Morreu Paulo Teixeira Jorge

Des­ta­cado com­ba­tente pela li­ber­tação e cons­trutor da Re­pú­blica de An­gola

Fa­leceu, na pas­sada se­gunda-feira, o se­cre­tário para as Re­la­ções In­ter­na­ci­o­nais no Bu­reau Po­lí­tico do MPLA e de­pu­tado da As­sem­bleia Na­ci­onal, Paulo Tei­xeira Jorge.

Nas­cido em Ben­guela no ano de 1934, Paulo Jorge co­meça a des­tacar-se como mi­li­tante an­ti­co­lo­nial en­quanto es­tu­dante do en­sino su­pe­rior, nos anos 50. Na Casa dos Es­tu­dantes do Im­pério, co­nhece Agos­tinho Neto, Amílcar Ca­bral e Mar­ce­lino dos Santos.

A sua in­tensa ac­ti­vi­dade po­lí­tica an­ti­fas­cista e pela in­de­pen­dência das co­ló­nias por­tu­guesas, bem como a per­se­guição da po­lícia po­lí­tica fas­cista, PIDE, obriga-o a fugir de Por­tugal. Quando Agos­tinho Neto as­sume a li­de­rança do MPLA, Paulo Jorge tra­balha nas re­la­ções di­plo­má­ticas do mo­vi­mento.

Já de­pois do 25 de Abril de 1974, Paulo Jorge é um dos mais im­por­tantes elos de li­gação do mo­vi­mento de li­ber­tação an­go­lano com o MFA, con­tri­buindo para o es­ta­be­le­ci­mento de um cessar-fogo com Por­tugal, e, pos­te­ri­or­mente, para a as­si­na­tura do acordos do Alvor.

Paulo Tei­xeira Jorge foi igual­mente um dos grandes re­sis­tentes às in­ge­rên­cias ex­ternas e aos golpes in­ternos contra a recém nas­cida An­gola in­de­pen­dente. Em 1975, a sua des­treza di­plo­má­tica con­tri­buiu para o iso­la­mento da UNITA, que in­va­dira, com o apoio do neo-fas­cista Exér­cito de Li­ber­tação Por­tu­guês e da ra­cista África do Sul, o Sul do país.

No pri­meiro Go­verno da An­gola, Paulo Jorge foi mi­nistro dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros. Foi também go­ver­nador de Ben­guela e, já na dé­cada de 90, nesse cargo, voltou a re­sistir aos mer­ce­ná­rios de Sa­vimbi man­tendo o con­trolo sobre o im­por­tante porto do Lo­bito e a testa do ca­minho de ferro de Ben­guela.

PCP ex­pressa pesar

 Numa ho­me­nagem re­cente pro­mo­vida pelo Co­mité Pro­vin­cial de Lu­anda do MPLA, o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês teve opor­tu­ni­dade de estar pre­sente. Na oca­sião, o Par­tido lem­brou que «mesmo para quem, co­nhe­cendo o de­ci­sivo papel do co­lec­tivo e das massas po­pu­lares no pro­cesso his­tó­rico, não dê es­pe­cial im­por­tância a hon­ra­rias pes­soais, deve ser gra­ti­fi­cante e hon­roso ver re­co­nhe­cida e va­lo­ri­zada pelos seus ca­ma­radas a sua con­tri­buição para a li­ber­tação do seu povo das gri­lhetas do co­lo­ni­a­lismo, dos hor­rores da guerra, e para a cons­trução de uma pá­tria livre, so­be­rana e pro­gres­sista».

Na ho­me­nagem, o PCP su­bli­nhou ainda os muitos ca­ma­radas e amigos que Paulo Jorge man­tinha no PCP, os quais «não es­quecem a co­ragem e a co­e­rência que marcam a tua vida de com­ba­tente pro­fun­da­mente com­pro­me­tido com o des­tino do seu povo e so­li­dário com a luta li­ber­ta­dora dos povos de África e do mundo».

Re­a­gindo ao fa­le­ci­mento de Paulo Tei­xeira Jorge, o Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do PCP en­viou ao Co­mité Cen­tral do MPLA uma nota na qual ex­pressa os «sen­ti­mentos de pro­fundo pesar e so­li­da­ri­e­dade dos co­mu­nistas por­tu­gueses» ao to­marem «co­nhe­ci­mento do fa­le­ci­mento do ca­ma­rada Paulo Jorge, di­ri­gente his­tó­rico do MPLA que, com des­ta­cado papel na luta de li­ber­tação na­ci­onal e na cons­trução da Re­pú­blica de An­gola, muito con­tri­buiu para o de­sen­vol­vi­mento das re­la­ções de ami­zade e co­o­pe­ração entre o PCP e o MPLA e entre o povo por­tu­guês e o povo an­go­lano».



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