel Tiago, de­pu­tado na As­sem­bleia da Re­pú­blica, e Fran­cisco Lopes, da Co­missão Po­lí­tica e do Se­cre­ta­riado do CC - sa­li­entou as ra­zões do «nosso pro­testo e do nosso des­con­ten­ta­mento». «Mais uma vez o PCP honra a sua pa­lavra, lu­tando pelos di­reitos e in­te­resses do povo», afirmou, aler­tando para a «ins­ta­bi­li­dade, re­tro­cesso so­cial e de­clínio na­ci­onal» que PS e PSD querem impor, no­me­a­da­mente através do «roubo nos sa­lá­rios e pen­sões» e com o «au­mento dos preços [do leite, do pão, dos me­di­ca­mentos, das taxas mo­de­ra­doras, dos trans­portes]».

«O Go­verno, com a benção do PSD, mente quando diz que há jus­tiça e equi­dade nestas me­didas. In­jus­tiças e sa­cri­fí­cios só para aqueles que não foram nem são res­pon­sá­veis pela crise. Para os grupos eco­nó­micos ficam os lu­cros, os mi­lhões de be­ne­fí­cios fis­cais, o ban­quete das pri­va­ti­za­ções, a pa­ra­lisia e a cum­pli­ci­dade com a saída ilegal de muitos mi­lhões diá­rios que re­pousam nos pa­raísos fis­cais», acusou, lem­brando que, na mesma se­mana em que foram de­cre­tados cortes nos apoios e nas pres­ta­ções so­ciais, o Exe­cu­tivo PS re­solveu, com o di­nheiro do Es­tado e dos con­tri­buintes, «en­charcar, mais uma vez, a banca pri­vada, atri­buindo-lhe 450 mi­lhões para acudir à fraude, a essa ver­gonha que foi o caso do BPP».

Uma po­lí­tica que com­pro­mete o fu­turo do País, com mais de­sem­prego, po­breza, pre­ca­ri­e­dade e ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e da po­pu­lação em geral. «Há um outro ca­minho, de rup­tura e de mu­dança. Por­tugal não é um País pobre. É pos­sível e ne­ces­sária uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, au­mentar os sa­lá­rios e as pen­sões, de­fender a pro­dução na­ci­onal na in­dús­tria, na agri­cul­tura e pescas, de­fender e alargar os ser­viços pú­blicos», de­fendeu o Se­cre­tário-geral do PCP, ape­lando à par­ti­ci­pação de todos os por­tu­gueses, no pró­ximo dia 8 de Julho, na acção na­ci­onal de luta, con­vo­cada pela CGTP-IN. «Que­remos dizer aos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses que na pri­meira fila lá es­tará à PCP. É pre­ciso con­ti­nuar a luta, mos­trar a in­dig­nação, o pro­testo de todos os que são atin­gidos por esta po­lí­tica e que as­piram por uma mu­dança», sa­li­entou.

Ataque às con­quistas de Abril

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Em Évora, na sexta-feira, a força e a de­ter­mi­nação dos co­mu­nistas não foi di­fe­rente. O des­file ini­ciou-se junto à Sé, no Largo Marquês de Ma­ri­alva, onde se gri­taram, de viva-voz, pa­la­vras de ordem como «é pre­ciso, é ur­gente, uma po­lí­tica di­fe­rente», «o pú­blico é de todos, o pri­vado só de al­guns», «os tra­ba­lha­dores passam mal para en­cher o ca­pital».

Rei­vin­di­ca­ções an­tigas e de­nún­cias cada vez mais ac­tuais que eco­aram em vá­rias ar­té­rias da ci­dade, con­si­de­rada a ca­pital do Alen­tejo. Para além de Je­ró­nimo de Sousa, na faixa que en­ca­be­çava a ini­ci­a­tiva, es­ti­veram João Oli­veira, de­pu­tado do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica, Rai­mundo Ca­bral e João Pau­zinho, mem­bros da Di­recção de Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Évora, Abílio Fer­nandes, membro da Co­missão Cen­tral de Con­trolo, João Dias Co­elho, da Co­missão Po­lí­tica, e Luísa Araújo, do Se­cre­ta­riado.

Na an­tiga Rua da Li­ber­dade, agora Rua Ga­briel Victor do Monte Pe­reira, o Se­cre­tário-geral do PCP en­de­reçou, antes de mais, uma pa­lavra de pesar, mas também de ho­me­nagem, pela perda de José Sa­ra­mago (ver pá­ginas 5,6 e 7). «É um bom sítio, uma boa re­gião para prestar esta ho­me­nagem», afirmou, des­ta­cando o livro «Le­van­tados do Chão», obra onde se re­trata a luta de um povo «que lutou contra o fas­cismo» e que «cons­truiu a Re­forma Agrária», que mais tarde «a po­lí­tica de di­reita acabou por des­truir». «Esta foi uma das suas con­tri­bui­ções, uma das grandes iden­ti­fi­ca­ções deste vulto que es­teve neste Par­tido até ao úl­timo dia da sua vida», sa­li­entou.

De­pois de uma me­re­cida e sen­tida salva de palmas ao «com­ba­tente e homem de Abri», que se pro­longou por vá­rios mi­nutos, Je­ró­nimo de Sousa cri­ticou o ataque que o PS, o PSD e o CDS-PP estão a fazer às con­quistas e aos di­reitos al­can­çados com o 25 de Abril e acusou Pedro Passos Co­elho, líder do PSD, de, «apro­vei­tando a re­lação de forças», querer «li­quidar a cons­ti­tuição la­boral para eli­minar os di­reitos fun­da­men­tais dos tra­ba­lha­dores, pro­cu­rando impor des­pe­di­mentos sel­va­gens e au­mentar a pre­ca­ri­e­dade», no­me­a­da­mente da ju­ven­tude. «Não es­tamos, neste mo­mento, com um nível de de­sem­prego de mais de 760 mil tra­ba­lha­dores? E não existem em Por­tugal um mi­lhão e 200 mil pre­cá­rios? O que é que esta lei da selva vem re­solver?», in­ter­rogou, lem­brando que há 17 anos o então pri­meiro-mi­nistro, Aníbal Ca­vaco Silva, tentou «aplicar um pa­cote la­boral», que foi der­ro­tado pela luta dos tra­ba­lha­dores. «Estas pro­postas, ve­lhas e ba­fi­entas, apre­sen­tadas como novas, também terão a mesma sorte se os tra­ba­lha­dores e o povo qui­serem e lu­tarem para que isso acon­teça», su­bli­nhou o Se­cre­tário-geral do PCP, ma­ni­fes­tando con­fi­ança «nos tra­ba­lha­dores e no povo». «Quando o povo, os tra­ba­lha­dores, os re­for­mados, os in­te­lec­tuais, os pe­quenos e mé­dios co­mer­ci­antes, in­dus­triais e agri­cul­tores, a ju­ven­tude, per­ceber a força da sua força, este Go­verno e esta po­lí­tica não duram nem mais um dia e há-de ser o povo a en­con­trar as so­lu­ções para o de­sen­vol­vi­mento do País», des­tacou.

Por seu lado, João Pau­zinho alertou para a «si­tu­ação pre­o­cu­pante» do dis­trito de Évora, re­sul­tante «das po­lí­ticas de­sen­vol­vidas que têm le­vado à de­ser­ti­fi­cação do ter­ri­tório, ao de­fi­nha­mento do te­cido eco­nó­mico e ao agra­va­mento das con­di­ções de vida das po­pu­la­ções». «In­sis­tindo numa ori­en­tação de agra­va­mento das as­si­me­trias re­gi­o­nais, os agentes lo­cais e na­ci­o­nais da po­lí­tica de di­reita têm vo­tado ao es­que­ci­mento o dis­trito de Évora, afas­tando-o do mapa dos in­ves­ti­mentos pú­blicos, pro­mo­vendo o en­cer­ra­mento e a de­gra­dação desses mesmos ser­viços, re­cu­sando o apoio efec­tivo à di­na­mi­zação da ac­ti­vi­dade eco­nó­mica e aos sec­tores pro­du­tivos e aban­do­nando à sua sorte os seg­mentos mais vul­ne­rá­veis da po­pu­lação», acusou, dando conta de que o dis­trito «tem neste mo­mento uma taxa de de­sem­prego acima dos 11 por cento, mais alta que a média na­ci­onal».

Sinal de es­pe­rança e con­fi­ança

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Foi num am­bi­ente de con­ta­gi­ante con­vicção e en­tu­si­asmo para pros­se­guir a luta que mi­lhares de pes­soas, numa das mai­ores ma­ni­fes­ta­ções do PCP de que há me­mória no dis­trito do Porto, des­fi­laram, no sá­bado, pelas ruas his­tó­ricas da ci­dade, pro­tes­tando contra o roubo nos sa­lá­rios e as in­jus­tiças so­ciais que este Go­verno vai agra­vando cada vez mais com as suas po­lí­ticas de di­reita.

Desde o início do des­file, na Cor­do­aria, até à sua fi­na­li­zação, na Ri­beira, a ma­ni­fes­tação foi en­gros­sando com pes­soas que se as­so­ci­avam a ela, e com o apoio dos po­pu­lares que as­sis­tiam à sua pas­sagem e ade­riam às pa­la­vras de ordem.

Jaime Toga, res­pon­sável da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto e membro da Co­missão Po­lí­tica, usou da pa­lavra co­me­çando por jus­ti­ficar a au­sência de Je­ró­nimo de Sousa, pre­sente na ce­ri­mónia fú­nebre de José Sa­ra­mago, tendo de se­guida mo­bi­li­zado os pre­sentes para a luta «que temos pela frente», dei­xando uma pa­lavra de es­pe­rança e con­fi­ança num outro rumo para a re­gião e para o País.

De se­guida, ma­ni­festou so­li­da­ri­e­dade com a luta dos tra­ba­lha­dores da Pe­trogal, «a quem a ad­mi­nis­tração roubou cinco dias de tra­balho no sa­lário do úl­timo mês», e da Fa­pobol, que «sus­pen­deram os con­tratos por sa­lá­rios em atraso», da Camo, que «lutam pelo seu Acordo de Em­presa», da EMEF, que «lutam contra a des­re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios», da hos­pi­ta­li­zação pri­vada, que «lutam pela apli­cação dos con­tratos co­lec­tivos de tra­balho», e a «muitos ou­tros que lutam e re­sistem contra os su­ces­sivos atro­pelos aos di­reitos la­bo­rais que o PS, PSD e CDS-PP con­sentem e pro­movem».

O di­ri­gente co­mu­nista de­nun­ciou, por outro lado, os «mais de 150 mil de­sem­pre­gados do dis­trito do Porto, a mai­oria sem qual­quer pres­tação so­cial», os «lu­cros es­can­da­losos das em­presas e os ata­ques aos di­reitos de quem tra­balha», a «in­tro­dução de por­ta­gens nas SCUT» e a «pri­va­ti­zação dos ser­viços pú­blicos». Pro­meteu ainda com­bater a «ten­ta­tiva de en­cer­ra­mento de es­colas», a «en­trada dos pri­vados no sector fer­ro­viário, nos Cor­reios, na STCP e no Metro do Porto», o «corte nos in­ves­ti­mentos pú­blicos, que adiem a ex­pansão do Metro, que não cons­truam os hos­pi­tais, os cen­tros de saúde e as in­fra­es­tru­turas há muito pro­me­tidas» e de­fender a «gestão pú­blica do Ae­ro­porto do Porto».

«O povo do Porto deu com esta ma­ni­fes­tação uma vi­go­roso res­posta contra esta ofen­siva», disse o di­ri­gente co­mu­nista, des­ta­cando a pre­sença dos jo­vens e da JCP na­quela acção. «Este é o sinal de que esta luta con­ti­nuará com a força, a ir­re­ve­rência e a com­ba­ti­vi­dade da ju­ven­tude, porque esta é também uma luta em de­fesa dos di­reitos das ge­ra­ções fu­turas. É uma luta pelo di­reito dos jo­vens à edu­cação, ao tra­balho com di­reitos e a um sa­lário digno», va­lo­rizou.

 



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